A Comissão Parlamentar de Inquérito de Manipulação de Resultados quer ouvir na próxima terça-feira, 13, Eduardo Bauermann e Marcus Vinícius Alves Barreira, o Romário. O requerimento de convocação dos dois jogadores, ambos denunciados na Operação Penalidade Máxima, será aprovado pelos parlamentares no encontro desta terça, 6.
Os dois já foram julgados em primeira instância pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Bauermann teve pena leve, de modo que pegou apenas 12 jogos de gancho porque a denúncia foi desqualificada pelos auditores. Já Romário foi banido do futebol. Cabe recurso em ambas as decisões.
Segundo a investigação do Ministério Público de Goiás, Bauermann recebeu R$ 50 mil para levar amarelo contra o Avaí, mas não foi advertido durante o jogo. Nas conversas, o apostador critica o defensor por não ter cumprido com sua parte no acordo. Como não levou o amarelo, ele teria prometido receber o cartão vermelho contra o Botafogo, cinco dias depois. No Rio de Janeiro, o atleta de fato foi expulso, mas só após o apito final, invalidando a aposta. Ele, que continua afastado pelo Santos, foi, então, ameaçado de morte e extorquido pela quadrilha.
Romário foi apontado pelo MP como o pivô do esquema fraudulento. Segundo os promotores, o atleta recebeu dinheiro dos apostadores para cometer um pênalti em duelo com o Sport, pela última rodada da Série B do Campeonato Brasileiro de 2022, mas não foi relacionado para a partida. Por isso, passou a procurar outros atletas para participarem do esquema.
Os dois serão os primeiros jogadores que falarão na CPI. A Comissão, que tem o deputado Felipe Carreras (PSB-PE) como relator e Julio Arcoverde (PP-PI) na presidência, ouviu na semana passada o promotor de Justiça Fernando Cesconetto, o procurador-geral Cyro Terra Peres, ambos responsáveis pela chamada Operação Penalidade Máxima, e o presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, que denunciou casos de manipulação de resultados cometidos dentro de seu próprio clube, dando início à operação do MP.
Depois de muitos requerimentos de convocação ou convite de figuras que não estão associadas à investigação de nenhuma maneira e que não podem contribuir com a CPI, a ideia dos deputados é, agora, reduzir o amplo espectro de convocados e direcionar o foco para personagens importantes investigados pela Operação do MP. Bauermann e Romário são dois dos 15 atletas que viraram réus e aguardam julgamento na Justiça comum.
Ainda que as casas de apostas sejam tratadas como vítimas, os parlamentares acham importante ouvir representantes dessas empresas. Por isso, aprovaram o requerimento de convocação de Ioannis Spanoudakis, Alexandre Fonseca e Júlio Iglesias Hernando, representantes da Betano.
Depois, os parlamentares planejam ouvir Bruno Lopez de Moura, Romário Hugo dos Santos e Thiago Chambó de Andrade, apontados pelo MP como os líderes da quadrilha que manipulou partidas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro, além de Estaduais. Os três, que estão presos, devem ser convocados em breve.
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