Esquema de apostas: quem são os atletas punidos pelo STJD e quais os próximos julgamentos

Enquanto MP de Goiás colhe provas para deflagrar terceira fase da Operação Penalidade Máxima, tribunais esportivos julgam atletas denunciados por manipulação de partidas

PUBLICIDADE

Foto do author Ricardo Magatti
Atualização:

Enquanto o Ministério Público de Goiás (MP-GO) colhe novas informações para deflagrar a terceira fase da Operação Penalidade Máxima e os atletas que já viraram réus ainda não são julgados pela Justiça comum, os tribunais esportivos já estipularam as penas de alguns dos jogadores denunciados por envolvimento no esquema de apostas.

PUBLICIDADE

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) julgou, até o momento, dez atletas, e estabeleceu punições diferentes para eles. Dos que já se apresentaram ao tribunal, apenas Igor Cariús, lateral-esquerdo do Sport, foi absolvido. O gancho mais leve foi aplicado a Eduardo Bauermann, zagueiro do Santos, que pegou 12 jogos de suspensão. Os auditores desqualificaram a denúncia da procuradoria ao considerarem que ele não cumpriu o acordo com os apostadores e devolveu o dinheiro que recebeu para a fraude.

Acompanhado da mulher no tribunal, o zagueiro se emocionou ao ouvir o voto da auditora-relatora, Adriene Silveira Hassen.

Marcus Vinícius Alves Barreira, conhecido como Romário, ex-atleta do Vila Novas, Gabriel Tota, ex-Juventude, Matheus Gomes, ex-Sergipe, foram os que receberam a punição mais pesada. Os três foram banidos do futebol.

Afastado do Santos, Eduardo Bauermann pegou 12 jogos de suspensão Foto: Ivan Storti/Santos FC

Veja os jogadores julgados pelo STJD e as penas aplicadas:

  • Romário: banimento do futebol e multa de R$ 25 mil;
  • Gabriel Domingos: 720 dias de suspensão e multa de R$ 15 mil;
  • Moraes: 760 dias de suspensão e multa de R$ 55 mil;
  • Gabriel Tota: banimento e multa de R$ 30 mil;
  • Paulo Miranda: mil dias de suspensão e multa de R$ 105 mil;
  • Eduardo Bauermann: 12 jogos de suspensão;
  • Igor Cariús: absolvido;
  • Fernando Neto: 380 dias de suspensão e multa de R$ 25 mil;
  • Matheus Gomes: banimento e multa de R$ 10 mil;
  • Kevin Lomónaco: 380 dias de suspensão e multa de R$ 25 mil.

Como também há jogos dos Estaduais deste ano investigados - um do Campeonato Paulista e dois do Gaúcho - os tribunais de cada Estado também têm julgado os atletas que disputaram essas competições. O Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul (TJD-RS) definiu penas a dois jogadores. São eles:

  • Nikolas Farias: 720 dias de suspensão e multa de R$ 80 mil;
  • Jarro Pedroso: 720 dias de suspensão e multa de R$ 80 mil.

Publicidade

Réu confesso, Pedroso teria acertado receber um pagamento de R$ 30 mil - sendo R$ 70 mil prometidos a ele primeiramente - para que cometesse um pênalti contra o Caxias na época em que atuava pelo São Luiz, no Campeonato Gaúcho deste ano. Ele de fato cometeu a penalidade.

Segundo a investigação do MP-GO, Farias recebeu R$80 mil, sendo R$ 5 mil de forma antecipada, para que cometesse um pênalti na partida entre Novo Hamburgo, seu time, e Bento Gonçalves. Ele cumpriu o combinado e fez a falta dentro da área.

Cabe recuso a todas as decisões já proferidas pelos tribunais esportivos, uma vez que elas aconteceram em primeira instância. Alguns dos advogados dos atletas já avisaram que vão contestar as penas aplicadas. A procuradoria do STJD também pode recorrer.

Próximo julgamento

Na próxima terça-feira, às 11h30, a 5ª Comissão Disciplinar do STJD vai julgar outros cinco atletas investigados na primeira fase da Operação Penalidade Máximas. São eles:

PUBLICIDADE

  • Allan Godói (Operário-PR);
  • André Luiz (Ituano);
  • Mateusinho (Cuiabá);
  • Paulo Sérgio (Operário-PR);
  • Ygor Ferreira (Sampaio Corrêa).

Cada jogador foi denunciado em um artigo do CBJD, que prevê gancho de seis a 12 jogos, 720 dias de suspensão e até banimento do futebol, além de multas que pode chegar até R$ 100 mil de forma acumulativa.

Terceira fase da operação

Uma nova fase da Operação Penalidade Máxima não está tão próxima de ser desencadeada, segundo apontaram os responsáveis pela investigação. Fernando Cesconetto, promotor do MP de Goiás, explicou que ainda aguarda um “farto material” proveniente de quebra de sigilo bancário e fiscal de pessoas envolvidas no esquema de apostas.

Publicidade

“Há dados que sequer chegaram ao nosso conhecimento até o momento, como a íntegra dos dados bancários que pedimos. Temos que analisar um farto material que pegamos, principalmente de equipamentos eletrônicos”, disse Cesconetto na CPI da Manipulação de Resultados, instaurada no Congresso.

A CPI, aliás, foi instaurada com o plano de refazer os passos da investigação do MP, mas, na primeira audiência pública, alguns dos mais de 30 deputados que integram a Comissão mostraram despreparo e falta de foco.

Fernando Cesconetto em depoimento na CPI Foto: Myke Sena/Câmara dos Deputados

O espectro de pessoas convocadas ou convidadas é tão amplo que vai desde o presidente do Banco Central, Roberto Campos Netto, até jogadores do Iranduba Futebol Clube, dando a nítida impressão de que os deputados convidaram e convocaram pessoas sem conexão com a máfia de apostas e esqueceram importantes figuras nesse esquema de manipulação de partidas.

Além disso, os deputados mais participativos estão nos seus primeiros anos de legislatura e parecem não compreender bem o ritmo da comissão”, destacou o advogado Pedro Gurek. Ele cita os casos de Yuri do Paredão (PL-CE) e Luciano Vieira (PL-RJ), ambos no primeiro ano de mandato, que apresentaram mais da metade dos requerimentos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.