Cercada de expectativas antes do início da Copa do Mundo, a Dinamarca é a segunda seleção europeia eliminada na fase de grupos deste Mundial - a primeira havia sido o País de Gales. Semifinalista na última Eurocopa, deixa a Copa do Mundo após a derrota por 1 a 0 para a Austrália com apenas um ponto somado e um gol marcado em três jogos, além de terminar na lanterna do Grupo D, composto por França, Austrália e Tunísia.
Antes do início do Mundial, a seleção era uma das cotadas a rivalizar com a França, atual campeã mundial e repleta de lesões no elenco, em sua chave. Segundo estudo da Universidade de Oxford, a Dinamarca era favorita para se classificar ao lado dos franceses às oitavas de final, enfrentando a Argentina na sequência. Esta mesma análise colocou a seleção brasileira como campeã mundial.
No primeiro jogo, atuação apática diante da Tunísia - empate em 0 a 0 -, percebeu-se que o desempenho da equipe já não era o mesmo do último ano, quando foi eliminada na prorrogação da semifinal da Eurocopa pela Inglaterra.
Para o Catar, a Dinamarca contava com o retorno de Eriksen, recuperado de um ataque cardíaco no primeiro jogo da Eurocopa 2020, disputada em 2021 por conta da pandemia. Meio-campista do Manchester United, ele joga com um marca-passo em seu coração desde então, pouco conseguiu ajudar a equipe com a criação das jogadas. Em todos os jogos nesta fase de grupos, contra Tunísia, França e Austrália, a Dinamarca teve mais posse de bola (62%, 52% e 69%, respectivamente), mas não conseguiu reverter esse domínio em criação de jogadas de perigo.
O único gol da seleção, marcado por Christensen, saiu em uma jogada parada, fato que reflete a dificuldade da seleção em reverter sua posse de bola em grandes chances. Contra a Tunísia, na estreia da Copa, a seleção teve um gol anulado, mas nada além disso. Ao todo, foram 10 finalizações a gol - uma média de pouco mais de três por jogo.
Nesta quarta-feira, precisava apenas de uma vitória simples contra a Austrália para garantir sua classificação às oitavas de final pelo segundo Mundial consecutivo. A derrota, por sua vez, encerra a participação dinamarquesa com a pior campanha de uma seleção europeia ao lado do País de Gales, com apenas um ponto somado.
Dinamarca nos últimos anos
As expectativas da Dinamarca para o Catar eram fruto do desempenho da equipe nos últimos anos. Nas Eliminatórias, se classificou com facilidade em um grupo composto por Escócia, Israel, Áustria, Ilhas Faroé e Moldávia. Foram nove vitórias em dez jogos e classificação antecipada para o Catar.
A “Dinamáquina”, alcunha da seleção após a Copa do Mundo de 1986, após três vitórias na primeira fase, e a conquista da Eurocopa de 1992, tinha um retrospecto favorável justamente contra a França nos últimos jogos, rival pelo Grupo C. Pela Liga das Nações, venceu os atuais campeões do mundo em duas oportunidades.
Além dos resultados da seleção, o elenco dinamarquês tem jogadores nas principais ligas do mundo. Højbjerg, Schmeichel, Christensen, Kjaer e Eriksen são os principais nomes liderados por Kasper Hjulmand. Com passagens por clubes modestos da Dinamarca, o treinador foi escolhido em 2019 para liderar a equipe no ciclo para a Copa do Mundo.
O primeiro grande desafio, na Eurocopa, trouxe expectativas para a seleção no Catar. Após uma fase de grupos medíocre, com a classificação na última rodada com goleada de 4 a 1 sobre a Rússia, a Dinamarca conquistou uma sequência de duas vitórias, contra País de Gales e República Checa para chegar às semifinais - seu melhor resultado desde 1992. Contra a Inglaterra, no Estádio de Wembley, a derrota na prorrogação dava expectativas para o ano seguinte, na Copa, que não foram respondidas.
Eriksen e Schmeichel, dois dos principais nomes, terão 34 e 40 anos, respectivamente, em 2026, ano da Copa que será disputada nos Estados Unidos, Canadá e México. Assim como seu antecessor, Age Hareide, o futuro de Hjulmand no comando da Dinamarca pode ser abreviado após o insucesso no Catar.
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