A final da 22ª edição da Copa do Mundo, vencida de forma emocionante pela Argentina na decisão de pênaltis sobre a França, trouxe ainda mais fatos históricos e curiosos para a história das decisões do principal torneio de futebol do mundo. Pela primeira vez na história, um jogador marcou três vezes na decisão do torneio, Kyllian Mbappé, que mesmo assim não conseguiu evitar o título inédito de Lionel Messi, que foi às redes em duas oportunidades e ajudou a seleção argentina a levantar seu terceiro Mundial. O Estadão recorda algumas curiosidades das decisões das Copas.
1- Recordistas em finais
A Argentina entrou em campo contra a França em sua sexta decisão de Copa do Mundo. A equipe sul-americana já decidiu o Mundial em 1930, 1990 e 2014, ficando com o vice-campeonato. Venceu em 1978, quando sediou a competição, e em 1986, no México e tornou a erguer o troféu em 2026, sendo a terceira que mais vezes jogou finais.
Na liderança do ranking aparece a Alemanha, com oito finais de Copas e quatro títulos. Nos Mundiais de 1954, 1974, 1990 e 2014, os alemães levantaram a taça e foram derrotados em 1966, 1982, 1986 e 2002. Na segunda posição, a seleção brasileira aparece com sete decisões. A seleção canarinho venceu as finais de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002, e foi derrotada em 1950 e 1998.
2- Quantas finais já aconteceram?
Se realizamos a 22ª edição da Copa do Mundo, tivemos 22 finais até aqui, certo? Errado. Isso porque na Copa de 1950 no Brasil, a Fifa decidiu mudar o formato do torneio e acrescentar um quadrangular decisivo com as melhores colocadas dos grupos da primeira fase. Com isso, o “Maracanazo”, decisão vencida pelo Uruguai sobre o Brasil em pleno Maracanã, não foi uma final de fato, e, sim a última partida da terceira e última rodada do quadrangular, que também contou com Espanha 1 a 3 Suécia (já eliminadas), no mesmo horário, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo.
3- O primeiro gol em finais de Copa do Mundo
Na primeira edição do Mundial, em 1930, no Uruguai, a seleção da casa chegou à final contra a Argentina. E saiu de um pé uruguaio o primeiro gol da história das finais. Aos 12 minutos do primeiro tempo, Pablo Dorado foi às rede. A partida terminou em 4 a 2 para o Uruguai, que levantou seu primeiro título.
4- Maiores diferenças de gols em uma final
Até a Copa da Rússia de 2018, apenas duas goleadas foram registradas em finais de Mundiais, ambas com a diferença de três gols entre a equipe vencedora e a vice-campeã. Na Copa de 1958, na Suécia, o Brasil não tomou conhecimento da seleção dona da casa e venceu a decisão por 5 a 2. Em 1970, na Copa do México, a seleção brasileira voltou a aplicar esta diferença de gols na final, ao bater a Itália por 4 a 1. Em 1998, na Copa do Mundo da França, sem golear, a seleção dona da casa reverteu a situação e aplicou 3 a 0 no Brasil.
5- Finais decididas fora do tempo regulamentar
Em apenas seis oportunidades, o grande campeão mundial foi conhecido depois do tempo regulamentar de 90 minutos mais acréscimos. Destas vezes, apenas duas foram na disputa de pênaltis. A primeira vez aconteceu em 1994, na Copa dos Estados Unidos, com o Brasil levando a melhor sobre a Itália nas penalidades. O fato voltou a se repetir em 2006, na Alemanha, com triunfo italiano sobre a seleção francesa.
E em quatro oportunidades, o campeão foi conhecido na prorrogação. Em 1966, na Copa da Inglaterra, a seleção anfitriã chegou à decisão contra a Alemanha e precisou do tempo extra para anotar 4 a 2 e levantar sua primeira e única taça. Em 1978, na Copa da Argentina, outra seleção anfitriã precisou da prorrogação para sagrar-se campeã. A equipe comandada por Mario Kempes venceu a Holanda por 3 a 1, após o tempo regulamentar.
Na Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, Espanha e Holanda empataram sem gols no tempo regulamentar e apenas na prorrogação o título ficou com os espanhóis. No Mundial seguinte, no Brasil, a Alemanha derrotou a Argentina com gol de Mario Götze na prorrogação.
