Cleber Machado celebra nova fase no SBT com final da Champions: ‘É impossível apagar o tempo’

Narrador de 61 anos vê final como chance de Vini Jr brigar pela Bola de Ouro, comenta momento ‘multiplataforma’ e demonstra espirituosidade ao falar da relação com a internet

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Foto do author Rodrigo Sampaio
Atualização:

Vivendo novo momento na carreira, Cleber Machado será a voz do confronto entre Borussia Dortmund e Real Madrid, neste sábado, 1º, pela final da Champions League 2023/24. Esta será a primeira decisão do torneio continental que o narrador participa desde a sua chegada ao SBT. Com vasta experiência em coberturas internacionais, o locutor afirma não haver uma preparação especial para a transmissão deste sábado e garante também não ter mudado sua essência após a saída da Globo — apesar de alguns dizerem o contrário, como o próprio admite.

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Um dos jornalistas brasileiros creditados a votar na revista France Football à Bola de Ouro, Cleber Machado acredita que a partida pode ser definitiva para Vini Jr levar o prêmio. Se o craque do Real Madrid fechar a temporada espetacular com mais um troféu de Champions, pode ser o primeiro jogador do Brasil desde Kaká, em 2007, a ser agraciado com o título de melhor do mundo.

“Para quem vota e é da Europa, se ele faz uma baita final ele passa a concorrer muito para ficar entre os três primeiros”, afirma. O narrador evita dar palpite, mas admite que os espanhóis são os favoritos. “O Real é sinônimo de Champions League, mas ano passado o City era favorito contra a Inter, mas se não dá bico e o Ederson pega para caramba... Mas é claro que o Real Madrid tem mais chances de ganhar.”

Essa vai ser a quarta final de Cleber Machado desde a saída da Globo, a segunda no SBT. Em outubro do ano passado, ele narrou o título da LDU sobre o Fortaleza na Copa Sul-Americana. O profissional reconhece o tamanho da partida deste sábado, mas rechaça ser a coroação da nova fase na emissora paulista. Orgulhoso do trabalho construído há quatro décadas, Cleber celebra a longevidade da sua relação com o público.

Cleber Machado será a voz da final da Champions League no SBT. Foto: Lourival Ribeiro/SBT

“O jogo acaba sendo o mais importante pela grandeza, mas tivemos números muito bons com os jogos do Corinthians (na Sul-Americana), por exemplo, ficando 25 minutos na liderança da audiência. Nossa esperança é de que a gente tenha algo no mesmo nível”, diz. “Eu tive uma sorte que, modestamente falando, é ligada ao tempo de trabalho e à maneira como eu faço. Se você pode pegar 100 pessoas, pode ter 50 pessoas que não gostam do meu trabalho, mas tem 50 que gostam. É impossível você apagar o tempo. Por isso eu saí em uma quarta-feira da Globo e no sábado eu já estava narrando.”

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O SBT detém o direito de transmissão da Champions League na TV aberta há três anos. Nas outras duas edições, Téo José, recém-saído da emissora, foi o responsável por narrar a decisão continental. Cleber Machado destaca a boa relação com o colega desde antes de trabalharem juntos no canal de Silvio Santos, e afirma ter ficado sabendo da demissão do companheiro de profissão pela imprensa.

“Eu já conhecia o Téo de outras coberturas e sempre tivemos uma relação amistosa. Mas, é assim, narrador quando tá fazendo um jogo, o outro não está. Então é difícil ficar junto com o cara. Não sei por que ele saiu, mas mandei uma mensagem para ele. Não sabia também que ele ia sair. Mas é assim mesmo. Eu não acho que o Luis (Roberto) sabia que eu ia sair da Globo”, lamenta Cleber. “Mas o mundo gira, são coisas da vida... Não vou eu saber como é sair de uma empresa?”, diz o narrador, aos risos.

Cleber ‘multiplataforma’ e relação com a internet

A chegada de Cleber Machado em Londres para a transmissão da final — a decisão acontece no lendário estádio de Wembley — foi anunciada com a foto de um ônibus vermelho de dois andares, veículo tradicional da capital inglesa, compartilhada pelo narrador em suas redes sociais. Desde a sua última entrevista ao Estadão, o narrador de 61 anos se tornou mais ativo na internet, compartilhando entrevistas e bastidores de seus trabalhos em suas contas oficiais.

“Rede social eu nunca tive e nunca pensei em ter, mas o meu irmão, que é publicitário, ficou falando para eu fazer. Fez um ano que eu abri uma conta no Instagram”, revela. “É legal ver as pessoas interessadas, curiosas no que você está fazendo. É bom ver que a gente continua fazendo um trabalho que mereça espaço.”

Além da movimentação nas redes e o trabalho na TV aberta, que engloba ainda a apresentação do semanal “Arena SBT”, o narrador também dá voz a partidas da Copa do Brasil na plataforma de streaming Amazon Prime — na última semana, narrou dois jogos no mesmo dia — e é garoto-propaganda de uma marca de vitaminas, cuja peça publicitária faz alusão ao bordão “hoje não, hoje sim”, frase dita pelo narrador após Rubens Barrichello ceder a vitória a Michael Schumacher no GP da Áustria, em 2002.

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“A primeira vez que eu ouvi ‘fulano é multiplataforma’ era o Arnaldo Antunes, que escrevia, fazia show, escrevia livro, declamava poesia”, brinca. “Para nós jornalistas, sempre foi mais limitado. Hoje, a gente consegue fazer a mesma coisa em diferentes plataformas. Isso te atualiza, entende? Eu chegar em um restaurante e tanto um cara mais velho quanto garoto de 10 anos pedir para tirar foto é lindo. Se a nova geração não te rejeita, é um baita prêmio.”

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Espirituoso e de carisma ímpar, Cleber Machado afirma estar gostando das eventuais participações em programas do SBT, como “A Praça é Nossa” e “Programa Raul Gil” — ele afirma que não via a hora de ser chamado para participar do quadro do “banquinho”. O narrador afirma também lidar bem com os memes na internet.

Pouco tempo após os finalistas da Champions serem definidos, não demorou muito para que usuários resgatassem a vez em que o narrador se referiu à decisão de 2013 como sendo Borussia x Dortmund, quando na verdade o adversários do time aurinegro era o rival Bayern. Mais recentemente, o locutor chamou atenção pelo semblante confuso durante ao ver um comercial durante uma transmissão no Prime Video, sem ter sido informado de que a tela estava dividida e que ele estava no ar.

“Ao vivo não tem como voltar atrás, né. Eu realmente acho que, para mim, fica muito mais no folclore, na brincadeira. Acredito que as pessoas sabem que eu sei fazer o que eu faço. Ninguém fica 40 anos só fazendo bobagem.”

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