Como Buenos Aires se prepara para receber a final única da Libertadores pela primeira vez

Atlético-MG e Botafogo decidem o torneio no Mâs Monumental, estádio do River, que deve ter público recorde

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Foto do author Ricardo Magatti
Atualização:

BUENOS AIRES - Havia anos que a Conmebol desejava que a final da Libertadores fosse disputada em Buenos Aires. Neste ano, a entidade que comanda o futebol sul-americano conseguiu viabilizar o plano e marcou para a capital argentina a partida que definirá Atlético Mineiro ou Botafogo como campeão continental no próximo sábado, 30. Casa do River Plate, o Mâs Monumental, renovado e ampliado, será o palco da decisão pela primeira vez desde que o torneio é decidido em jogo único e campo neutro.

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Lima (2019), Rio de Janeiro (2020 e 2023), Montevidéu (2021) e Guayaquil (2022) foram escolhidas em anos anteriores para receber a final da competição de futebol mais importante da América do Sul.

A última vez que a final da Libertadores passou por Buenos Aires foi em 2018, mas ainda no formato antigo, com finais ida e volta. A segunda entre Boca e River, no entanto, foi transferida para Madri, na Espanha, por segurança após episódios violentos no entorno do Monumental de Núñez, ainda antes de ele ser renovado.

Buenos Aires recebe a final da Copa Libertadores neste sábado. Foto: Ricardo Magatti/Estadão

Internamente, a Conmebol admitiu erros na escolha das sedes em algumas ocasiões e percebeu que não é vantajoso sediar a decisão em cidades como Guayaguil, com difícil acesso, distantes das principais capital do continente e sem a tradição de ser palco de grandes eventos esportivos.

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Por isso, fez uma escolha segura em 2024 ao escolher Buenos Aires, considerada a melhor cidade para se viver na América Latina em 2024, de acordo com um levantamento da revista The Economist.

A Conmebol tem boa relação com dirigentes antigos e atuais do River e havia prometido há anos que o Monumental seria o palco da decisão da competição mais importante do continente. O estádio do River foi escolhido por causa da “infraestrutura moderna do Monumental pós-reformas”, além da “história esportiva e grande capacidade” do estádio, segundo os argumentos de dirigentes da Conmebol.

Invasão atleticana e botafoguense

A capital argentina, onde vivem cerca de 13,5 milhões de pessoas - considerando a Grande Buenos Aires -, respira futebol e vai além de Boca Juniors e River Plate, os maiores clubes do país. São mais de 30 estádios e 20 times profissionais, entre eles agremiações muito tradicionais e populares, como o Independiente, maior campeão da Libertadores.

“O Botafogo não é muito conhecido aqui, estamos conhecendo agora”, espanta-se Aldair Zea, motorista de aplicativo que torce para o Boca Juniors e diz ter ido dezenas de vezes ao Brasil para jogos de seu time.

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Os torcedores têm chegado aos poucos a Buenos Aires. No famoso bairro da Recoleta, na região central da cidade, concentram-se muitos dos milhares de atleticanos que vão à partida. Existe uma explicação: lá fica a “Casa da Massa”.

Trata-se de um espaço montado dentro de um bar localizado em frente ao Cemitério da Recoleta, onde está enterrada Evita Perón em seu túmulo extravagante. O lugar é decorado com referência ao Atlético e se posiciona como uma “Arena MRV Itinerante”, A programação inclui gastronomia, entretenimento, cultura e encontro com ídolos do passado.

Buenos Aires recebe a final da Copa Libertadores neste sábado. Foto: Ricardo Magatti/Estadão

Os principais pontos turísticos da cidade foram tomados por torcedores dos dois times. Veem se atleticanos e botafoguenses na rua Florida, famoso centro de compras na região central, no Obelisco, no Teatro Colón, em bares nos bairros boêmios de Palermo, e em La Boca, onde está La Bombonera, estádio do Boca Juniors. Em frente ao museu do Boca, as duas torcidas cantaram e se provocaram de forma sadia na tarde de quinta-feira.

Segundo a Rentcars, maior plataforma online de aluguel de carros da América Latina, foi registrado crescimento de 250% nas reservas de carros na semana na decisão em comparação ao mesmo período em 2023. O crescimento expressivo, diz a empresa, se dá tanto pelo aumento de argentinos viajando dentro do próprio país para o evento, quanto pelo aumento de demanda dos torcedores brasileiros, que representam 49% das reservas realizadas.

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“Quando há grandes competições esportivas, observamos um fluxo maior de viajantes interessados nas localidades. Esse mesmo movimento foi observado em outros mercados, puxado por viajantes que querem acompanhar eventos como este”, destaca Edio Uemura Junior, Gerente da Rentcars.

Já levantamento da Booking.com, plataformas de reservas de hospedagem, voos e outros serviços de turismo, mostrou que capital argentina superou grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, tornando-se o destino mais procurado pelos brasileiros para o fim de semana da grande decisão, entre os dias 29 de novembro e 1º de dezembro.

Relógio gigante marca contagem regressiva para a final

Quem passa pela Ponte da Mulher, em Puerto Madero, nobre bairro revitalizado na área portuária da cidade, e pela praça do imponente Teatro Colón se depara com dois relógios gigantes. Eles foram instalados pela Conmebol e marcam a contagem regressiva para o sábado, dia da decisão continental. Nos dois lugares, formam-se filas de botafoguenses - estes em maioria - e atleticanos para posar para fotos.

Como nos outros anos, a Conmebol criou uma área na cidade-sede da decisão para os torcedores, com ingressos gratuitos. A “Fan Zone”, neste ano, fica no Paseo de la Costa, uma região com parques no bairro de Vicente López. A reportagem que, no espaço, os botafoguenses eram maioria. A proporção era de 80% a 20%.

As atrações incluem a exposição do troféu da Libertadores, o Museu da Glória Eterna, onde serão exibidas relíquias da Libertadores, além de um miniestádio, uma área exclusiva para crianças, prêmios, DJs, e gastronomia. Trata-se de um lugar mais para patrocinador expor suas marcas que para o torcedor confraternizar.

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