O Corinthians anunciou nesta quinta-feira que não irá mais contratar o atacante Juninho, acusado de agredir à namorada. O clube alega que a pressão da torcida fez com que a entidade decidisse cancelar o acordo feito com o Sport, pelo empréstimo do jogador de 20 anos. A ideia inicial dos dirigentes era acertar com o jogador para o time sub-20 e lhe dar uma nova oportunidade de se reerguer na carreira.
Juninho chegou a desembarcar em São Paulo nesta quinta-feira para acertar com o Corinthians o empréstimo que seria válido até dezembro do ano que vem. Antes, chegou a oferecer um contrato de risco para o garoto de 20 anos em que caso ele cometesse algum ato irregular, seu vínculo seria cancelado imediatamente.
Juninho é acusado de, no ano passado, ter agredido a namorada. Na época do fato, a namorada do atleta, que pediu para não ter o nome divulgado, contou que levou tapas e soco no rosto e puxão no cabelo e que o jogador ainda chegou a pegar uma faca e disse que iria matá-la.Após a polêmica, o atleta foi emprestado ao Ceará e fez apenas cinco jogos. Além da agressão, ele também é acusado de atos de indisciplina, como atraso em treinamentos e se reapresentar fora de forma. No Corinthians, o atacante iria atuar no time sub-20 e se fosse bem, seria promovido ao elenco principal.
Veja a nota divulgada pelo Corinthians: e assinada pelo presidente do clube, Andrés Sanchez:
Ao entabular negociações com o atleta Juninho, o Corinthians visava não só atrair um promissor talento futebolístico, mas também encetar um processo de ressocialização dele. Sabedor de antecedentes desabonadores no seu passado, acreditamos que um jovem devidamente orientado teria condições de mudar de banda e, em vez de frequentar o grupo dos que tratam como corriqueira a agressão à mulher, pudesse se tornar um exemplo de evolução moral.
Ou seja, o episódio deveria representar um passo avante naquela que é bandeira sagrada do Timão: lutar contra qualquer forma de discriminação, abominar a violência, aliar-se aos mais fracos. Entretanto, considerando as inúmeras manifestações de torcedoras e torcedores contrários à eventual contratação de Juninho, informamos que ele não fará parte de nosso quadro de funcionários. O momento exige que o congraçamento de mentes em torno da causa feminista se sobreponha a quaisquer outras considerações.
Ademais, estaremos aumentando a importância do enfrentamento pelo Corinthians de um tema sensível como esse em um ambiente sabidamente machista como o futebol. Atuaremos no sentido de difundir por todas as instâncias do Clube essa doutrina para evitar ocorrências como essa e formaremos parcerias com instituições que também cuidem da ressocialização dos agressores homens para que a violência contra a mulher acabe no Brasil.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.