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Copa América com a seleção é chance de afirmação de Vini Jr. como melhor do mundo

Craque teve temporada mais artilheira da carreira, além de campeão espanhol e da Champions League; especialistas avaliam como o torneio sul-americano pode contar a favor do brasileiro

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Foto do author Leonardo Catto

Vinícius Júnior tem encantado pelo bom futebol no Real Madrid pelo menos desde 2021. A temporada 2023/24, porém, foi extraclasse e consagrou o brasileiro com os títulos da LaLiga, Supercopa da Espanha e Champions League. Foi também o ano em que o jogador mais vezes foi às redes com a camisa do time espanhol: 24 gols em 39 partidas. Tudo isso o credenciou como favorito ao prêmio de melhor jogador do mundo. Vencer a Copa América com a seleção brasileira pode afirmá-lo no topo.

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A disputa, contudo, tem concorrentes fortes, mesmo que os maiores vencedores, Messi e Cristiano Ronaldo, não estejam mais no auge. Companheiro de Vini no Real Madrid, Jude Bellingham é apontado como outro favorito para a premiação. Outros nomes correm por fora, como Phil Foden e Rodri, do Manchester City; Harry Kane, do Bayern de Munique, e o jovem alemão Florian Wirtz, de 21 anos, camisa 10 do Bayer Leverkusen, que perdeu apenas um jogo em toda a temporada e tem se destacado pela seleção alemã na Eurocopa.

Na última edição da Bola de Ouro, Vini Jr. já ficou em sexto. Bellingham, apenas em 18º, mas ele foi avaliado pelo desempenho ainda no Borussia Dortmund, da Alemanha. Ainda assim, o inglês saiu premiado: foi escolhido como melhor jogador do mundo com menos de 21 anos, superando Eduardo Camavinga (França e Real Madrid), Gavi (Espanha e Barcelona), Jamal Musiala (Alemanha e Bayern de Munique) e Pedri (Espanha e Barcelona).

Vini Jr. tem missão de guiar seleção na Copa América e pode sair mais forte para a Bola de Ouro.  Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Vencer a Copa América, ainda mais sem ter o Brasil como favorito, pode desequilibrar para Vini Jr. Na opinião de Silas, ex-jogador e comentarista dos canais ESPN, o atacante teria que assumir um papel de liderança. “Falta coisa (para a seleção ser favorita). Com Vini, Rodrygo e Endrick até estamos jogando bem, mas não temos lideranças. Falta um Dunga, um cara que comande”, analisa ele, que comemora 35 anos do título da Copa América de 1989.

A opinião do ex-jogador é semelhantecom a do jornalista e comentarista dos canais ESPN, Leonardo Bertozzi. “É a primeira grande competição que ele chega como ‘o grande nome da seleção brasileira’. Ele era um jovem em ascensão na Copa de 2022, quando o Brasil tinha o Neymar como a grande estrela. Neste momento, é ele”, aponta.

Um dos motivos que premiou no ano passado Vinicius é algo que, na visão de Silas, pode ser empecilho. “Tem muita coisa contra ele. Essa luta contra o racismo não é bem vista. Tentam puxar para o Bellingham”, diz. Ele cita a seleção do campeonato montada pelo jornal espanhol Marca, que excluiu Vini Jr: “É ridículo, uma pequenez, falta de critério. Tem isso contra”.

Em campo, Silas também aponta que os gols do Brasil são mais distribuídos entre os jogadores. Na comparação com 2022, quando Messi foi o vencedor da Bola de Ouro, o camisa 10 foi responsável por sete dos 15 gols da seleção na Copa do Mundo do Catar. “Não sei se teremos esse número do Vini na Copa América. No Real, o time é ajustado”, aponta o ex-jogador.

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Vini teve a melhor temporada desde que chegou ao Real Madrid. Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Bertozzi não cita diretamente a luta antirracista de Vini, mas aponta que o desempenho de um adversário da Bola de Ouro na Eurocopa pode chamar mais atenção. “Podemos imaginar companheiros de Real Madrid indo longe. Kroos, com Alemanha. Bellingham, com Inglaterra. Jogadores que estariam bem cotados”, pondera. Entretanto, o comentarista faz a ressalva de que o título com a seleção brasileira também será valorizado. “Por mais que a Copa América não tenha tanta repercussão em relação à Euro, é uma competição que tem seleções importantes. Brasil, Argentina, Uruguai, Colômbia. Se ele conseguir conduzir o Brasil a um título, isso reforçaria o favoritismo dele”, observa.

