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De Djalma Santos a Cafu: o desempenho de veteranos em Mundiais pela seleção brasileira

Aos 39 anos, Daniel Alves é o jogador mais velho a ser convocado por Tite para uma Copa do Catar; relembre a participação de outros atletas experientes que representaram o País no torneio

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Por Caio Possati
Atualização:

Convocado aos 39 anos de idade, Daniel Alves é o jogador mais velho a ser convocado pela seleção brasileira para a disputa de uma Copa do Mundo. Sem jogar há dois meses e se encaminhando para o fim da carreira, o lateral-direito teve a sua terceira convocação para Mundiais bastante contestada pela torcida brasileira nas redes sociais. Mesmo a contragosto de muitos, o nome do veterano está na lista final de Tite, que explicou a escolha como um prêmio “à qualidade técnica individual, ao aspecto físico e ao aspecto mental” que enxerga no lateral-direito.

A lista de jogadores veteranos e que representaram o Brasil em Mundiais não é pequena. A começar pelo próprio Thiago Silva, companheiro de linha de zaga de Daniel Alves, que também vai para o Catar. Entre participações discretas e outras mais marcantes, teve até jogador que, já mais velho, considerou um erro a própria convocação. Relembre outros atletas que foram chamados e selecionados para disputar a Copa do Mundo pelo Brasil mesmo em idade avançada.

Thiago Silva (38 anos)

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Indo para a quarta Copa do Mundo (esteve nas de 2010, 2014 e 2018), Thiago Silva, coincidentemente, vai quebrar no Catar, junto com Daniel Alves, o recorde de jogador mais velho a vestir a amarelinha em mundiais. Com a convocação desta segunda, os dois superaram Djalma Santos, que atuou pelo Brasil na Copa de 1966, na Inglaterra, quando estava com 37 anos.

O jogo firme e consistente, aliado ao desempenho regular que apresenta nas competições inglesas e internacionais atuando pelo Chelsea, não levam à torcida a nutrir uma sentimento de desconfiança sobre a capacidade atlética e técnica do zagueiro.

Mesmo em idade avançada, o experiente jogador tem a vaga garantida na linha de zaga titular ao lado de Marquinhos e é um dos mais cotado para ser o capitão da equipe. No mundial da Rússia, então com 34 anos, Thiago Silva fez uma competição regular ao lado de Miranda. Chegou a marcar um gol contra a Sérvia, na última partida da fase de grupos.

Thiago Silva vai disputar a sua quarta Copa do Mundo da carreira. Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Júlio César (34 anos)

A ida de goleiros mais experientes aos mundiais é mais comum em relação à convocação de jogadores de linha. Aos 34 anos — completaria 35 um mês depois da Copa no Brasil —, Júlio César foi para o seu terceiro mundial na carreira em 2014.

Na época, Julio Cesar atuava pelo Toronto, do Canadá, e estava longe de ser o mesmo goleiro que fez história na Inter de Milão, por onde foi multicampeão na Itália, campeão da Liga dos Campeões e chegou a ser eleito um dos melhores goleiros do mundo. Mesmo assim, o experiente jogador tinha confiança da torcida e de Felipão.

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Neste segundo ciclo pela seleção, Júlio César ajudou o Brasil a conquistar a Copa das Confederações em 2013, mas acabou sendo castigado ao participar do histórico 7 a 1 para Alemanha, no Mineirão, a maior derrota no futebol que o País já sofreu. Por conta da goleada, ele se tornou mais vazado do Brasil na história dos mundiais: 18 gols.

Julio Cesar se tornou o goleiro mais vazado da história do Brasil nas Copas, com 18 gols sofridos, após campanha desastrosa da seleção no Mundial (Nilton Fukuda/Estadão) Foto: Estadão

Cafu (36 anos)

Da mesma posição de Daniel Alves, o também lateral-direito Cafu esteve em quatro mundiais pela seleção brasileira. Chegou em três finais — o único a estar em campo em todas — e sagrou-se campeão duas vezes. Em 2002, no Japão, ergueu a taça como capitão da equipe.

O currículo, a experiência e a maturidade colocaram Cafu na lista do técnico Parreira para o Mundial da Alemanha, em 2006. Mais uma vez, coube a ele, com 36 anos, ser o capitão do time e o dono da lateral-direita. Titular em quase todas as partidas, ele terminou a Copa com duas assistências.

