Preso preventivamente desde a última sexta-feira, Daniel Alves foi transferido nesta segunda-feira do presídio Brians 1 para o Brians 2, que fica ao lado, em Barcelona, para garantir a sua segurança e “convivência normal”, segundo a imprensa espanhola. Recluso em um módulo destinado para acusados de agressões sexuais, o lateral-direito divide cela de 6 m² com outro brasileiro, chamado Coutinho.
Segundo informações e fontes ouvidas pelo jornal espanhol El Periódico, o brasileiro terá um papel importante na convivência de Daniel Alves na Espanha. “O papel de companheiro de cela de Alves é muito importante, dada a contundente decisão da juíza e a extensa, documentada e detalhada investigação”, afirmam.
O jornal também destaca a semelhança do nome de seu companheiro de cela um ex-jogador do Barcelona e da seleção brasileira. Phillipe Coutinho, que não chegou a jogar ao lado de Daniel Alves durante sua passagem pela Espanha, mas que compartilhou momentos nas convocações de Tite nos últimos anos. Atualmente se recupera de lesão no Aston Villa, da Inglaterra, e teve veiculado para retornar ao Brasil nesta temporada, para defender o Corinthians.
A companhia de um brasileiro ao seu lado na cela será fundamental para a adaptação de Daniel Alves no presídio. A rotina sem privilégios do jogador no Brians 2 se inicia às 8h e termina somente às 22h (horário local), quando todas as luzes do módulo se apagam. O presídio é considerado uma verdadeira cidade, com gabinete médico, oficinas ocupacionais, refeitório, sala de estar, salão de cabeleireiro, salas educativas, parque infantil, ginásio, campo desportivo e zonas ajardinadas para passeio.
Além disso, ainda não se sabe quanto tempo Daniel Alves deve permanecer em prisão preventiva, enquanto aguarda julgamento. Isso pode levar até quatro, segundo a legislação espanhola. Na decisão da juíza Maria Concepción Canton Martín, foi colocado, como motivo para o jogador ser detido, o risco de uma fuga, uma vez que o atleta não mora mais na Espanha e possui recursos financeiros para deixar o país a qualquer momento.
O caso Daniel Alves
A juíza Maria Concepción Canton Martín decretou a prisão de Daniel Alves na última sexta-feira. Ele foi detido ao dar depoimento sobre o caso de agressão sexual contra uma mulher na madrugada do dia 30 de dezembro. O Ministério Público pediu a prisão preventiva do atleta de 39 anos, sem direito à fiança, e a titular do Juizado de Instrução 15 de Barcelona acatou o pedido, ordenando a detenção.
A acusação se refere a um episódio que teria ocorrido na casa noturna Sutton, em Barcelona. O atleta, que defendeu a seleção brasileira na Copa do Mundo do Catar, teria colocado a mão entre as roupas íntimas da mulher que fez a queixa. Ela procurou as amigas e os seguranças da balada depois do ocorrido. Ele teria trancado, agredido e estuprado a mulher em um banheiro da sala VIP da boate, segundo o jornal El Periódico.
A equipe de segurança da casa noturna acionou a polícia catalã, que colheu depoimento da vítima. Ela também passou por exame médico em um hospital. Daniel Alves foi embora do local antes da chegada dos policiais.
Segundo a imprensa espanhola, a contradição no depoimento do lateral-direito foi determinante para o Ministério Público do país pedir a prisão e a juíza aceitar. No início de janeiro, o jogador deu entrevista ao programa “Y Ahora Sonsoles”, da Antena 3, em que confirmou que esteve na mesma boate que a mulher que o acusa, mas negou ter tocado na denunciante sem a anuência dela e disse que nem a conhecia.
No depoimento, porém, de acordo com os meios de comunicação da Espanha, o atleta afirmou ter tido relações consensuais com a mulher, cujo nome não foi revelado. O suposto crime sexual teria ocorrido num banheiro da área VIP da casa noturna. Segundo a rádio Cadena SER, imagens da vigilância interna do local confirmam que Daniel Alves ficou 15 minutos com a mulher no banheiro.
De acordo com o jornal El País, a mulher não quer ser indenizada e abriu mão de ser ressarcida financeiramente pelas lesões e também pelos danos morais por entender que o objetivo principal é fazer com que o atleta seja punido pelo ocorrido.
O Pumas, do México, anunciou na última sexta que o contrato de trabalho de Daniel Alves com o clube será rompido por justa causa.
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