No Mundial do Catar, a Copa voltou a ser decidida nos pênaltis após 16 anos. Após uma partida frenética no tempo regulamentar e na prorrogação, que acabou em 3 a 3, o título voltou a ser decidido nos pênaltis com triunfo argentino.
6- Maior público em uma final
A última partida da Copa de 1950 é histórica por diversos motivos. Além de ter sido a primeira que não foi, de fato, uma final, o duelo entre Brasil e Uruguai foi o que teve o maior público presente no estádio. É estimado que 200 mil pessoas foram ao Maracanã ver a decisão, que acabou com triunfo uruguaio. Foi a primeira e única vez até aqui que uma seleção anfitriã, que chegou à final, não conseguiu ser campeã.
7-Final mais comum
A partida que mais vezes aconteceu numa decisão reúne uma seleção europeia e uma sul-americana. Alemanha e Argentina decidiram o título Mundial em três oportunidades, com retrospecto negativo para os argentinos, com duas derrotas. A única vez que a Argentina levou a melhor foi justamente na decisão de 1986, quando Maradona brilhou e comandou a equipe rumo ao título. Depois, em 1990 e 2014, foi derrotada pela Alemanha e amargou o vice-campeonato.
8- Jogadores que marcaram em mais de uma final
Marcar em uma final de Copa do Mundo é para poucos. Em duas é algo muito mais raro e apenas 4 jogadores foram às redes em duas decisões distintas. Vavá marcou nas finais de 1958 e 1962. Pelé foi às redes em 1958 e 1970. Além dos brasileiros, o alemão Paul Breitner marcou nas decisões de 1974 e 1982. O francês Zinedine Zidane fecha a lista tendo marcado nas finais de 1998 — duas vezes— e em 2006. Mbappé, autor de três gols na decisão do Mundial do Catar se juntou ao seleto grupo e ainda tornou-se o único jogador a marcar três gols em uma mesma decisão.
9- Cinco expulsões em finais
Até o Mundial de 2018, apenas 5 atletas foram expulsos na decisão do torneio. A onda de cartões vermelhos começou na final da Copa de 1990, entre Argentina e Alemanha, com vitória alemã. Na ocasião, dois jogadores argentinos receberam cartões vermelhos de forma direta e foram para o vestiário mais cedo. Pedro Monzón e Gustavo Dezotti foram os responsáveis por inaugurar a estatística.
Oito anos mais tarde, na final entre França e Brasil, vencida pelos franceses, Marcel Desailly recebeu dois cartões amarelos na partida e foi expulso.
Em 2006, uma das expulsões mais icônicas da história dos Mundiais aconteceu na decisão entre França e Alemanha. Após abrir o marcador de pênalti na primeira etapa, Zinédine Zidane se descontrolou na prorrogação após uma discussão com o italiano Marco Materazzi e desferiu uma cabeçada no zagueiro, sendo expulso no ato. Esta foi a última partida profissional de Zidane, que de quebra amargurou o vice-campeonato.
A última expulsão contabilizada em finais aconteceu no Mundial de 2010, realizado na África do Sul. O holandês John Heitin recebeu dois cartões amarelos e foi expulso. A Holanda acabou derrotada pela Espanha na prorrogação.
10- Período sem Copa
Justamente por causa da Segunda Guerra Mundial, que devastou o Mundo entre 1939 e 1945. No período, eram previstas 2 edições do Mundial, em 1942 e 1946. Para a edição de 1942, Alemanha, Argentina e Brasil eram as candidatas para sediar o torneio. Porém, com a invasão alemã à Polônia em 1939 e o início da Segunda Guerra Mundial, a ideia foi arquivada e o Mundial cancelado. Com o fim da guerra em 1945, a Fifa voltou a planejar uma Copa do Mundo, que voltou a acontecer em 1950, no Brasil, após 12 anos de paralisação.
11- O troféu fica com a campeã?
A cobiçada taça de 36,8 cm de altura, produzida com 3 kg de ouro 18 quilates, não fica na posse da seleção campeã por muito tempo. O troféu fica com os vencedores apenas durante a cerimônia de premiação e é devolvido à Fifa quando a equipe retorna aos vestiários. Então, a entidade máxima do futebol concede à federação vitoriosa uma réplica, banhada a ouro, chamada de “Troféu dos Campeões”, que apesar de ficar em posse da campeã, é propriedade da Fifa.
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