O ano ainda não acabou. Vale o aviso aos mais desavisados. O fim das eleições pode colocar um ponto final na vida política quente do Brasil e abrir as cortinas para um outro espetáculo, a Copa do Mundo do Catar. Antes disso, ainda nesta semana, é possível que o torcedor conheça o campeão do último campeonato aberto na temporada, o Brasileirão, que tem o Palmeiras na iminência de confirmar sua 11.ª conquista e se tornar hendecacampeão nacional. Pode ser na quarta-feira.
A semana também precede a escolha dos 26 jogadores da seleção brasileira. Tite vai apresentar seu time ao torcedor. Está marcado para o dia 7. Como sempre ocorre no país pentacampeão, a discussão em torno dos nomes promete ser divertida. Como somos todos ‘treinadores’ e gostamos de debater futebol, vai ter coro para a convocação desse ou daquele. Na minha opinião, bem menos do que em edições passadas. Com a Fifa abrindo a lista para 26 atletas, Tite conseguirá com isso privilegiar os atacantes. A chiadeira pode se dá pela não convocação de Gabigol, do Flamengo, que marcou o gol do título da Libertadores no sábado diante do Athletico, de Felipão. Tenho dúvidas se Tite vai levá-lo para o Catar.
Também me parece que o torcedor estará dividido por causa da política brasileira. Tomara esteja errado e que todos se juntem para abraçar o Brasil. Não sei se isso será possível. As eleições presidenciais deixaram muitas cicatrizes. E a seleção vai sofrer com elas.
Tite leva para o Catar a experiência de uma Copa do Mundo perdida, quatro anos atrás, na Rússia, num jogo em que a seleção foi melhor do que a Bélgica. Descobriu da pior maneira possível que nem sempre o melhor time ganha em Mundiais. Ele era um treinador inexperiente porque o Brasil não tinha disputado a Copa das Confederações. Viajou para a Rússia a fim de acompanhar o torneio como mero espectador. Queria sentir o calor dos jogos antes da Copa 2018.
Desta vez, ele teve mais tempo. Ganhou um ciclo completo de preparação nas Eliminatórias e em jogos amistosos. Se livrou de amarras dentro da CBF, não se deixou envolver nas confusões de banimento do então presidente Rogério Caboclo e, ao que consta, teve uma conversa franca com seu principal atleta, Neymar, limitando suas ações no elenco.
Neymar foi humilhado na Rússia. Ganhou meme no mundo todo com seu ‘cai cai’ e pelas reclamações com a arbitragem. Crianças começaram a rolar nos campos imitando o principal jogador do Brasil. Ele teve de trabalhar sua imagem depois disso, de modo a apagar a má impressão deixada. Agora, nesta temporada, Neymar está mais concentrado, menos metido em confusões e mais bem orientado. Tite não vai permitir nenhum abuso dos seus atletas, como deveria ter sido quatro anos atrás. A Copa vai começar a bombar agora.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.