Porém, o fraco desempenho coletivo da seleção, o jogo sem o brilho esperado, e a queda para a França nas quartas de final levantaram a discussão sobre a necessidade de uma renovação em diferentes setores da equipe, tanto dentro quanto fora de campo. As laterais, dominadas há anos por Cafu e Roberto Carlos, eram um deles.

Dunga (34 anos)

Assim como Cafu, Dunga voltou a disputar o Mundial pela seleção brasileira quatro anos depois de erguer a taça de campeão do mundo. Em 1994, o volante era o capitão do Brasil nos Estados Unidos e chegou converter um dos pênaltis na decisão contra a Itália.

Quatro anos depois, perto de completar 35, Dunga foi convocado para a Copa da França, a sua terceira na carreira. O volante vestiu novamente a braçadeira de capitão, participou de todos os sete jogos do torneio, mas não conseguiu levar o Brasil à taça, como em 1994: derrota na final para os anfitriões franceses por 3 a 0.

Bebeto (34 anos)

Bebeto foi outro campeão de 1994 que esteve na Copa da França em 1998. Destaque na conquista do tetra do Brasil, o atacante veterano conquistou a vaga na seleção após boas apresentações pelo Botafogo na época.

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Inicialmente, seria reserva de Ronaldo e Romário. Mas, com o corte do Baixinho, Bebeto assumiu a vaga de titular e fez dupla com o Fenômeno durante o torneio. No Mundial da França. Bebeto marcou três gols, sendo dois na fase de grupos (contra Marrocos e Noruega), e um contra a Dinamarca, nas quartas de final. A decisão contra a França foi o seu último jogo pela seleção brasileira.

Por conta do corte de Romário, Bebeto foi titular da Copa do Mundo de 1998, na França, e fez dupla com Ronaldo. Foto: Fábio M. Salles/ Estadão

Emerson Leão (37 anos)

Emerson Leão é um dos poucos jogadores brasileiros a ter quatro copas do mundo no currículo. Na sua última, disputada no México, em 1986, o então goleiro já estava com 37 anos e assistiu ao Mundial do banco — Carlos foi o titular e Paulo Victor o outro suplente. A convocação em idade avançada, na condição de reserva, não agradou Leão, que criticou o treinador da época, Telê Santana, em entrevista para o Uol em 2014.

“Me convocar com 37 anos para ver a Copa do banco? Chamasse um garoto, como fizeram comigo em 70, quando tinha 19, 20 anos. Acho que ele errou duas vezes comigo”, disse o ex-goleiro em entrevista ao portal Uol, se referindo ao fato de não ter sido convocado por Telê para o Mundial de 82. Na Copa de 1986, Leão não entrou em nenhuma partida.

Djalma Santos (37 anos)

Até esta segunda-feira, o lateral Djalma Santos detinha o título de jogador mais velho a ser convocado para representar a seleção brasileira em um Mundial. Aos 37 anos, ele foi chamado para compor o elenco que defendeu o bicampeonato brasileiro na Inglaterra, em 1966. Mesmo veterano, o lateral chegou a ser titular e jogar os dois primeiros jogos, na vitória contra a Bulgária (2 a 0) e na derrota contra a Hungria (3 a 1). No último e derradeiro jogo contra Portugal, que terminou com vitória dos lusos por 3 a 1 e culminou com a precoce eliminação brasileira, Djalma Santos não foi titular.

Com quatro Copa do Mundo e dois títulos mundiais no currículo, Djalma Santos é considerados um dos mais importantes laterais da história da seleção brasileira.  Foto: Arquivo/ AE

Nilton Santos (37 anos)

Nilton Santos foi outro jogador que, com 37 anos, participou de uma Copa do Mundo. O lateral-esquerdo, que estreou em mundiais em 1950, fez a sua última participação no torneio em 1962, no Chile. Mesmo com a idade mais avançada, o ídolo do Botafogo foi titular e jogou todos os seis jogos que o Brasil fez na competição. No torneio passado, em 1958, na Suécia, Nilton Santos também foi titular em todos as partidas e terminou a Copa com um gol e uma assistência.

Didi (33 anos)

Didi foi outro que também esteve na equipe de 1962, que conquistou o bicampeonato no Chile. Perto de completar 34 anos, o meia foi titular em toda a campanha brasileira. Não chegou a marcar gols ou dar assistências, como fez nos Mundiais passados, em 1954 (Suíça) e em 1958 (Suécia), mas foi fundamental para o sucesso da equipe de Aymoré Moreira.

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