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Gavi e Pedri têm suporte de Luis Enrique para liderar nova geração da Espanha

Jovens meias do Barcelona são apontados como herdeiros da dupla Xavi e Iniesta

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Foto do author Marcos Antomil
Atualização:

A Copa do Mundo da Rússia em 2018 foi frustrante para a seleção espanhola, que viu seu favoritismo despencar ao trocar de treinador às vésperas da estreia e encerrou um ciclo de uma geração vitoriosa, liderada especialmente por Andrés Iniesta, Gerard Piqué e Sergio Ramos. Para o Mundial do Catar, a trajetória sofreu turbulências em seu comando técnico, mas despertou uma renovação cujos expoentes são os Golden Boys Pedri e Gavi. Os espanhóis são os primeiros personagens da série ‘Futuro da Copa’, em que o Estadão apresenta nomes que vão estar nesta Copa e em algumas outras ainda.

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Ao ser eliminada nas oitavas de final para o país sede do último Mundial, a Espanha escolheu o ex-treinador do Barcelona Luis Enrique como seu novo líder. O trabalho foi interrompido por cerca de três meses em 2019. O técnico decidiu se dedicar ao tratamento de sua filha Xana, de 9 anos, que acabou não resistindo a um tumor ósseo. Quando retornou ao cargo, Luis Enrique destituiu o auxiliar e substituto Robert Moreno, a quem chamou de desleal, apontando “ambição desmedida” pela intenção de devolver o cargo somente após a disputa da Eurocopa.

O asturiano Luis Enrique começou como treinador nas categorias de base do Barcelona. Sua intimidade com a formação de atletas é um trunfo para a seleção espanhola. Substituto de Pep Guardiola na equipe profissional catalã, fomentou o uso de jovens na equipe principal, tornando realidade a “fábrica de sonhos” das “canteras” do clube. Os jovens Pedri e Gavi são mais uma comprovação da preferência do comandante.

Jordi Alba (dir.) é um dos mais experientes da Espanha e pode ajudar no desenvolvimento de Pedri (esq.) e Gavi (centro). Foto: Pedro Nunes/ Reuters

Pedri foi revelado pelo Las Palmas, das Ilhas Canárias. Seu bom desempenho despertou a atenção do Barcelona, que o contratou em 2019 por 5 milhões de euros, quando o atleta tinha apenas 16 anos. Na seleção espanhola, atuou pelo sub-17 e sub-21 e foi convocado para o time principal pela primeira vez em março de 2021. Sua estreia foi diante da Grécia, pelas Eliminatórias da Copa.

Meio-campo, Pedri costuma jogar mais pela esquerda e tem nos passes e assistências seus pontos fortes. Medalhista de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio, o atleta soma 14 partidas pela seleção espanhola. Ainda não marcou gols, mas foi titular em dez jogos. Sua condição de titularidade, porém, não é certa.

“Pedri está destinado a ser o líder medular do time de Luis Enrique. Ele demonstra grande maturidade em campo e reúne condições únicas: duelo de um contra um, visão de jogo e facilidade para apoiar seus companheiros”, avalia Antía Aguado, repórter do jornal espanhol La Voz de Galicia.

Pedri em ação durante jogo com a Suíça na Liga das Nações. Foto: Juan Medina/ Reuters

Com sua sinceridade contumaz, o técnico Luis Enrique pode parecer reticente com Pedri, mas valoriza a formação humana do atleta. “A primeira vez que vi Pedri foi em um aplicativo que temos para treinadores. Eu olhei os seus jogos e alguns cortes de jogadas individuais que fazia. Dava para ver que era especial”, iniciou o treinador.

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O que Pedri tem de melhorar? Tudo. Ele pode ser melhor em tudo, tem capacidade e talento para atacar e defender. Tem a mentalidade adequada para melhorar em tudo. Pedri tem apoio de uma ótima família, com valores importantíssimos. Conforme for crescendo, vai cometer erros como todos cometem, mas terá de aceitá-los e aprender com eles.