Chance de colocar o Brasil novamente no topo

Desde 2017, quando Neymar ficou em terceiro, um brasileiro não chega com chances reais de conquistar a Bola de Ouro. A temporada analisada pelo prêmio daquele ano foi a de 2016/17, a última do jogador no Barcelona. O mais votado foi Cristiano Ronaldo, vencedor da Champions League com o Real Madrid. Ele teve 946 pontos. Em seguida, vieram Messi, com 670, e o brasileiro, com 361.

Antes disso, Neymar chegou em terceiro também em 2015, após vencer o maior campeonato europeu e terminar como artilheiro. Na sua frente, Cristiano Ronaldo e Messi apenas inverteram as posições, com o argentino sendo o vencedor.

O último brasileiro que de fato venceu foi Kaká, em 2007. Aquele ano marcou a carreira do meia, que virou a maior estrela do Milan e conquistou a Champions League. O desempenho dele pela seleção nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010 também foi um diferencial.

Melhores do mundo a partir de 1991

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Neste ano, além da Bola de Ouro, a Fifa criou o prêmio “Fifa”. A premiação da France Football só passou a ser concedida a jogadores não-europeus a partir de 1995

  • 1991: Lothar Matthäus (Fifa) e Jean-Pierre Papin (Bola de Ouro)
  • 1992: Marco van Basten (Fifa e Bola de Ouro)
  • 1993: Roberto Baggio (Fifa e Bola de Ouro)
  • 1994: Romário (Fifa) e Hristo Stoichkov (Bola de Ouro)
  • 1995: George Weah (Fifa e Bola de Ouro)
  • 1996: Ronaldo (Fifa) e Matthias Sammer (Bola de Ouro)
  • 1997: Ronaldo (Fifa e Bola de Ouro)
  • 1998: Zinédine Zidane (Fifa e Bola de Ouro)
  • 1999: Rivaldo (Fifa e Bola de Ouro)
  • 2000: Zinédine Zidane (Fifa) e Luís Figo (Bola de Ouro)
  • 2001: Luís Figo (Fifa) e Michael Owen (Bola de Ouro)
  • 2002: Ronaldo (Fifa e Bola de Ouro)
  • 2003: Zinédine Zidane (Fifa) e Pavel Nedved (Bola de Ouro)
  • 2004: Ronaldinho Gaúcho (Fifa) e Andriy Schevchenko (Bola de Ouro)
  • 2005: Ronaldinho Gaúcho (Fifa e Bola de Ouro)
  • 2006: Fabio Cannavaro (Fifa e Bola de Ouro)
  • 2007: Kaká (Fifa e Bola de Ouro)
  • 2008: Cristiano Ronaldo (Fifa e Bola de Ouro)
  • 2009: Lionel Messi (Fifa e Bola de Ouro)
  • 2010: Lionel Messi (Bola de Ouro da Fifa)
  • 2011: Lionel Messi (Bola de Ouro da Fifa)
  • 2012: Lionel Messi (Bola de Ouro da Fifa)
  • 2013: Cristiano Ronaldo (Bola de Ouro da Fifa)
  • 2014: Cristiano Ronaldo (Bola de Ouro da Fifa)
  • 2015: Messi (Bola de Ouro da Fifa)
  • 2016: Cristiano Ronaldo (Fifa The Best e Bola de Ouro)
  • 2017: Cristiano Ronaldo (Fifa The Best e Bola de Ouro)
  • 2018: Luka Modric (Fifa The Best e Bola de Ouro)
  • 2019: Lionel Messi Fifa The Best e Bola de Ouro)
  • 2020: Robert Lewandovski (Fifa The Best) *Bola de Ouro não foi realizado devido à pandemia
  • 2021: Robert Lewandovski (Fifa The Best) e Lionel Messi (Bola de Ouro)
  • 2022: Lionel Messi (Fifa The Best) e Benzema (Bola de Ouro)
  • 2023: Lionel Messi (Fifa The Best e Bola de Ouro)

No histórico de brasileiros escolhidos como melhores do mundo, Rivaldo pode ser inspiração para Vini Jr. Em 1999, ele ficou com a Bola de Ouro, após levar a Copa América. “Vencer, conquistar títulos pelo Barcelona também, ser artilheiro e depois ser considerado melhor jogador do mundo foi muito especial”, lembra Rivaldo.

A lista com os 30 finalistas é feita jornalistas da revista France Football e será divulgada em 4 de setembro. Então, jornalistas de 180 países escolherão cinco, elencando-os do primeiro ao quinto. O critério indicado pela revista aos eleitores é o desempenho na temporada. A cerimônia de premiação ocorre em 28 de outubro, no Théâtre du Châtelet, em Paris.

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