Bruno Carneiro Nunes se formou em jornalismo em 2013, época em que se divertia assistindo à edição paulista do Globo Esporte, então apresentada de forma descontraída por Tiago Leifert. Mais tarde, em 2015, entrou para o Desimpedidos, popular canal esportivo do YouTube, depois de vencer um concurso, e lá ganhou o apelido Fred, porque os colegas o acharam parecido com o hoje ex-atacante de Fluminense, Cruzeiro e seleção brasileira.
Fred Desimpedidos virou nome e sobrenome, até o jornalista participar do Big Brother Brasil 23 e lançar um rebranding após deixar o reality show. Rebatizado artisticamente como Fred Bruno, deixou o canal no meio de 2024 e foi contratado pela Globo em agosto.
“A oportunidade acabou vindo muito antes do que eu imaginava. Quando eu sai do Desimpedidos no meio do ano, era um objetivo estar aqui na Globo. Acabou acontecendo rápido, mas com dois meses de empresa já fui convidado para apresentar o Globo Esporte. Achei que fosse algo que precisaria construir durante alguns anos e acabou vindo até de uma maneira surpreendente para mim. Como eu sempre falo, eu treinei para estar aqui a vida toda, então estou super preparado”, conta o jornalista ao Estadão.
O anúncio como novo apresentado do Globo Esporte em São Paulo veio em dezembro. A partir desta segunda-feira, Fred estará diariamente no mesmo lugar que foi ocupado por sua grande inspiração profissional, mas não pretende imitá-lo.
“Minha maior referência da vida é o Tiago Leifert, não tem como. Quem é da nossa geração era apaixonado pelo Globo Esporte por causa dele. As notícias eram as mesmas, mas a forma como ele fazia programa era totalmente diferente. O que eu vou fazer não é parecido com o que ele fazia, porque cada um tem suas características. Estou trazendo minhas próprias características mas a gente vai falar com o público de um jeito que seja legal. Vai ser legal pra mim, para os repórteres, a galera da redação, e consequentemente vai ser legal para quem está assistindo”, diz o jornalista.
Quando fala de suas características, Fred está se referindo às muitas facetas que exibiu durante os tempos de Desimpedidos. A familiaridade com a bola, de alguém que sonhava em ser jogador profissional, o ajudou a ganhar popularidade fazendo desafios no gramado ao lado de grandes nomes do futebol, inclusive de Cristiano Ronaldo, seu ídolo máximo.
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Já o carisma e a boa comunicação fizeram o jornalista se firmar como um entrevistador em frente ao qual os boleiros costumam ficar à vontade. Até por isso, a primeira experiência no Grupo Globo consistiu em realizar algumas entrevistas exibidas na SporTV. Tanto os desafios quanto os bate-papos vão fazer parte do Globo Esporte comandado por Fred, que pretende explorar bastante o lado atleta e espera criar uma relação de proximidade com o púbico. Até pediu que o posicionamento e mobilidade das câmeras fossem pensados para causar essa sensação.
“O principal é a forma de descontraída como eu sempre me comuniquei em relação a esportes. Sempre informando. Claro que aqui eu tenho muito mais o compromisso da informação, por ser um jornal diário, mas sempre me comunicando da maneira leve como eu sempre me comuniquei. Entrevistas com jogadores, desafios… Outro ponto importante: tudo o que eu fiz na minha vida, na minha carreira dos Desimpedidos, eu sempre tive muito a ajuda do público, que sempre interagiu muito, deu sugestão. Aqui não vai ser diferente. Ideia de entrevista, quadros, viagens. Quero colocar a carinha da galera na tela”, afirma.
O jornalista de 35 anos está acostumado a trabalhar para um público mais fixo - e jovem -, que o acompanhava no YouTube. Agora, vai ter de lidar com uma audiência mais diversa, com outra relação de consumo de conteúdo, mas isso não o assusta. A ansiedade foi grande durante os dias antes da estreia, mas nada comparado ao que sentiu antes de entrar no BBB, talvez a exposição máxima que alguém pode viver nos tempos modernos. Muito em razão dessa experiência, não teme um possível estranhamento inicial do telespectador médio.
“Uma das primeiras coisas que eu fiz, junto com minha equipe, foi estudar o público do Globo Esporte. Um estudo gigantesco. A gente sabe como é o público, aproximadamente. Não imagino mudar minha linguagem. O que me fez chegar aqui é a forma como sempre falei com o público, mudar agora não faria muito sentido. Quando a Globo me contratou, eles fizeram questão de deixar claro que queriam o Fred dentro da Globo, não o Fred se moldando à forma como a Globo se comunica, porque eles querem, justamente, renovar a comunicação do Globo Esporte”, comenta.
“Estou muito feliz, muito empolgado. Entendo que é para um público novo, porque às vezes a gente vive muito na bolha da internet. Então, não é todo mundo que tem acesso à internet, um celular legal para ver vídeo no YouTube. A rede aberta, a TV aberta é muito grande, gigantesca. Por mais que seja só para São Paulo, já estou sentindo essa pressão. Mas na minha vida inteira, sempre gostei dessa pressão, sempre funcionou e sempre tem resultado”, conclui.
Para ajudar a achar o tom do programa, a Globo vai incluir uma participação semanal de Denílson, também recém-contratado pela emissora. O ex-atacante deixou a Band após quase 14 anos e fará aparições também na SporTV. Ter ele no Globo Esporte é uma realização para Fred.
“A minha chegada ajudou muito que o Denilson visse para cá. A gente olha de fora e tem o receio de não ter liberdade na Globo. Eu tive esse receio, mas como me deixaram muito claro desde o começo, eu falei: ‘cara, eu vou confiar neles’. Realmente, eu não tive problema nenhum com isso. Sobre o Denílson, até teve uma ligação de um diretor que falou ‘Fred, o que eu falei para você. Falei que era para você ser você mesmo’. acho que isso ajudou a convencer o Denilson. É um dos grandes amigos que eu fiz no futebol, tem um nome gigantesco. Trocar essa bola com ele, mesmo que uma vez por semana, a princípio, vai ser muito legal. A forma como a gente brinca e enxerga o futebol é muito parecida”, afirma.
Fred Bruno quer desfrutar do momento e evoluir em sua primeira experiência profissional na TV aberta, mas não esconde o sonho sobre o qual já falou tantas vezes. Ele espera, a longo prazo, se tornar um dos grandes comunicadores populares do Brasil, em um caminho parecido com os feitos por nomes como Luciano Huck e Marcos Mion, que se criaram conectados à linguagem da juventude de suas épocas, no Programa H e na MTV, respectivamente, e hoje estão no comando das principais atrações de final de semana da Globo.
“Como a TV faz totalmente parte da minha vida, isso foi sempre muito natural. Eu sempre quis estar dentro da casa das pessoas. Hoje, estou fazendo o Globo Esporte e estou muito feliz, vivendo esse sonho, que ainda nem começou”, diz.
“O que for acontecer para frente, óbvio que está ao meu alcance, é uma ambição que eu tenho, sempre falei isso ao longo dos anos. Mas é uma coisa que a gente precisa ter cuidado, porque a gente sempre está buscando alguma coisa. Às vezes, o ser humano acaba nem se sentindo realizado, porque conquista um negócio e já está de novo indo atrás dessa busca incessante. Então, eu quero muito viver o momento presente, usufruir da grande realização da minha vida, apresentar o Globo Esporte São Paulo. O que for acontecer é consequência do meu trabalho”, conclui.