Dorival Júnior se emocionou após a conquista inédita da Copa do Brasil pelo São Paulo. O treinador concedeu a entrevista coletiva ao lado da taça e antes mesmo de conseguir responder a primeira pergunta foi surpreendido pela festa dos jogadores na sala de imprensa, com o tradicional banho de água com gelo. O grupo, que cantou o nome do técnico na frente dos jornalistas, foi exaltado pelo comandante tricolor. Ele admitiu que o título foi o mais difícil de sua carreira.
“Foi o campeonato mais difícil da minha carreira. Lembrei de 2015, com o Santos, quando passamos de uma semifinal com o Corinthians e antes na fase anterior com o São Paulo... Para mim foi um campeonato muito importante pela qualificação de todos os adversários que enfrentamos. Além de batermos duas equipes locais, vencemos o campeão da América e da Copa do Brasil anterior. Foi um campeonato construído com muito trabalho e dedicação. O que vivenciamos poucos imaginam”, comentou.
“Ninguém acreditava no elenco do São Paulo e eu sabia que tinha qualidades dentro do grupo. Sempre acreditei muito porque esses garotos tinham muita qualidade, mas naquele instante teriam perdido o caminho que os levassem à condição de campeão.”
O empate por 1 a 1 garantiu o título ao São Paulo, que havia vencido a partida no Maracanã por 1 a 0. Ao fim do jogo, Dorival foi flagrado consolando alguns jogadores do Flamengo, time pelo qual foi dispensado no fim do ano passado depois de vencer a Libertadores e a própria Copa do Brasil. Ele negou que a partida significasse uma “revanche”, mas citou que ficou chateado como ocorreu sua saída do clube do Rio.
“Com relação ao Flamengo, só eu e minha família entenderam a situação. É natural que eu ficasse chateado com o clube, mas nunca levei para o campo pessoal. Sempre soube separar uma situação da outra. Não tinha espírito nenhum de revanche. Joguei contra pessoas que tenho carinho e respeito grande. Mas fico chateado porque, quando ganhamos aquelas competições, disseram que era um arroz com feijão e que todos fariam igual pela capacidade do elenco. Um mês depois, quando não deram resultado no Mundial, (diziam) que precisavam de reforços. Estranhei muito tudo o que aconteceu, tentaram desqualificar o que eu havia feito”, disse.
Dorival abriu mão do Brasileirão para focar na Copa do Brasil. Deu certo. Agora, ele diz que é preciso retomar a competição. O time ocupa a parte inferior da tabela, perto da zona de rebaixamento. “Hoje, comprovo que para atingir um bom futebol é preciso dedicação, comprometimento e dignidade para conquistar resultados. Poucas pessoas têm ideia do que foi preciso para resgatar um grupo magoado, mas que entendeu o recado e passou a acreditar naquilo que foi proposto. Com a ajuda da torcida, conseguimos fazer algo inigualável. Só tenho a agradecer quem acreditou no meu trabalho.”
Dorival também elogiou a presença massiva do torcedor no Morumbi, que recebeu cerca de 63 mil pessoas na partida deste domingo. O treinador afirmou que o título é um divisor de águas para o clube. A renda foi de R$ 24 milhões. “Não é só o título, o importante, mas o resgate do amor do torcedor são-paulino. A torcida foi muito importante na nossa campanha. Encontramos um padrão de jogo que fez a gente eliminar adversários difíceis. Eu tinha convicção de que chegaríamos (às finais). É imensurável a alegria que eu sinto hoje.”
O presidente Julio Casares também apareceu na coletiva e recebeu um agradecimento especial do treinador por ter atendido aos pedidos da comissão técnica para que nenhum jogador fosse negociado. “O São Paulo estava se preparando para que grandes resultados acontecessem. E tudo o que o presidente tem feito é estar no clube participando ativamente do que está acontecendo, entendendo todas as solicitações que nós fazemos. Tivemos várias propostas por jogadores, mas o clube segurou todas elas. Agradeço publicamente o presidente porque acredito que não tem preço o que está acontecendo hoje no clube.”
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