Corinthians lidera em receitas entre grandes de SP, mas vê dívida disparar em 5 anos; veja análise

Levantamento exclusivo da EY mostra que clube não ficava à frente dos rivais em arrecadação desde 2016, faturando especialmente com o ‘matchday’, mas endividamento tributário assusta

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Foto do author Rodrigo Sampaio

Buscando recuperar o protagonismo de outrora sob nova direção, o Corinthians apresentou uma receita de R$ 937 milhões em 2023, último ano da gestão Duílio Monteiro Alves — Augusto Melo, atual presidente, encerrou uma era de 16 anos do grupo de Andres Sánchez no poder. Segundo estudo da EY, publicado com exclusividade pelo Estadão, o valor representa o aumento de 21% em comparação com a temporada anterior. É a primeira vez desde 2016 que o clube do Parque São Jorge aparece com a maior receita entre os quatro grandes de SP. Por outro lado, os corintianos viram a dívida do clube disparar nos últimos cinco anos., dificultando o equilíbrio das contas.

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De acordo com o levantamento, o Corinthians teve uma elevação de 263% em suas receitas no período entre 2014 e 2023. Dos R$ 937 milhões arrecadados no ano passado, R$ 251 milhões referentes à receita alcançada com transferências de jogadores, um aumento de aumento de 71% em relação ao balanço de 2022. A principal venda do clube na temporada passada foi o zagueiro Murillo, negociado junto ao Nottingham Forest, da Inglaterra, por 12 milhões de euros (R$ 64,4 milhões), com possibilidade de extra de 2 milhões de euros (R$ 10,7 milhões) em caso do cumprimento de metas.

Além de Murillo, o clube fez dinheiro vendendo outros pratas da casa, como o atacante Pedro (Zenit-RUS), por R$ 47 milhões, e o meia Adson (Nantes-FRA), atualmente no Vasco, por R$ 27 milhões. No recorte histórico analisado pela EY (2014 - 2023), o Corinthians elevou em incríveis 511% as receitas com a venda de atletas. Nos últimos anos, porém, o clube virou alvo de protestos da torcida por “se livrar” de joias oriundas das categorias de base a preços menores do que eles poderiam valer.

Corinthians tem maior receita entre os clubes de SP, mas viu dívida disparar nos últimos anos.  Foto: Werther Santana/Estadão

Levando em consideração as receitas comerciais, que englobam patrocínios, licenciamento e venda de produtos, o Corinthians apresentou um aumento de 48% entre 2022 e 2023, pulando de R$ 92 milhões para R$ 137 mi. Ao longo dos últimos dez anos, o clube teve uma elevação de 76% nas receitas comerciais, número considerado baixo com parado a Palmeiras (611%) e Santos (164%).

Em contrapartida, o Corinthians desponta quando o assunto é a receita com o matchday. Em 2023, o clube arrecadou R$ 197 milhões com atividades que giram em torno das partidas (venda de ingressos, alimentos, bebidas e produtos do clube no estádio). O valor, o maior entre os gigantes de SP, representa um aumento de 53% em relação ao balanço anterior. Entre 2014 e 2023, período que coincide com a inauguração da arena em Itaquera, cujo naming rights atualmente pertence à farmacêutica Neo Química, o clube teve uma elevação impressionante de 1.114% com matchday.

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“A presença da torcida foi fundamental para o aumento no matchday, que apresentou 53% de crescimento em relação ao exercício anterior”, comenta José Ronaldo Rocha, sócio de consultoria da EY. “Porém, o endividamento segue elevado, com destaque para as dívidas tributárias.”

Disparo das dívidas

O balanço do último ano da gestão de Duílio no Corinthians apontou que o clube tem um endividamento líquido de R$ 886 milhões. Segundo estudo da EY, houve uma queda de 4% em relação à temporada anterior (R$ 927 mi), e uma elevação de 138% no período analisado (2014 - 2023). O aumento da dívida do clube se deu especialmente nos últimos cinco anos.

  • 2019: R$ 784 milhões
  • 2020: R$ 949 milhões
  • 2021: R$ 928 milhões
  • 2022: R4 927 milhões
  • 2023: R$ 886 milhões

Vale ressaltar que os números não levam em consideração a dívida com a Caixa Econômica Federal pelo financiamento da Neo Química Arena. De acordo com o diretor financeiro do Corinthians, Rozallah Santoro, a pendência é de R$ 706 milhões atualmente. Assim, somando com o endividamento líquido, o clube tem um passivo de aproximadamente R$ 1,5 bilhão. Recentemente, o Corinthians ofereceu a quitação da dívida com o repasse do valores dos naming rights e a compra dos créditos em contratos de Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS). O banco considerou a oferta “inviável” e recusou.

A gestão encabeçada por Augusto Melo, que assumiu a presidência em janeiro, contesta o número e contratou uma consultoria da própria EY para verificar os valores — nos bastidores, o assunto é de que dívida total esteja na marca de R$ 2 bilhões. O relatório só deverá ficar pronto na próxima semana, quando deverá ser divulgado oficialmente à imprensa.

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Sem levar em consideração o dinheiro arrecadado com a venda de atletas, o Corinthians possui atualmente uma dívida 1,3 vezes maior do que a arrecadação. Isso, mais uma vez, sem contar com a dívida com a Caixa. Chama a atenção principalmente o endividamento causa por questões tributárias, que cresceram 248% nos últimos dez anos, segundo o levantamento da EY.

Entre 2022 e 2023, houve um aumento de 12% e atualmente representam R$ 602 milhões dos R$ 886 totais (sem a Arena). É justamente as dívidas a curto prazo que impedem o clube de respirar com tranquilidade e aproveitar a altíssima receita. A dívida por empréstimos apresentou queda de 1% em relação ao balanço anterior. Em todo o período analisado, houve uma elevação de 89% e atualmente é de R$ 98 milhões.

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