Desde que passou a ser comandado por Abel Ferreira, o Palmeiras se acostumou a chegar aos Dérbis como favorito. Com elencos mais qualificados e melhor organizado administrativamente, viu o Corinthians se transformar, de certa forma, em azarão. Hoje, a gestão corintiana continua aquém quando comparada à do rival, mas, depois de muito tempo, o time do Parque São Jorge consegue chegar ao clássico em nível mais próximo ao dos palmeirenses dentro de campo.
O Corinthians só venceu Abel duas vezes. A primeira foi sob o comando de Sylvinho, em 2021, quando Róger Guedes fez dois gols em vitória por 2 a 1 na Neo Química Arena. Depois disso, um novo triunfo só veio no segundo turno do Brasileirão do ano passado: 2 a 0, com gols de Rodrigo Garro e Yuri Alberto, em meio à jornada de reação que levou o time da zona de rebaixamento à área de classificação à pré-Libertadores.

Todo o esforço empreendido pelos corintianos no ano passado perdeu um pouco de valor frente à eliminação para o Barcelona de Guayaquil na fase preliminar do torneio continental, após derrota traumático por 3 a 0 no Equador e vitória por 2 a 0 em Itaquera. Não ter conseguido a vaga na fase de grupos colocou pressão na equipe comandada por Ramón Díaz, mas o panorama para o Dérbi ainda é melhor do que foi na maioria dos embates com o Palmeiras de Abel Ferreira ao longo dos últimos quatro anos.
O Corinthians de 2025 tem jogadores que podem ser colocados na primeira prateleira do futebol nacional. É o caso de Yuri Alberto e Hugo Souza, que chegaram a integrar a pré-lista de convocados do técnico Dorival Júnior para os compromissos de março da seleção brasileiros. A dupla não entrou na convocação definitiva, mas sentiu o gosto do reconhecimento pela boa fase vivida.
Embora criticado no momento por estar fazendo poucos gols, o holandês Memphis Depay é outro trunfo técnico do time alvinegro, ao lado de Rodrigo Garro, eleito melhor meia do Campeonato Brasileiro no ano passado. Com dores no joelho e ainda lidando com as consequências psicológicas do acidente com morte que se envolveu no final de 2024, o argentino continua sendo uma das principais peças do Corinthians.
Da última vez que enfrento o Palmeiras, a equipe do Parque São Jorge conseguiu se segurar com um homem a menos para sair do Allianz Parque com um empate por 1 a 1, durante a fase de grupos do Paulistão. A partida contou com ingredientes que engrandecem um Dérbi, como o pênalti de Estêvão defendido por Hugo.
O Corinthians que se formou a partir do segundo semestre do ano passado ainda oscila, como mostrou na pré-Libertadores, e vai ter a oportunidade de provar que pode exibir mais do que uma arrancada para fugir do rebaixamento - definitivamente, um feito importante frente ao contexto, mas pequeno levando em conta a história do clube.
“Buscamos receitas fora, conseguimos manter o elenco. Não é pouca coisa”, disse o presidente Augusto Melo depois da eliminação. “O Corinthians nunca conseguiu manter um elenco em final de temporada e começo de temporada; a gente conseguiu. A gente sabe da nossa limitação, estamos buscando receita para equacionar, colocar salário em dia.”
Indiscutivelmente, o Palmeiras é mais sólido e tem uma espinha dorsal construída sob o comando de Abel. Leila Pereira driblou até as críticas de que sua atuação no mercado era insatisfatória e concretizou a transferência mais cara da história do Brasil ao trazer o atacante Vitor Roque. Antes, já havia tirado Paulinho, do Atlético-MG. Roque joga neste domingo, enquanto Paulinho ainda se recupera após passar por cirurgia.
O departamento de futebol reforçou o elenco, ainda, com os zagueiros Micael, que veio do Houston Dynamo-EUA e logo se tornou titular, e Bruno Fuchs, ex-Atlético-MG.
De qualquer forma, há mais motivos para esperar equilíbrio na decisão em vez de favoritismo palmeirense. Em busca do quarto título paulista consecutivo - algo alcançado apenas pelo Paulistano entre 1916 e 1919 -, o Palmeiras chegou à final com a melhor campanha do Estadual nas três temporadas anteriores. Desta vez, é o Corinthians que chega como o time que mais somou pontos e, portanto, jogará a partida decisiva na Neo Química Arena.
“Chegaram as duas melhores equipes, mais consistentes, e por mérito eles vão decidir em casa”, reconheceu o técnico Abel Ferreira. “É um dérbi, e é uma final. Já ganhei e já perdi na casa do nosso adversário, fomos sempre respeitados. Desde que estou aqui, em nossa casa já ganhamos de nosso adversário e também já tivemos muita dificuldade, como foi no último jogo e como, seguramente, será no domingo.”
Ao longo da fase de grupos do Paulistão, a equipe alviverde foi criticada por seu desempenho, mesmo que tenha sido derrotada apenas pelo Novorizontino. Como empatou cinco vezes e estava em um grupo muito competitivo, correu o risco de ficar de fora das quartas de final, mas conseguiu a classificação em segundo lugar, com 23 pontos, um acima da terceira colocada Ponte Preta.
Os palmeirenses ainda não estão exibindo o melhor futebol possível, mas têm sido efetivos. Na semifinal do Estadual, contra o São Paulo, o jogo foi equilibrado e acabou decidido por um pênalti polêmico marcado a favor do Palmeiras.
Veja os resultados do Dérbi na “era Abel Ferreira”:
- Brasileirão 2020 - Palmeiras 4 x 0 Corinthians
- Paulistão 2021- Corinthians 2 x 2 Palmeiras
- Paulistão 2021 - Corinthians 0 x 2 Palmeiras (semifinal)
- Brasileirão 2021 - Palmeiras 1 x 1 Corinthians
- Brasileirão 2021 - Corinthians 2 x 1 Palmeiras
- Paulistão 2022 - Palmeiras 2 x 1 Corinthians
- Brasileirão 2022 - Palmeiras 3 x 0 Corinthians
- Brasileirão 2022 - Corinthians 0 x 1 Palmeiras
- Paulistão 2023 - Corinthians 2 x 2 Palmeiras
- Brasileirão 2023 - Palmeiras 2 x 1 Corinthians
- Brasileirão 2023 - Corinthians 0 x 0 Palmeiras
- Paulistão 2024 - Palmeiras 2 x 2 Corinthians
- Brasileirão 2024 - Palmeiras 2 x 0 Corinthians
- Brasileirão 2024 - Corinthians 2 x 0 Palmeiras
- Paulistão 2025 - Palmeiras 1 x 1 Corinthians