De tríplice coroa inédita a brigar por uma das vagas às competições europeias na próxima temporada. De 2023 para 2025, o Manchester City passou de favorito na Premier League e Champions League a um coadjuvante no futebol europeu. E tenta, nesta quarta-feira, consertar, em uma partida, os problemas que mudaram o ambiente do clube neste ano.
A derrota na partida de ida, dos playoffs da Champions League, foi mais uma evidência dos problemas que envolvem o clube nesta temporada. Depois de abrir 2 a 1 no marcador, sofreu a virada diante do Real Madrid e decide, no Santiago Bernabéu, sua vida na competição europeia. Além disso, na Premier League, ocupa a quarta posição, a 16 pontos do líder Liverpool.
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“Temos um 1% de chance”, classificou Guardiola, sobre as possibilidades do City avançar diante do multicampeão espanhol e europeu. Esta é a quarta vez consecutiva que os clubes se encontram em uma fase mata-mata; em apenas uma o City conseguiu avançar – justamente em 2022/2023, quando conquistou Campeonato Inglês, Copa da Inglaterra e Champions League.

Ao longo dessa temporada, o espanhol teve momentos de ‘loucura’ à beira do gramado, com o desempenho da equipe – longe do que considera como ideal. Depois de empate com o Feyenoord por 3 a 3 pela Champions League – em que chegou a ter três gols de vantagem –, o técnico se arranhou com as unhas, como forma de punição pelo resultado da equipe. “Eu quero me machucar”, disse o técnico.
Além disso, nos últimos tempos, o City colecionou derrotas contundentes, como goleada de 5 a 1 diante do Arsenal, e só conseguiu garantir a classificação aos playoffs da Champions League na última rodada. Ao mesmo tempo, o catalão renovou seu contrato até 2026 com a equipe, em novembro do último ano.
De ameaça a ameaçado, o que explica essa queda no rendimento do clube nesta temporada? Que registra algumas das piores marcas desde que o espanhol chegou à Inglaterra.
Problemas defensivos e de reposição de elenco
Desde que chegou ao City, Guardiola trabalha com um elenco curto. Do lado positivo, ele sempre tem à disposição jogadores com um bom ritmo de jogo, seja na reserva ou no time titular; do lado negativo, perde força nas peças de reposição em caso de lesões – ou para alterar o esquema da equipe, caso os titulares não estejam tendo os melhores desempenhos.
Em 2024/2025, o setor defensivo é a grande fraqueza do City. Dos times no G-4 da Premier League, os comandados de Guardiola são os piores nesse setor, com 35 gols sofridos até a 25ª rodada; na última temporada, em que foi campeão, sofreu apenas 34. Isso se deve a uma zaga que foi desmanchada ao longo dos últimos anos.
Na temporada tríplice coroa, Guardiola alterava entre diversas formações, mas tendo como uma base uma linha com três zagueiros – e John Stones como primeiro volante. A escolha se devia por dois fatores: ausência de laterais de origem e força dos zagueiros da equipe (Rúben Dias, Nathan Aké e Manuel Akanji). Desde então, se reforçou com Josko Gvardiol, mas passou a adotar formações com laterais.
E as laterais são uma deficiência do City em 2025. Kyle Walker, Sérgio Gomez e João Cancelo deixaram a equipe desde a temporada 2022/2023, e a equipe não trouxe nenhum reforço de origem para a posição. Diversos nomes já foram utilizados na lateral desde então, como Gvardiol, Matheus Nunes, Aké, entre outros. No último duelo com o Real Madrid, apenas Rico Lewis, reserva, era lateral de ofício dentre os relacionados.
Reformulação do elenco
Guardiola e o City não trouxeram nomes para as laterais, mas reforçaram outras áreas do campo ao longo desta temporada. Desde agosto, seis nomes chegaram à equipe: Omar Marmoush, Nico González, Abdukodir Khusanov, Vitor Reis (ex-Palmeiras), Savinho e Ilkay Gundoğan.

À exceção de Savinho, que se colocou como titular nos últimos meses, os demais ainda não encontraram sua forma ideal e variam entre a titularidade e a reserva. “Claro que ele (Savinho) tem muito a melhorar, não é agressivo o suficiente sem a bola, mas no momento ele tem algo especial e brilhante que ajuda muito a equipe. Estou muito feliz por ele.
Lesão do Bola de Ouro
Rodri é o melhor jogador do City desde 2023. Mesmo que Erling Haaland tenha sido o segundo colocado na Bola de Ouro e The Best no seu primeiro ano na Inglaterra, é o volante espanhol um dos principais responsáveis pelo sucesso da equipe. E neste ano, sem seu principal homem em campo por causa de uma lesão, Guardiola e o Manchester City têm sofrido.

Defensivamente, a ausência de Rodri se soma àqueles já apontados; ofensivamente, o jogador foi decisivo em momentos chave das últimas campanhas da equipe. Mesmo que a sua vitória na Bola de Ouro sobre Vini Jr. tenha sido polêmica, o jogador tem um papel fundamental para rodar a bola e imprimir velocidade à equipe.
Tanto que a ausência de Rodri é sentida nos números ofensivos. No último ano, o City teve uma média de 2,53 gols por jogo na Premier League; nesta temporada, esse número caiu para 2,08, após 25 partidas.
Perder sua principal peça não é algo novo para o City. Na última temporada, ficou sem Erling Haaland em um período do ano; em 2018/2019, também perdeu Kevin de Bruyne. Mas em ambas as temporadas, conquistou ao menos o Campeonato Inglês. Em face que, neste ano, Guardiola pode encerrar a Premier League com sua pior colocação em uma liga nacional da carreira – a pior marca se deu em 2016/2017, com um terceiro lugar do Manchester City.