Globo pode ficar sem jogos do Brasileirão no Premiere em 2025; entenda o cenário

Emissora tem contrato apenas com os times da Libra e corre risco de ter o pay-per-view esvaziado no ano que vem

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Foto do author Ricardo Magatti
Atualização:

Sem acordo com a Liga Forte União (LFU) para transmitir as partidas dos times que pertencem ao bloco, a Globo pode ficar com o Premiere esvaziado em 2025 ou até ter de abrir mão do seu serviço de pay-per-view, que existe desde 1997 e exibe os jogos do Campeonato Brasileiro Séries A e B, Copa do Brasil e alguns Estaduais dos quais a a emissora possui os direitos de transmissão.

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A Globo tem acordo apenas com a Libra para mostrar as partidas dos times do grupo. Caso o cenário não se modifique para 2025, a emissora poderá exibir em TV aberta e fechada apenas confrontos de oito dos 20 times da Série A como mandante, o que reduz drasticamente a oferta de duelos aos torcedores.

Ao Estadão, a Globo confirmou que negocia com a LFU para transmitir também os jogos das equipes que fazem parte do bloco, destacou que o Premiere é “estratégico para a Globo, mas também para todo o ecossistema do futebol” e disse não medir “esforços para desenvolver o futebol como um negócio lucrativo para todas as partes”. (Leia o posicionamento da Globo na íntegra mais abaixo)

Como a Libra dispõe de 152 duelos do Brasileirão, a Globo, sem contrato com a LFU, tem direito a somente quatro jogos exclusivos por rodada do Brasileirão. Uma possibilidade é ter dois na TV aberta, um no SporTV e outro que seria exibido no canal fechado ou no Premiere. Televisionar apenas uma partida de forma exclusiva por rodada, ainda que nela possam estar envolvidos algum dos times mais importantes do País, como Flamengo e Palmeiras, deixaria esvaziado o Premiere.

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Cabe frisar que os detentores de direitos do campeonato podem escolher o jogo que querem transmitir quando o time de seu bloco jogar em casa, como determina a Lei do Mandante, vigente desde 2021, quando foi sancionada pelo então presidente Jair Bolsonaro, alterando a regra antes prevista na Lei Pelé.

Globo tem Palmeiras e Flamengo, mas busca acordo com LFU para não perder Premiere Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Exemplo: Se o duelo é Palmeiras x Corinthians no Allianz Parque, quem tem direito de exibir o jogo é o Grupo Globo, já que o time alviverde faz parte da Libra. Se a partida é na Neo Química Arena, Record e YouTube ou Prime Video podem transmitir, uma vez que a equipe alvinegra integra a LFU.

A Globo acertou em março passado o contrato com a Libra. Com duração de cinco anos, o acordo deve render R$ 5,5 bilhões às equipes. Anualmente, a emissora deve pagar cerca de R$ 1,1 bilhão, tanto pela exibição na TV aberta quanto fechada, no SporTV, para os membros da Libra. Mas isso apenas se nove clubes que compõem o bloco estiverem na Série A - caso contrário, o valor cai para perto de R$ 1 bilhão. O Premiere não está nesse cálculo justamente porque não é possível prever, por ora, quando - e se - as equipes vão receber via pay-per-view. A quantia é tratada como um repasse extra pelas partidas transmitidas no PPV.

A Libra é composta por alguns dos times mais poderosos do País e de maior torcida, mas tem menos equipes em comparação à LFU. Hoje, integram o bloco oito times da Série A: Palmeiras, São Paulo, Flamengo, Red Bull Bragantino, Atlético-MG, Grêmio, Bahia e Vitória, além do Santos, que disputa a Série B e luta para retomar seu posto na elite.

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Premiere é valioso para a Globo

Atualmente, o serviço de pay-per-view do Grupo Globo oferece 361 das 380 partidas do Brasileirão. Só não exibe o campeonato inteiro porque não há acordo com o Athletico Paranaense. Trata-se de um produto valioso para a empresa, com mais de 2 milhões de assinantes atualmente e que deve gerar R$ 700 milhões aos cofres da emissora em 2024, segundo apresentação de resultados da empresa, além de R$ 300 milhões para os clubes.

