CPI da Manipulação de Resultados tem audiência nesta terça; veja quem são os primeiros ouvidos

Comissão, que tem deputado Felipe Carreras como relator, pretende refazer os passos da investigação do Ministério Público de Goiás

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Foto do author Ricardo Magatti
Atualização:

A Comissão Parlamentar de Inquérito da Manipulação de Resultados começa a ouvir nesta terça-feira, 30, os primeiros convocados a falar sobre o esquema de apostas que envolve jogadores, empresários e aliciadores e foi descoberto pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) por meio da Operação Penalidade Máxima.

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Instaurada na Câmara dos deputados na quarta-feira passada, a CPI promove sua primeira audiência pública nesta terça. Serão ouvidos o promotor de Justiça Fernando Cesconetto, o procurador-geral Cyro Terra Peres, ambos responsáveis pela chamada Operação Penalidade Máxima, e o presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, que denunciou casos de manipulação de resultados cometidos dentro de seu próprio clube, dando início à operação do MP.

“A Operação Penalidade Máxima é o novo marco no combate à manipulação de resultados e ao esquema de apostas no futebol brasileiro”, definiu o deputado Danilo Forte (União-CE), autor de dois requerimentos para a realização da audiência pública.

“Espero que sejam apurados não só os jogadores que estão envolvidos nisso, mas a gente sabe que existem milhões de reais em jogo, existe muito dinheiro destes apostadores e nós temos de descobrir quem são essas pessoas que burlam os resultados”, ressaltou Jilmar Tatto (PT-SP).

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Hugo Jorge Bravo, major da PM de Goiás e presidente do Vila Nova, será um dos ouvidos na CPI Foto: Rodrigo Silviano

Os deputados Ricardo Ayres (Republicanos-TO), Márcio Marinho (Republicanos-BA), Fred Costa (Patriota-MG), Albuquerque (Republicanos-RR) e Beto Pereira (PSDB-MS) também apresentaram requerimentos. Felipe Carreras (PSB-PE) é o relator da CPI. Julio Arcoverde (PP-PI) foi eleito para a presidência. A primeira vice-presidência é de André Figueiredo (PDT-CE) e a segunda, de Daniel Agrobom (PL-GO).

A ideia da CPI é refazer caminhos percorridos pelo MP de Goiás em busca de novas frentes de investigação sobre o esquema de apostas revelado pelos promotores de Justiça por meio de duas fases da Operação Penalidade Máxima. Em entrevista ao Estadão, Cesconetto contou que os promotores estão focados em detalhar a lavagem de dinheiro por meio da manipulação de jogos para faturamento com apostas e buscar outros intermediários e financiadores do esquema.

A CPI foi proposta pelo deputado Felipe Carreras (PSB-PE), relator da comissão. Ele protocolou o pedido dias depois de a primeira fase da operação ter sido deflagrada. A comissão também deve avançar sobre o funcionamento das casas de apostas esportivas no Brasil, que se tornaram o principal financiador do futebol brasileiro.

“Vamos ouvir todos os atores, desde quem organiza as competições até as empresas. Têm casas de apostas idôneas, mas também tem as com suspeição em cima delas”, afirmou Carreras ao Estadão em entrevista recente, antes de a CPI ser instaurada na Câmara.

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Cronograma

Segundo o cronograma da CPI, haverá reuniões, audiências, missões oficiais e outras diligências nas próximas três semanas até o dia 13 de junho. De 18 a 31 do mesmo mês, os deputados estarão em recesso. Com 36 integrantes, entre titulares e suplentes, a CPI está prevista para ser concluída em 28 de setembro.

A CPI tem 120 dias para investigar o tema, que podem ser aumentados por mais 60 dias. Segundo a legislação, uma CPI tem poder de investigação próprio de autoridades judiciais. Na prática, ela pode inquirir testemunhas, ouvir suspeitos, prender - somente em caso de flagrante delito -, requisitar informações e documentos, convocar ministros de Estado e quebrar sigilo fiscal, bancário e de dados.

As audiências serão sempre às terças, a partir das 14h30, e, caso necessário, também às quintas, com início da sessão às 9h30.

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