Ali Daei, um importante ex-jogador de futebol iraniano que apoiou os protestos antigoverno no país, relatou que sua mulher e sua filha foram impedidas de deixar o Irã na segunda-feira, 26, após o avião em que ele estava fazer uma escala não anunciada a caminho de Dubai.
O ex-atleta, que teve seu passaporte brevemente confiscado após retornar ao seu país no começo do ano, disse que sua esposa e sua filha partiram da capital, Teerã, de forma legal antes do voo fazer uma parada não anunciada nas ilhas Kish, no Golfo Pérsico, onde elas foram questionadas pelas autoridades.
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Ele afirmou que sua filha foi liberada, mas que as portas para o voo já haviam sido fechadas. O plano era que Daei e sua família viajassem para Dubai e retornassem na próxima semana. O site de rastreamento de voos, Flightradar24, mostra que o avião Mahan Air Flight W563 foi desviado para as ilhas Kish antes de viajar para Dubai algumas horas depois. A companhia área e as autoridades iranianas não teceram comentários sobre o ocorrido.
Daei é uma das diversas celebridades iranianas que apoiaram os protestos em resposta a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, em setembro. A jovem curda morreu após ser presa pela polícia da moralidade iraniana em Teerã por, supostamente, violar o rígido código de vestimenta do país.
Os protestos se espalharam rapidamente por todo Irã, escalaram e se transformaram em pedidos pela derrubada da teocracia estabelecida após a revolução de 1979. As manifestações se tornaram um dos maiores desafios enfrentados pelo governo clerical em mais de quatro décadas.
Ao menos 507 protestantes foram mortos e mais de 18,500 pessoas foram presas, de acordo com o grupo “Human Rights Activists in Iran”, que vem monitorando as manifestações. As autoridades iranianas não divulgaram os números de mortos e presos.
Antes de seu passaporte ser confiscado, Daei, antigo capitão da seleção do Irã, pediu nas redes sociais que o governo “solucionasse o problema dos iranianos ao invés de usar repressão, violência e prisões”. Mais tarde, ele afirmou que seu passaporte foi devolvido.
Os protestantes, reunidos sob o slogan “mulheres, vida, liberdade”, afirmam estar fartos após décadas de repressão social e política por parte de um sistema clerical que consideram corrupto e fora de contato com a realidade. Para as autoridades iranianas, as manifestações são atribuídas a adversários estrangeiros como os EUA e Israel.
A Guarda Revolucionária paramilitar do Irã afirmou em um comunicado no domingo que prendeu sete indivíduos na cidade de Kerman, no sudeste do país, que mantinham uma “ligação direta” com a Grã-Bretanha e que que estavam envolvidos nos protestos. O comunicado ainda afirmou que alguns membros da rede tinham dupla nacionalidade, mas não deu mais detalhes.
O Irã prendeu inúmeros iranianos com dupla nacionalidade nos últimos anos e os condenou em julgamentos a portas fechadas por crimes de segurança contra o estado. Grupos defensores de direitos humanos dizem que tais detidos não passaram pelo devido processo legal e acusam o Irã de usá-los como moeda de troca com o Ocidente, algo que as autoridades iranianas negam.