A Fifa, por meio de uma representante oficial, interveio na entrevista coletiva da seleção do Marrocos após a capitã Ghizlane Chebbak e o técnico Reynald Pedros serem questionados sobre se havia alguma jogadora homossexual entre as convocadas. Tanto a atleta quanto o treinador ficaram em silêncio e não responderam a pergunta.
“Me desculpe, mas essa é uma pergunta muito política, por isso vamos nos limitar a perguntas relacionadas ao futebol, por favor”, disse a funcionária da Fifa depois do questionamento, que teria sido feito por um repórter britânico.
A cena aconteceu nesta segunda-feira, logo a após a goleada por 6 a 0 sofrida pelos marroquinos diante da Alemanha, pelo Grupo H da Copa do Mundo da Austrália e da Nova Zelândia. Segundo o site The Athletic, foi possível ouvir os jornalistas marroquinos presentes na coletiva reclamando da indagação.
Localizado no continente africano, o Marrocos é um país árabe e de maioria muçulmana, onde a relação entre pessoas do mesmo sexo não é permitida. O repórter perguntou justamente como alguma das jogadoras da seleção marroquina lidava com a situação.
Segundo um levantamento da Reuters, 87 jogadoras convocadas para a Copa do Mundo são da comunidade LGBT+. Na seleção brasileira, nova jogadoras são assumidamente homossexuais: Marta, Tamires, Andressa Alves, Letícia, Lauren, Kathellen, Debinha, Geyse e Adriana.
Outra famosa jogadora LGBT+ é a estrela americana Megan Rapinoe, casada com a campeã olímpica de basquete Sue Bird. A atacante se assumiu gay publicamente em julho de 2012 e tem sido uma ativista de alto nível em questões sociais como direitos LGBTQ+, desigualdade racial e igualdade salarial de gênero. Ela foi voz importante na luta bem-sucedida das seleções femininas dos Estados Unidos por salários e condições iguais às dos homens, o que levou a uma ação judicial e, eventualmente, à assinatura de um novo acordo coletivo em 2021.
A Fifa proíbe as seleções de usarem faixas de capitã com as cores do arco-íris, referência à bandeira LGBT+ e comum entre algumas seleções. A entidade máxima do futebol já havia feito a proibição no ano passado, à seleção masculina da Alemanha, durante a Copa do Mundo do Catar. Os jogadores protestaram posando para a foto oficial da partida com as mãos tapando a boca.
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