Tite nunca foi afeito a surpresas, a mudanças bruscas. Portanto, não seria agora, quando vai para a sua segunda Copa do Mundo e com pressão maior para vencer do que em 2018, que inovaria. Chamou os jogadores em quem mais confiou nesse ciclo de 50 jogos nos últimos quatro anos. Mas cometeu uma ousadia, que tomara dê certo, mas cujo risco é alto.
Refiro-me a Daniel Alves, melhor lateral-direito que o futebol brasileiro teve de 2007 até se machucar, perto da Copa da Rússia, mas que depois jamais foi o mesmo. A idade chegou, pesou. A velocidade foi reduzida, o reflexo também, comprometendo a técnica. Permanecem a excelente visão de jogo e o espirito de liderança. Capacidades que não foram suficientes nem para que renovasse com o Barcelona nem que jogasse no Pumas, do tecnicamente pobre futebol mexicano.
A convocação de Dani Alves parece mais uma homenagem do que uma convicção da utilidade que ele efetivamente poderia ter. Dá a impressão de que Tite optou por levar 25 jogadores, em vez de 26. Apesar da escassez de laterais-direitos no Brasil – e até no mundo.
Alex Telles na lateral-esquerda não espanta, posto que Guilherme Arana não tem condições e Renan Lodi, além de não estar bem, se queimou no episódio da vacina contra a covid que não tomou. Bremer talvez espante por ter tido apenas uma convocação. Mas de fato é bom zagueiro.
Escorregão de Dani Alves à parte, Tite convocou um bom grupo, com muitos jogadores capazes de levar a seleção bem longe, quiçá ao título. Mas faltou um Scarpa, um Gabigol até um Ganso – numa situação extrema, certamente ele seria mais útil do que o queridinho do treinador. Tomara que dê certo.
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