Depois de enfrentar dias caóticos na gestão do Corinthians na semana passada, o presidente Augusto Melo veio a público nesta segunda-feira, 10, para se defender e apontar os supostos responsáveis pelas dificuldades recentes do clube. Em entrevista coletiva de mais de uma hora e meia de duração, Melo culpou “traidores” pelo fim do vínculo com o patrocinador máster do clube e negou qualquer chance de impeachment.
“Não vou largar o cargo. Eles vão ter que nos engolir. O Corinthians vai ser tocado de verdade a partir de agora, sem política”, disse Melo, que chegou à sala de imprensa acompanhado por toda a sua diretoria e parte dos conselheiros. “Impeachment não existe. Não existe motivo para isso. Não penso nisso. Ninguém vai dar golpe aqui. Fui eleito pelo voto popular dos sócios. Terminamos uma dinastia de 16 anos que ninguém aguentava mais.”
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Melo, que derrubou na última eleição o grupo de Andrés Sanchez após 16 anos no poder, assumiu o comando do clube no início do ano. Desde então, se tornou alvo de seguidas polêmicas, sendo a maior delas a rescisão do contrato com a Vai de Bet, casa de apostas que havia assinado o maior vínculo de patrocínio do futebol brasileiro com o clube.
A empresa finalizou o contrato na sexta-feira de forma abrupta e unilateral após uma série de suspeitas de corrupção no repasse de parte do valor acordado. A suspeita de uma “laranja” na intermediação do acordo virou alvo de investigação por parte do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPCC).
O presidente do Corinthians atribuiu o fim do vínculo a uma “traição” de opositores. “Foram as pessoas que não aceitam que perderam a eleição. Será que são corintianos de verdade? Será que querem o bem do Corinthians? Infelizmente, as pessoas não querem me ver no Corinthians. Estão tentando nos sufocar politicamente para termos esse problemas financeiros porque estamos resgatando o clube.”
Questionado diversas vezes sobre os nomes dos traidores, Melo se esquivou. “A traição vem de onde você menos espera. No final do inquérito vocês vão saber quem são os traidores”, desconversou.
Melo disse ter cometido o erro de contratar diretores por motivos políticos. Mas que já corrigiu o problema. “A gente erra, sou ser humano. Errei de colocar certas pessoas aqui dentro. Por mais que seja meu amigo, se não tem competência, não vai mais ficar aqui. Os que estão aqui hoje estão porque são competentes.”
Diretores
A sexta-feira também contou com duas perdas internas no clube. Fernando Alba, diretor de futebol adjunto, e Rozallah Santoro, diretor financeiro, deixaram o Corinthians na esteira do fim do vínculo do patrocinador master. No mês passado, o clube já havia perdido seu diretor jurídico, Yun Kin Lee.
Nesta segunda, Melo apresentou o novo diretor jurídico, Leonardo Pantaleão, e prometeu anunciar o futuro diretor financeiro “nas próximas horas”. Sobre o marketing, o presidente se esquivou, mas confirmou que o superintendente da área, Sérgio Moura, está com contrato suspenso “por sua própria decisão”. Moura foi acusado de ter envolvimento no caso do “laranja” no contrato do clube com a Vai de Bet. “Ele preferiu se afastar para não manchar sua imagem e para processar aqueles que o culparam sem as devidas provas”, disse o presidente corintiano.
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