As eleições de 7 de outubro modificaram bastante a formatação da chamada Bancada da Bola, em Brasília. Na Câmara dos Deputados, muitos políticos que historicamente defenderam os interesses da CBF foram derrotados nas urnas. Por outro lado, os oposicionistas também sofreram perdas importantes. Se as escalações mudaram, o jogo da entidade máxima nos bastidores está imprevisível como uma partida de futebol.
Dos deputados ligados à CBF, a grande liderança deve ficar com o reeleito Marcelo Aro (PHS-MG). Diretor de relações institucionais da entidade e irmão do presidente da Federação Mineira, Adriano Aro, Marcelo também é presidente nacional do PHS. Ele ainda conseguiu levar o candidato do partido Carlos Viana ao Senado por Minas Gerais. O suplente de Viana é Castellar Neto, vice eleito da CBF que ocupa mesmo cargo na Federação Mineira.
Outro vice da CBF, Marcus Vicente (PP-ES) recebeu 44 mil votos, mas não conseguiu se reeleger ao sexto mandato. Ex-presidente da Federação Capixaba, ele chegou a presidir a CBF durante a licença de Marco Polo Del Nero no fim de 2015. Seu cargo na entidade está mantido durante o mandato de Rogério Caboclo, com início em abril. Irmão de Fernando Sarney, também vice de Coronel Nunes e Caboclo, Sarney Filho (PV-MA) era deputado federal e não conseguiu entrar no Senado.
Ex-diretor de assuntos internacionais da CBF, Vicente Cândido (PT-SP) nem tentou se reeleger. Ocupa agora o mesmo cargo no Corinthians. Presidente do clube, Andrés Sanchez também não estará no Congresso. Apesar de hoje serem vozes dissonantes da CBF, Cândido e Sanchez faziam parte da base de apoio devido a acordos partidários. Goulart (PSD-SP), presidente do Conselho Deliberativo corintiano, não foi reeleito.
Apoiadores históricos ligados a clubes, como Jovair Arantes (PTB-GO), ex-presidente do Atlético-GO, Rogério Marinho (PSDB-RN), ex-presidente do ABC, Guilherme Campos (PSD-SP), ex-vice da Ponte Preta, e Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), ex-presidente da Portuguesa, também não se reelegeram. Roberto Góes (PDT-AP) – presidente da Federação do Amapá que tem candidatura sub judice – não se manteve na Câmara, assim como o ex-árbitro Evandro Rogério Roman (PSD-PR).
Por outro lado, dois velhos conhecidos estarão por lá mais uma vez: José Rocha (PR-BA), ex-presidente do Vitória, que se reelegeu, e Luciano Bivar (PSL-PE), ex-presidente do Sport, que foi impulsionado pelos votos do presidenciável Jair Bolsonaro em sua legenda. Bivar era um dos líderes da primeira Bancada da Bola, de 1998.
Há também novidades: o ex-nadador Luiz Lima (PSL-RJ) foi um dos mais votados no Rio, também catapultado pela onda Bolsonaro. Novatos na política, Paulo Ganime (Novo-RJ), vice de gestão estratégica do Vasco, e Júnior Bozzella (PSL-SP), conselheiro do Santos, foram eleitos pela primeira vez.
Oposição. Pedras no sapato da CBF, Otávio Leite (PSDB-RJ) e Sílvio Torres (PSDB-SP) não estarão na Câmara na próxima legislatura. Eles foram relatores, respectivamente, da Lei do Profut e da CPI da CBF/Nike. Outra perda é Deley (PTB-RJ), ídolo do Fluminense. Reforço de peso da bancada, o ex-judoca João Derly (Rede-RS) ficou por um fio nas eleições: é o primeiro suplente de sua coligação. Transitando entre apoios e vetos, dependendo da linha que seus partidos seguiam, foram reeleitos Orlando Silva (PCdoB-SP), ex-ministro do Esporte, e o ex-goleiro Danrlei (PSD-RS).
No Senado, seguem na oposição Romário (Podemos-RJ) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autores do relatório alternativo da CPI do Futebol que indiciava Del Nero, Ricardo Teixeira e José Maria Marin. Mas Renan Calheiros (MDB-AL), apontado como o responsável por “atrasar” os trabalhos, estará lá. Só que ele perdeu um par e tanto: Romero Jucá (MDB-RR). O esporte terá dois novos representantes: Leila do Vôlei (PSB-DF) e Jorge Kajuru (PRP-GO).
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