Fernando Diniz foi escolhido pela CBF para comandar interinamente a seleção brasileira. O técnico do Fluminense assinou contrato válido por um ano na noite desta quarta-feira, 5, e estará à frente da equipe nacional até Carlo Ancelotti assumir o comando, o que deve acontecer no meio do ano que vem, depois que terminar o contrato do italiano com o Real Madrid. Nos bastidores, a CBF já deu sinais de que tem tudo combinado com o técnico estrangeiro que nunca dirigiu uma seleção.
Diniz foi à sede da CBF, no Rio, para assinar contrato, já vestiu o uniforme e falou suas primeiras palavras como treinador da seleção. Ele disse ser “um sonho para qualquer um, uma honra e um orgulho enorme poder prestar serviço para a seleção”. “É uma convocação, ainda mais do que jeito que aconteceu. Um trabalho em conjunto da CBF com o Fluminense e eu tenho convicção de que a gente tem tudo para levar isso adiante e fazer com que dê certo”, afirmou o comandante, que será apresentado nesta quarta-feira, às 15h.
“Meu objeto de estudo e prazer no futebol é ajudar o jogador a colocar pra fora a inventividade e criatividade para que ele sinta feliz quando jogar futebol. Isso que eu fiz minha carreira inteira, é o que me trouxe aqui e é o que eu vou procurar fazer com esses jogadores. Que eles consigam botar para fora o que eles mais gostam de fazer. É tudo aquilo que tem a ver com o que a gente imagina do futebol brasileiro”, argumentou o novo interino do Brasil.
Ficou acordado que Diniz vai conciliar seu trabalho na seleção com suas funções no Fluminense. Assim, a ideia é que o técnico seja responsável pelas convocações e treine o Brasil durante todos os compromissos até junho do ano que vem, mas não desfalque a equipe carioca em momentos decisivos da temporada, como nos jogos mata-mata da Copa Libertadores ou em momentos mais agudos do Brasileirão. Mas ele ficará à disposição da CBF nas Datas Fifa.
Ednaldo Rodrigues havia prometido que daria uma posição sobre o técnico “tampão” da seleção na sexta-feira passada, mas adiou sua decisão para encaminhar o acordo com Diniz e o Fluminense. Nesta terça, o presidente da CBF chamou de “inovador” o trabalho de Diniz e explicou a escolha.
“A partir do momento do Audax, passou por outros clubes com a mesma filosofia, mesmo método. Gostei muito da renovação que ele fez nas aplicações táticas. A proposta do jogo é quase parecida com o treinador que assumirá na Copa América, o Ancelotti”, justificou Ednaldo, confirmando que será o italiano que comandará a seleção na Copa América do ano que vem, a ser disputada entre junho e julho. Existe a possibilidade de que Ancelotti trabalhem juntos, mas não há, ainda, definição em relação a isso.
A contratação demorou a ser oficializada porque restavam detalhes para ser definidos. E eles não eram de ordem financeira. O Estadão apurou que as partes discutiam, por exemplo, quem serão os auxiliares de Diniz nos dois times. O técnico não quer deixar o Fluminense e a seleção desemparados quando estiver fora de um dos dois trabalhos. Existe a possibilidade de contratar novos nomes para ajudar o treinador, observando atletas dentro e fora do Brasil, assistindo a partidas e fazendo ajustes táticos no elenco.
Dirigentes do Flu participaram de todas as negociações juntos com Diniz e a CBF e receberam com naturalidade o interesse da entidade no profissional, tanto que o presidente do clube, Mario Bittencourt, e o diretor de futebol, Paulo Angioni, estiveram na sede da entidade com o treinador.
Cabe lembrar que Marcos Seixas, preparador físico do Fluminense, já atuou na seleção brasileira recentemente. Ele foi convocado para trabalhar na comissão técnica do Brasil nos amistosos contra Guiné e Senegal.
Diniz vai estrear na seleção na abertura das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026, em setembro. Seu primeiro jogo no comando interino do Brasil será contra a Bolívia, dia 4, ainda em local a definir. Depois, o próximo compromisso será contra o Peru, em Lima, no dia 12. O novo interino estará à frente da seleção em mais quatro jogos das Eliminatórias: Venezuela e Uruguai, em outubro, Argentina e Colômbia, em novembro.
Ramon Menezes, treinador da seleção sub-20, vinha sendo o interino do Brasil nos três únicos compromissos deste ano. Sob seu comando, o time perdeu para Marrocos e Senegal e ganhou de Guiné. Ele era o profissional mais provável de fazer essa transição, mas os maus resultados nos amistosos, somados à eliminação da seleção sub-20 nas quartas do Mundial da categoria, enfraqueceram seu trabalho. Ramon deve, porém, treinar o time olímpico para Paris-2024.
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