Luis Enrique, técnico da seleção espanhola

Gavi tem 18 anos e é natural da Andaluzia, por isso, depois de passar por um pequeno time de sua cidade, foi para as categorias de base do Betis. Gavi é um apelido, que encurta seu último sobrenome, Gavira. Seu nome completo é Pablo Martín Páez Gavira. Ele chegou ao Barcelona com 11 anos, em 2015. Assumiu um posto no time profissional no início da temporada 2021-2022.

“Gavi foi outra das grandes revelações do futebol espanhol. Ele passou em poucos de meses de estrear com o Barcelona a jogar pela seleção. Será um recurso importante para o treinador, mas terá concorrência para conquistar o posto de titular. Como meia, ele aporta fluidez ao jogo coletivo graças à sua capacidade de condução de bola e triangulação (jogo apoiado)”, avalia o espanhol Carlos Peralta, repórter do jornal La Voz de Galicia.

A estreia de Gavi na seleção espanhola foi em outubro de 2021, na Liga das Nações da Uefa, em duelo com a Itália pela semifinal. Tornou-se o mais jovem a vestir a camisa da seleção principal na história. Apesar de ser meio-campista como Pedri, não é um concorrente direto. Gavi costuma se dar melhor atuando pelo lado direito do campo, compondo o tripé de meias em outro setor. Pela seleção espanhola, são 12 partidas (nove como titular), com um gol marcado.

Gavi fez seu primeiro jogo pela Espanha no estádio San Siro, em Milão. Foto: Alessandro Garofalo/ Reuters

“Já falamos que (Gavi) é um caso nada normal. É o futuro e presente da seleção”, analisou Luis Enrique logo após a estreia do jogador na seleção. Mais recentemente, o treinador voltou a avaliá-lo positivamente, sem garantir sua titularidade.

Titular indiscutível (Gavi) não é. Com Gavi tenho uma sensação, talvez por conhecê-lo há muitos anos, que ainda é um desconhecido no futebol espanhol, inclusive para muita gente que está próxima a ele. Não é um jogador que apenas corre e luta e que a nível defensivo é top. Suas qualidades ofensivas e com a bola também são especiais. É um meia interior puro, capaz de aparecer entre as linhas, se perfilar para atacar a linha defensiva, dar o último passe e marcar gols. Ele chuta com as duas pernas, cabeceia e tem um poderio físico espetacular. É um jogador único com essa idade.

Luis Enrique, técnico da seleção espanhola

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Eleitos Golden Boys nos últimos dois anos pelo jornal Tuttosport e ganhadores do troféu Kopa da revista France Football, Gavi e Pedri são apontados como uma edição de vanguarda da dupla Xavi/Iniesta. Se para a Copa do Mundo do Catar parecem ser muito precoces, solidificam uma nova era na seleção espanhola.

“É comum pensar a juventude como um elemento negativo no momento de disputar jogos de tamanha importância e calibre. Mas Luis Enrique enxerga na juventude de Pedri e Gavi uma virtude, acrescentando gana, motivação, crescimento e fôlego, além de estarmos tratando de dois jogadores extraclasse. Assim como foram Xavi e Iniesta, ambos são o presente do meio-campo espanhol e, seguramente, estão destinados a marcar uma nova etapa na seleção”, prevê Antonio Panal, comentarista da rádio Cadena Cope de Sevilha.

Gavi discursa ao lado de Pedri na premiação da revista France Football. Foto: Franck Fife/ AFP

A Espanha, de Pedri e Gavi, está no Grupo E. A estreia acontece no dia 23 de novembro, às 13h, diante da Costa Rica. O segundo duelo é com a Alemanha, no dia 27, às 16h. A seleção espanhola encerra sua participação na fase de grupos em 1º de dezembro, às 16h, diante do Japão.

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