Federação Australiana pede que Fifa rejeite patrocínio saudita à Copa do Mundo Feminina

Entidade se posicionou após a possibilidade da competição ter dinheiro vindo do governo do país

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Por Redação

A Federação Australiana de Futebol se manifestou nesta segunda-feira contra a possibilidade de a Copa do Mundo Feminina, que terá Austrália e Nova Zelândia como sedes, ser patrocinada pelo “Visit Saudi”, programa do governo da Arábia Saudita voltado à promoção do turismo no país. A negociação pelo patrocínio foi revelada por uma reportagem do jornal britânico The Guardian, no final de janeiro, e gerou desconforto no universo do futebol feminino em razão do histórico de violação dos direitos das mulheres dentro do território saudita.

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“A Federação Australiana de Futebol consultou sobre esse assunto as principais partes interessadas, incluindo o governo e parceiros comerciais, e foi um consenso esmagador que essa parceria não se alinha com nossa visão coletiva para o torneio e fica aquém de nossas expectativas”, diz um comunicado emitido por James Johnson, diretor executivo da federação.

Desde o vazamento da informação, a Fifa tem recebido muitas críticas, mas ainda não se posicionou oficialmente. Mesmo assim, as partes envolvidas têm vindo a público para tentar pressionar a entidade a desistir do acordo. Até por isso, o texto divulgado por Johnson também fala em nome da Federação Neozelandesa de Futebol.

Federação Australiana se posicionou sobre a possibilidade da Copa do Mundo de 2023 ser patrocinada pelo "Visit Arabia" Foto: Tolga Bozoglu/EFE

“Embora a parceria não tenha sido confirmada pela Fifa, com base nas consultas que tivemos com nossa comunidade, principais partes interessadas e nossa própria posição, adiantamos que não ficaríamos confortáveis ??com isso. Enquanto esperamos mais esclarecimentos e informações sobre os detalhes da parceria da Fifa, continuamos a transmitir esta mensagem clara em nome das Federações da Austrália e da Nova Zelândia e de nossa comunidade”, diz em outro trecho do comunicado.

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A possibilidade já havia sido criticada também por jogadoras, como a americana Alex Morgan, que classificou o patrocínio como “algo moralmente sem sentido”. A Federação de Futebol dos Estados Unidos chegou a se posicionar, declarando “apoio às atletas” e manifestando “preocupação” com o assunto.

A Arábia Saudita, país que só passou a ter uma seleção feminina de futebol no ano passado, ainda preserva muitas restrições à liberdade das mulheres. Mulheres sauditas não possuem liberdade religiosa, sexual ou mesmo de ir e vir. Recentemente, Mohammad bil Salman, príncipe herdeiro ao trono e primeiro-ministro saudita, promoveu mudanças como tirar a obrigatoriedade das mulheres terem a permissão do marido para transitar livremente em locais públicos.

Nos últimos anos, o governo saudita tem lançado mão de estratégias de “sportswashing”, como é chamado o uso político do esporte para melhorar sua reputação mundial. Os esforços mais notáveis foram a contratação de Cristiano Ronaldo pelo Al-Nassr e a compra do Newcastle, por 300 milhões de libras (cerca de R$ 2,2 bilhões na cotação da época) por um grupo liderado pelo Fundo de Investimento Público (PIF) do país árabe.