A Globo já sabe que terá, pela primeira vez desde 1992, que dividir os direitos do principal campeonato de futebol do País. A emissora já havia feito isso com Band e Record em 2006, mas sempre como licenciadora dos direitos. E não quer ficar sem o Premiere, o que seria prejudicial aos seus negócios. O plano anual do serviço custa ao assinante R$ 358,80.

O canal da família Marinho estuda soluções para caso fique sem as partidas dos times que compõem a LFU, que já acertou a venda de dois pacotes para Record e YouTube, que transmitirão o mesmo jogo simultaneamente, e a Amazon, detentora de uma partida exclusiva por rodada a ser mostrada no seu streaming, o Prime Video.

A emissora está no páreo pelos quatro jogos restantes e é uma dos cinco interessados na compra dos pacotes ainda disponíveis negociados pela LFU. Os outros são Warner Bros, Disney+, DAZN e Google. Para os clube da Libra, um acerto da Globo com a LFU poderia gerar receita adicional do Premiere.

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Historicamente, a Globo usa a tradição adquirida nas transmissões do futebol para vender a grade inteira dela e fatura alto com patrocínios. A empresa registrou receita líquida de vendas, publicidade e serviços de R$ 15 bilhões em 2023. Deste montante, mais de R$ 2 bilhões vêm das marcas que pagam para se associar às transmissões do futebol, seja no Brasileirão, Copa do Brasil, Libertadores ou jogos da seleção brasileira.

Neste ano, oito marcas patrocinam o futebol na Globo: Amazon, Ambev, Betnacional, Dorflex, Itaú, Natura, Stellantis e Vivo. Cada cota foi vendida por aproximadamente R$ 260 milhões - isso apenas para Brasileirão e Copa do Brasil, sem considerar Libertadores e jogos da seleção brasileira.

Os integrantes da LFU da Série A são Corinthians, Internacional, Cruzeiro, Fluminense, Vasco, Athletico-PR, Atlético-GO, Botafogo, Fortaleza, Cuiabá, Criciúma e Juventude. Já Sport, América-MG, Goiás, Ceará, Avaí, Chapecoense, Coritiba, CRB, Vila Nova, Londrina, Tombense, Figueirense, CSA, Operário, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Ponte Preta e Botafogo de Ribeirão Preto estão em divisões inferiores.

Leia o posicionamento da Globo

O Premiere é estratégico para a Globo, mas também para todo o ecossistema do futebol. Nunca medimos esforços para desenvolver o futebol como um negócio lucrativo para todas as partes.

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São mais de 25 anos acreditando na força do futebol brasileiro, investindo alto não apenas em direitos de transmissão, mas também em infraestrutura, na promoção das competições, em novos modelos de distribuição, na contratação dos melhores profissionais e em tecnologia para entregar ao torcedor transmissão de alta qualidade.

O Premiere é esse ambiente seguro para o torcedor brasileiro apaixonado por futebol, que encontra na plataforma a maior oferta de jogos do seu clube, na Série A, Copa do Brasil, Série B, além de campeonatos estaduais e regionais. Uma oferta ampla de qualidade a um preço acessível, que ajuda também a combater a pirataria neste ambiente de pulverização de direitos.

Globo e LiveMode continuam em campo negociando os direitos dos clubes LFU para exploração da Globo em todas suas ofertas inclusive a do Premiere.


Para os clubes, o Premiere é uma espécie de bilheteria virtual, que garante a eles uma renda extra baseada na performance de vendas de cada time. É dinheiro do torcedor que vai para o clube através da assinatura do pacote de jogos, gerando receita de R$ 0,9 bi para o ecossistema envolvido. Em 2024, mais de 75% da receita líquida do Premiere são destinados aos clubes e Federações, ficando o restante para as frentes de tecnologia, marketing, produção e comissão com terceiros. Um Premiere mais fraco representa, em última instância, um enfraquecimento também dos clubes e do ecossistema como um todo.

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