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Análise|Corinthians supera descaso da Conmebol com Libertadores Feminina e reafirma hegemonia na modalidade

Equipe paulista levanta a quinta taça; feito se torna ainda mais significativo diante das condições da competição

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Foto do author Leticia Quadros

Não há surpresas no título do Corinthians que levanta o troféu pela quinta vez na Libertadores Feminina. A vitória por 2 a 0 sobre o Santa Fé, na tarde deste sábado, em Assunção, serve para mostrar que estrutura, investimento e organização dão resultado. Uma lição que o Corinthians ensina à própria Conmebol, organizadora da competição.

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Para conquistar o pentacampeonato as atletas tiveram que enfrentar uma maratona, já que a competição dura apenas 17 dias. Um modelo que não existe em qualquer outra competição do futebol brasileiro. Em três semanas, os jogos acontecem a cada três dias e em uma única sede. Neste ano o país escolhido foi o Paraguai.

O Corinthians jogou seis partidas, empatou uma e venceu cinco. Mas as vitórias não foram apenas no resultado final. Um vídeo da atacante Gabi Zanotti viralizou nas redes sociais. Ela mostrava a condição do ônibus disponibilizado pela Conmebol para o transporte das jogadoras. Veículo velho, com equipamentos e cadeiras quebrados.

Gramados esburacados e estádios vazios e fora dos centros completam o “combo” do torneio. Um cenário diferente para uma equipe acostumada a jogar. A goleira do Boca Juniors, Laurina Oliveros, pediu mais carinho com a competição depois que a equipe foi eliminada pelo Corinthians ao perder por 1 a 0 na semifinal. Segundo ela, da forma como está, não há maneira de crescer.

Vic Albuquerque celebra gol e título do Corinthians, soberano na América Foto: Daniel Duarte/AFP

É precisamente pela forma de tratamento oposta a que tem a Conmebol com o futebol feminino que o Corinthians se consolida como uma potência na modalidade. Desde 2016, quando firmou uma parceria com o Audax (que durou até 2017), o Corinthians transformou a forma de lidar com o futebol feminino no que se pode reduzir em duas palavras: investimento e retorno.

Em 2018 o clube teve a primeira diretora mulher, Cris Gambaré, que hoje é coordenadora Técnica de Seleções Femininas da CBF, mas na época assumiu o departamento de futebol feminino do Corinthians. Em 2020 o clube profissionalizou todas as jogadoras.

Nesse meio tempo, o clube levantou as taças da Copa do Brasil (2016), Libertadores (2017 e 2019), Brasileirão (2018) e Paulistão (2019 e 2020). O Corinthians impulsionou o time criando redes sociais separadas entre equipe masculina e feminina e colocando as mulheres para jogar no mesmo estádio que os homens.

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O Corinthians conquista a sua quinta Libertadores em 2024 por tratar o futebol feminino como uma modalidade profissional. Por dar visibilidade ao invés de esconder. O clube avança a cada ano na busca por investimento, aumento de salários e patrocínio com o objetivo de que a modalidade seja autossustentável.

Com o pentacampeonato o Corinthians não ensina apenas o que é um bom futebol, mas dá a receita para transformar a modalidade.

Análise por Leticia Quadros

Participante do 34º Curso de Focas do Estadão

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