A Esportes da Sorte, empresa do ramo de apostas esportivas online, tem ampla atuação no mundo do futebol e patrocina clubes de diferentes divisões do Brasil. Na Série A do Campeonato Brasileiro, Corinthians, Grêmio, Athletico-PR e Bahia recebem investimentos da empresa. Nesta quarta-feira, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a pessoas vinculadas a essa casa de apostas e à Vai de Bet, que já foi patrocinadora do clube do Parque São Jorge. Ambas alegam que colaboram com a Justiça nas investigações.
O time feminino do Palmeiras também é patrocinado pela Esportes da Sorte. Além destes, a marca também apoia Ceará, da Série B, Náutico e ABC, da Série C, e Santa Cruz, da Série D. O patrocínio com o Corinthians foi assinado em julho, com um total de R$ 309 milhões por três anos de contrato. É o maior valor pago entre os oito clubes que a marca apoia. O acordo conta com cláusulas contratuais e não é dividido igualmente pelos três anos. Somando os demais clubes da Série A, a empresa desembolsa cerca de R$ 80 milhões anuais. Destes, somente o Grêmio não expõe a logo como patrocínio máster.
No Corinthians, a Esportes da Sorte se dispôs, inclusive, a bancar uma contratação de impacto. Um dos nomes com o qual o clube negocia é o holandês Memphis Depay. No contrato, cerca de R$ 57,5 milhões estariam à disposição da equipe, a qualquer momento, para bancar a vinda de qualquer jogador midiático.
A Esportes da Sorte chegou a manifestar o desejo de se tornar patrocinadora máster do Palmeiras, mas após selar o acordo com rival alvinegro deixou as negociações. O contrato com a equipe feminina vai até dezembro deste ano. Em julho, o Estadão apurou que ele seria cumprido até o fim, mesmo que a empresa também patrocinasse o Corinthians.
Leia também
Vai de Bet no futebol
Outra empresa que foi alvo da investigação nesta quarta-feira é a Vai de Bet. A marca patrocinava o Corinthians, em acordo de R$ 370 milhões por três anos de contrato, mas rescindiu unilateralmente o contrato após escândalo de pagamentos a uma empresa laranja nas negociações.
Vai de Bet e Esportes da Sorte entraram recentemente com pedido para obter licença para atuar no Brasil e solicitaram a autorização para operar em território nacional junto à Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda (SPA/MF).
O que manifestam os clubes patrocinados
Em contato com a reportagem, o Corinthians comunicou que está acompanhado o caso pela imprensa e não tem nada a comentar no momento. O caso da patrocinadora foi encaminhado para o departamento jurídico do Palmeiras. Procurado, o clube alviverde também afirmou que não vai se manifestar.
Bahia e Grêmio não vão fazer comentários por enquanto e buscam entender o caso, assim como Náutico e Santa Cruz. ABC e Ceará foram procurados, mas não retornaram a reportagem até a sua publicação. Caso se manifestem posteriormente, a matéria será devidamente atualizada.
O Athletico-PR limitou-se a dizer que tomou conhecimento da operação policial e que “buscará a completa apuração dos fatos junto a empresa e as autoridades antes de qualquer posicionamento”.
Nenhum dos oito clubes indicou a possibilidade de rescisão contratual até o momento. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também foi contatada, mas não tem uma posição oficial sobre o caso.
O que dizem as casas de aposta
Esportes da Sorte
A empresa Esportes da Sorte informa que ainda não teve acesso à decisão judicial que autorizou busca e apreensão em sua sede. Contudo, ressalta que, desde março de 2023, tem prestado todos os esclarecimentos necessários nos autos do inquérito policial em curso, através de diversas petições e documentos apresentados pelo escritório Rigueira, Amorim, Caribé e Leitão – Advocacia Criminal.
As atividades de aposta de cotas fixas da empresa cumprem rigorosamente a Lei n.º 13.756/2018 e a Lei 14.790/2023, com excelência jurídico-regulatória, acompanhamento de auditoria independente e sistema de compliance.
A operação policial será impugnada perante o Juízo competente, demonstrando-se que houve interpretação precipitada e equivocada dos fatos apurados, sem qualquer análise ou consideração dos argumentos já apresentados. Tanto é assim que a autoridade policial não apreendeu qualquer objeto, documento ou equipamento na sede da empresa. A Esportes da Sorte, como sempre esteve, permanece à disposição das autoridades.
Vai de Bet
A VaideBet informa que acompanha a operação da Polícia Civil e que se colocará plenamente à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos que forem solicitados quanto à atuação da empresa e de seus sócios. A marca, no entanto, ressalta que recebeu com surpresa o cumprimento do mandado de busca e apreensão realizado nesta quarta-feira, uma vez que desde o ano passado se prontificou em contribuir com as investigações, tendo previamente indicado os endereços e contatos pertinentes.
As atividades da empresa até aqui são pautadas pelo estrito cumprimento da legislação vigente e já estão adequadas à regulação do setor para 2025. Ainda no mês de agosto, o Grupo BPX, empresa detentora da marca VaideBet, deu entrada no requerimento da licença junto ao Governo Federal para obtenção da outorga para atuação regularizada no Brasil a partir do início do próximo ano.
“Nós estamos acompanhando e aguardando a habilitação no processo. Acompanhamos a diligência de hoje e confiamos na reversão dessas medidas cautelares”, afirmou Daniel Sitônio, advogado da VaideBet.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.