O futebol pobre do Corinthians nesse Brasileirão deve tirar o sono de seus torcedores. Trata-se de uma equipe que só marcou gols em um dos seis jogos até aqui no torneio nacional. No Maracanã, neste sábado, o desempenho só foi bom por dois ou três minutos, depois a vida do Flamengo foi suavizada. O placar de 2 a 0 a favor dos rubro-negros ameniza crise e pressão sobre o técnico Tite, que reencontrava seu ex-clube.
Falhas individuais foram cruciais para a derrota do Corinthians. O zagueiro Cacá e o goleiro Carlos Miguel cometeram erros tolos. No entanto, não se deve desconsiderar a inoperância alvinegra. A estratégia tática do técnico António Oliveira apresentou falhas sistemáticas. A característica de cada atleta antagoniza com as escolhas de jogadas. O próprio comandante faz escolhas que retiram força ofensiva.
O resultado coloca o Flamengo provisoriamente na liderança do Campeonato Brasileiro, com 11 pontos. O Corinthians, por sua vez, fica na 15ª posição, com cinco pontos, e pode terminar a rodada na zona de rebaixamento.
O time alvinegro volta a atuar na terça-feira, às 21h30, pela quinta rodada da fase de grupos da Copa Sul-Americana. O adversário do Corinthians será o Argentinos Juniors, na Neo Química Arena. No dia seguinte, no mesmo horário, será a vez de o Flamengo entrar em campo pela Libertadores, diante do Bolívar, no Maracanã.
Carlos Miguel oscila, e Corinthians sai atrás
Antes mesmo de a bola rolar, ecoaram no Maracanã xingamentos direcionados a dirigentes do Flamengo. O Corinthians começou o jogo pressionando a saída de bola rubro-negra e levando muito perigo aos donos da casa. Taticamente, António Oliveira formatou o time alvinegro com três zagueiros e sem centroavante, com Romero e Wesley formando dupla no ataque.
A bola parada também foi usada como recurso pelos cariocas. A trave ajudou os visitantes. A proposta das duas equipes tornou a partida eletrizante, com diversas chances de gol. A qualidade técnica do Flamengo se impôs com o tempo. O time rubro-negro passou a ficar mais perto de inaugurar o marcador.
A pressão do Flamengo surtiu efeito aos 20 minutos. Carlos Miguel, que fazia boa partida até então, falhou em bela jogada tramada pelo Flamengo. Pedro finalizou sem força, e o goleiro corintiano aceitou. Mesmo em vantagem, o time rubro-negro se manteve no ataque e não deixou o Corinthians voltar a atacar.
O primeiro tempo mostrou um Flamengo muito melhor do que aquele que se exibiu nos últimos compromissos. Como o técnico Tite previa, o excesso de jogos no calendário traz ao menos um ponto favorável: é mais rápido reverter o clima desfavorável e uma crise técnica.
Pelo lado do Corinthians, o maior pecado foi a falta de tranquilidade em construir as jogadas e insistir na bola parada como única arma não tendo um centroavante nato, apesar de essa ser a maior debilidade rubro-negra.
António Oliveira tenta, mas não consegue corrigir equívocos
Na volta do intervalo, Pedro, que sentiu lesão no joelho, foi substituído por Gabigol. No Corinthians, a comissão técnica optou por mudar taticamente a equipe. O volante Paulinho deixou o campo para a entrada do centroavante Yuri Alberto.
Apesar de o Corinthians estar melhor no segundo tempo, o Flamengo ficou à espreita de um erro para aumentar o placar. Aos 18, o garoto Lorran, de 17 anos, aproveitou falha de Cacá arrancou pelo meio e chutou para dar novas alegrias ao torcedor rubro-negro.
A situação fez António Oliveira abrir mão da linha de três zagueiros para os minutos finais, reforçando o meio-campo. O jogo, porém, já estava decidido e não houve grandes ameaças à meta do Flamengo até o último apito.
FLAMENGO 2 x 0 CORINTHIANS
- FLAMENGO: Rossi; Varela, Fabrício Bruno, Léo Pereira e Ayrton Lucas; Allan, Gerson e De La Cruz (Victor Hugo); Lorran (Léo Ortiz), Pedro (Gabigol) e Everton Cebolinha (Luiz Araújo). Técnico: Tite.
- CORINTHIANS: Carlos Miguel; Fagner (Guilherme Biro), Félix Torres, Gustavo Henrique, Cacá (Igor Coronado) e Hugo; Paulinho (Yuri Alberto), Breno Bidon e Garro (Léo Maná); Ángel Romero (Gustavo Mosquito) e Wesley. Técnico: António Oliveira.
- GOLS: Pedro, aos 20 minutos do 1º tempo; Lorran, aos 18 minutos do 2º tempo.
- ÁRBITRO: Ramon Abatti Abel (SC).
- CARTÕES AMARELOS: Léo Pereira e Ángel Romero.
- PÚBLICO: 56.929 presentes.
- RENDA: R$ 3.140.722,50.
- LOCAL: Maracanã, no Rio.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.