Ao final da Copa do Mundo feminina de 2023, o futebol conhecerá uma campeã mundial inédita. Espanha e Inglaterra se enfrentam neste domingo, dia 20, às 7h (de Brasília), no Accor Stadium, em Sydney, na Austrália, para o jogo mais importante de suas histórias. O confronto coloca em rota de colisão as duas melhores seleções do torneio e o favoritismo é incerto. A expectativa é que a partida atraia cerca de 75 mil torcedores para o estádio.
Para a Inglaterra, é a chance de encerrar com chave de ouro o ciclo mais vitorioso de sua história. Sob o comando da renomada treinadora holandesa Sarina Wiegman, que foi vice-campeã na última edição do Mundial com a Holanda, as “Leoas” ganharam a última Eurocopa e chegaram com pinta de favorita ao torneio. Apesar de algumas baixas por conta de lesões, as inglesas dominaram o Grupo D e se classificaram para as oitavas de final com 100% de aproveitamento.
O destaque até então era a atacante Lauren James, que liderava a artilharia da seleção e era cotada como a melhor jogadora do torneio. No confronto contra a Nigéria, no entanto, a jogadora do Chelsea perdeu a cabeça e pisou nas costas da zagueira Michelle Alozie de forma gratuita após as duas disputarem uma bola. Além de ser expulsa da partida, James levou um gancho de dois jogos e perdeu as quartas e a semifinal. Ela, entretanto, estará disponível para jogar a final. A Inglaterra bateu as africanas nos pênaltis.
Nas quartas de final, as europeias foram superiores a Colômbia e bateram uma das sensações do torneio com autoridade. Já na semifinal, a força da torcida australiana não foi o suficiente para empurrar as Matildas, que viram uma seleção rival confiante controlar o jogo e matar a partida quando necessário. Agora, as inglesas se preparam para enfrentar a Espanha.
Crise na Espanha não afeta desempenho
Se o cenário era de crise na seleção espanhola antes do início do torneio, uma trégua não dita parece ter sido acordada entre jogadoras e comissão técnica para que o sonho do título inédito não seja desperdiçado. Ao longo do último ciclo, o treinador Jorge Vilda viu seu nome ser questionado publicamente por 15 atletas da seleção espanhola, que pediram sua demissão por conta de treinamentos defasados e um “ambiente tóxico”. No documento que veio a público, as jogadoras afirmavam que, caso o pedido delas não fosse aceito, elas se recusariam a continuar atuando pela Espanha.
A federação espanhola, no entanto, ficou do lado de Vilda e manteve o técnico no comando da equipe. “A RFEF não vai permitir que as jogadoras questionem a continuidade do treinador e de sua comissão técnica, pois tomar essa decisão não está dentro de suas responsabilidades”, afirmou em comunicado oficial. Dentre as 15 signatárias do documento, apenas três retonaram ao time para a Copa do Mundo. “Essa confusão foi montada por interesses. Isso é um absurdo a nível mundial. A minha solução diante do que aconteceu é divulgar essa lista e olhar adiante. Tenho de convocar jogadoras que estejam 100% com esta seleção”, afirmou o técnico ao anunciar sua convocação para a competição.
As jogadoras mais importantes do time, como Alexia Putellas, Aitana Bonmatí e Jennifer Hermoso, foram convocadas. Elas não assinaram o documento, mas demonstraram seu apoio ao movimento em suas redes sociais, onde compartilharam os posts das companheiras de equipe. Apesar de compartilharem a insatisfação com a atual comissão técnica, elas aceitaram jogar o Mundial.
Em entrevista ao jornal Marca, Bonmatí colocou panos quentes sobre o motim e sobre sua decisão de jogar o Mundial. “Estou tranquila. Tenho personalidade e gosto de mostrar sempre a minha cara quando as coisas vão bem e quando vão mal. Eu não me afeto pelas pessoas que falam sem conhecer, que não sabem de tudo que passamos, que não sabem como está a situação, que não sabem de nada e que só falam do sofá em casa”, afirmou a meio-campista.
Eleita melhor jogadora da última Liga dos Campeões, Bonmatí é o grande destaque da Espanha. Alexia Putellas, atual melhor jogadora do mundo, vem de uma grave lesão que a tirou de boa parte da temporada e, apesar de já conseguir atuar, não vem entregando um bom futebol no torneio. Aos 26 anos, Aitana assumiu a liderença da seleção e vem ditando o ritmo de uma impressionante Espanha. Similar ao que fez no Barcelona com a ausência de Putellas, a jovem espanhola deve ser o principal nome da competição caso sua equipe se sagre campeã.
Um tropeço na fase de grupos contra o Japão, onde a Espanha sofreu uma goleada de 4 a 0, chegou a assustar a equipe, mas de acordo com as jogadoras, esse foi o lembrete essencial que as alertou que a Copa do Mundo não era brincadeira. Nas oitavas de final, uma goleada contra a Suíça por 5 a 1 as gabaritou como uma das favoritas ao torneio. Nas quartas e na semifinal, dois cenários parecidos: um domínio claro do jogo, mas uma dificuldade em matar a partida. Em ambos os jogos, no entanto, a atacante Salma Paralluelo, de apenas 19 anos, saiu do banco para garantir as vitórias contra a Holanda e Suécia. Agora, a Espanha enfrenta a Inglaterra em busca do título que coroará sua melhor geração na história.
FICHA TÉCNICA - ESPANHA x INGLATERRA
- ESPANHA: Coll; Batlle, Parades, Codina e Carmona; Teresa, Bonmati e Putellas; Caldentey, Hermoso e Redondo. Técnico: Jorge Vilda.
- INGLATERRA: Earps; Carter, Bright e Greenwood; Bronze, Stanway, Walsh e Daly; Toone; Hemp e Russo. Técnica: Sarina Wiegman.
- ÁRBITRA: Tori Penso (EUA).
- HORÁRIO: 7h (de Brasília).
- LOCAL: Accor Stadium, em Sydney, na Austrália.
- ONDE ASSISTIR: Rede Globo, SporTV e CazéTV.
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