SÃO PAULO - Gilson Kleina, que sempre esteve longe de ser uma unanimidade no Palmeiras, passou a ser muito mais cobrado depois da eliminação da equipe na Libertadores da América. Muitos torcedores e conselheiros gostariam de vê-lo fora do clube, mas os dirigentes não pensam assim. A cada dia, parecem mais encantados com o treinador.A análise da diretoria é que Kleina fez muito mais do que se esperava à frente do limitado time alviverde. Algo que agrada aos comandantes do clube é o fato de o treinador ter implantado a tática “sangue na veia”, expressão muito usada pelo presidente Paulo Nobre para falar sobre a dedicação que os jogadores demonstram em campo.Os atletas também se mostram felizes com Kleina. Dois deles, ouvidos pelo Estado, afirmaram que a lealdade do treinador ao grupo tem feito a diferença e agradado até mesmo a quem não tem jogado com frequência. “Ele consegue mostrar para a gente o motivo de não estarmos jogando. Claro que ficamos chateados, porque queremos ajudar o time em campo, mas sabemos que não há sacanagem. E, sempre que dá, ele tenta dar ritmo para todo mundo”, disse um dos atletas.O rodízio de jogadores, no entanto, é um dos pontos mais criticados por quem é contra a permanência do treinador. A alegação é de que ele já escalou 33 atletas neste ano e não conseguiu definir nem um time, nem um esquema tático. Com todos à disposição, Henrique, Ayrton, Charles e Leandro são os únicos garantidos na equipe. Os demais disputam posição.A favor de Kleina está o fato de ele ter sido obrigado a escalar times diferentes no Paulista e na Libertadores, já que vários jogadores que chegaram ao longo da temporada só podiam jogar o torneio estadual. O estilo reservado de Kleina também conquistou os dirigentes. Embora tivesse muitos motivos para reclamar, ele nunca cobrou a contratação de jogadores de qualidade. Um exemplo: quando Barcos foi negociado e nenhum reforço à altura dele chegou, o técnico disse que entendia as dificuldades e confiava na diretoria.Outra atitude que fez Kleina ganhar respeito no clube foi a recusa de uma oferta para dirigir a seleção da Arábia Saudita, poucos dias antes da eleição presidencial, no dia 21 de janeiro. Segundo ele, o compromisso com o Palmeiras era mais importante do que os dólares que ganharia na Arábia. Tudo pode mudar. O clima de paz e amor entre treinador e diretoria, entretanto, pode mudar se o time começar mal na Série B do Brasileiro. Até a pausa para a Copa das Confederações serão realizadas seis rodadas do torneio. Esses jogos serão fundamentais para Kleina provar de uma vez por todas que merece tamanho apoio.
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