Corinthians e Santos atingem metas de venda da temporada; Palmeiras se aproxima e São Paulo preocupa

Com o fim da janela de transferências, clube do Morumbi é o único dos grandes do Estado distante de atingir orçamento anual com repasse de jogadores; isso pode fazer falta no balanço de 2023

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Foto do author Murillo César Alves
Atualização:

A janela do futebol europeu se fechou nesta sexta-feira, dia 1º, e, com ela, se encerraram as transferências entre a América do Sul e Europa. No Brasil, os negócios entre continentes têm um motivo importante: arrecadar dinheiro para sanar as contas dos clubes, que preveem, em seus planejamentos financeiros anuais, a entrada de receita das vendas de ativos – jogadores – ao longo da temporada. Ao fim desta janela, Corinthians e Santos atingiram suas metas pré-estabelecidas em dezembro e o Palmeiras se aproxima do objetivo estipulado, enquanto o desempenho de transações do São Paulo pode comprometer o orçamento.

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A janela de transferências é o período que as ligas de futebol estabelecem para que os clubes consigam negociar jogadores sob contrato com equipes de outros países. No Brasil, ela fechou em 2 de agosto e, desde então, os times nacionais só podem contratar atletas sem contrato ou que estejam atuando dentro do País. Apesar disso, seguem sob o risco da ameaça da janela estrangeira. Arábia Saudita e Catar, por exemplo, ainda estão comprando.

Entre junho e agosto, o Corinthians foi, entre os paulistas, o que mais vendeu. No balanço financeiro do clube, lançado no meio deste ano, as negociações de jogadores já haviam rendido R$ 70,3 milhões. A meta, estipulada em dezembro do ano passado, considerava que a diretoria conseguiria, por meio de vendas, empréstimos e outros valores, acumular R$ 91 milhões, algo que foi ultrapassado em agosto.

No último mês, o Corinthians negociou três atletas titulares para o futebol estrangeiro. Róger Guedes foi vendido no início de agosto ao Al-Rayyan, do Catar. Dono de 40% dos seus direitos econômicos, o clube recebeu R$ 19,2 milhões pela transação. O mesmo aconteceu com Adson, negociado com o Nantes, da França, e, mais recentemente, Murillo, ao Nottingham Forest, da Inglaterra. Somados, os três renderam R$ 120 milhões aos cofres corintianos – ultrapassando assim a meta estabelecida pela diretoria. As transações não levaram em conta o enfraquecimento do time na temporada, e o Corinthians ainda corre risco de queda no Brasileirão.

Murillo foi contratado pelo Nottingham Forest nesta janela. Foto: Reprodução/ X @NFFC

Além destes, a venda de Carlos Augusto, do Monza para a Inter de Milão, rendeu uma porcentagem ao Corinthians. Dono de 60% dos direitos do jogador, o clube receberá cerca de R$ 30 milhões da negociação.

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O Santos também conseguiu bater sua meta com as negociações de joias da base. Até junho, o clube da Vila Belmiro já havia recebido R$ 25,6 milhões com as negociações de jogadores. Em dezembro, a meta estabelecida para o ano fiscal era de R$ 76 milhões. Ângelo e Deivid Washington, vendidos ao inglês Chelsea nesta janela, fizeram com que o time somasse 30 milhões de euros com suas vendas (cerca de R$ 160 milhões). Ainda há outras metas que, caso atingidas, farão com que o clube some para o orçamento do próximo ano.

Era para Marcos Leonardo ter ajudado o Santos nessa empreitada. O atacante estava com tudo ajeitado para se transferir para a Roma, de José Mourinho, mas o clube italiano e a diretoria santista não chegaram a um acordo e o garoto vai permanecer, pelo menos até o fim do ano, na Vila.

Palmeiras se aproxima da meta

O planejamento financeiro do Palmeiras no primeiro semestre registrou um déficit de R$ 2,7 milhões, mas o clube superou a meta de vendas para o período. Ao todo, foram R$ 105,1 milhões com negociações e empréstimos. Para o ano, o alviverde tem como objetivo alcançar R$ 182 milhões. Ainda não chegou neste valor, mas se aproximou consideravelmente.

Nesta janela, o Palmeiras negociou três jogadores em definitivo: Giovani, para o Al-Saad, do Catar; Gabriel Silva, ao Santa Clara; e Vinícius, para o Portimonense. Bruno Tabata e Rafael Navarro, emprestados ao Qatar SC e Colorado Rapids, respectivamente, também entram na soma de 13,95 milhões de euros na janela (cerca de R$ 75 milhões). Assim, somente com as transferências mais recentes, o clube se aproximou dos R$ 180 milhões com o repasse de atletas.

Leila Pereira garantiu que Gustavo Gómez não sairá do Palmeiras por valor inferior a sua multa rescisória. Foto: Marcelo Chello / Estadão

A R$ 2 milhões da meta, Leila Pereira segura seus principais jogadores para o restante do ano – diferentemente do que fez o Corinthians. Gustavo Gómez recebeu uma proposta de R$ 145 milhões do Al-Ittihad, mesmo time de Benzema na Arábia Saudita, mas ela foi recusada pela presidente. O Palmeiras só negociaria seu capitão caso houvesse o pagamento da multa rescisória, avaliada em US$ 50 milhões (cerca de R$ 240 milhões).

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São Paulo distante do orçamento

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O caso mais “preocupante” é o do São Paulo. No orçamento de 2023, o clube planejava receber R$ 135 milhões em negociações de atletas. Em setembro, o tricolor é, entre os grandes do Estado, o que está mais longe do seu objetivo. Do elenco profissional, nenhum jogador foi negociado nas últimas duas janelas. Rodrigo Nestor, Pablo Maia e Beraldo são peças que poderiam ser vendidas, mas Dorival Júnior passou a utilizá-las com mais frequência, o que fez com que a administração não mexesse no elenco.

Além disso, a diretoria não recebeu nenhuma oferta que fizesse com que o clube abrisse mão de seus talentos. O único jogador negociado na janela foi o atacante Newerton, joia da base, com o Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, um dos 15 brasileiros que agora estão no país europeu. O São Paulo recebeu 3,6 milhões de euros (R$ 19,1 milhões) por ele. Luiz Araújo, revelado pelo clube, também rendeu R$ 1 milhão aos cofres quando foi repassado ao Flamengo enquanto atuava na Major League Soccer (MLS), devido ao mecanismo de solidariedade da Fifa.

Beraldo é um dos destaques do São Paulo na atual temporada. Foto: Paulo Pinto/São Paulo FC

A arrecadação da bilheteria, no entanto, pode compensar a falta de vendas do São Paulo nas últimas janelas. Até setembro, o Morumbi já arrecadou cerca de R$ 70 milhões, recorde em relação à última temporada, quando o estádio superou a marca dos R$ 67 milhões com bilheterias. A ausência de transferências pode ter seu déficit no orçamento ao fim do ano compensado por esse fator. Há ainda as premiações por fases avançadas nas competições, como Sul-Americana, até as quartas de final, e a Copa do Brasil, a qual time ainda tem a premiação da decisão com o Flamengo.

Arrecadações dos clubes paulistas com vendas nesta temporada

  • Corinthians: R$ 220,3 milhões
  • Santos: R$ 185,6 milhões
  • Palmeiras: R$ 180 milhões
  • São Paulo: R$ 20,2 milhões
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