Cercada de expectativas, a volta do goleiro Bruno Fernandes aos campos de futebol foi tranquila no fim da tarde deste sábado, 8, em Varginha (MG), cidade no Sul de Minas Gerais onde seu novo clube, o Boa Esporte, enfrentou o Uberaba pelo hexagonal final da segunda divisão do Campeonato Mineiro.
O ônibus do Boa chegou escoltado ao estádio municipal de Varginha, mas não houve protestos. Em campo o goleiro entrou acompanhado de crianças e foi ovacionado pelos torcedores, que compareceram em número reduzido, apesar de bem acima da média do clube de 640 pessoas por partida.
Com a bola rolando, Bruno não teve trabalho no primeiro tempo. Nenhum chute exigiu muito do goleiro, que trabalhou pela primeira vez somente aos 40 minutos, ao defender uma bola fácil rebatida pelo ataque do Uberaba. O primeiro tempo terminou com vitória parcial do Boa Esporte, que fez 1 a 0 com gol de Jean Henrique. Bruno deixou o campo sem falar com a imprensa e desceu para o vestiário mandando beijos para a torcida.
Já no segundo tempo a situação não foi tão feliz para o goleiro. Aos 8 minutos, na primeira investida do Uberaba, Bruno derrubou o atacante adversário, o árbitro então marcou pênalti e ainda deu cartão amarelo para o goleiro.
"Ele quer aparecer e está fazendo a média dele", gritou um radialista de Varginha que transmitia ao vivo das cabines. Outro foi mais contido e deu outra versão. "Eu achei pênalti", falou. Em campo Bruno Henrique, xará do goleiro, bateu e marcou empatando o placar, que ficou em 1 a 1 até o fim do jogo.
SILÊNCIO Aguardado com expectativa por muitos jornalistas para a entrevista após o jogo, Bruno Fernandes não apareceu. No seu lugar esteve Nedo Xavier, gerente de futebol do Boa, anunciando que os atletas que falariam à imprensa seriam Radamés e Felipe.
Xavier negou que o goleiro tenha faltado à entrevista devido ao pênalti. "Antes do jogo já havia sido estabelecido isso", justificou. Para ele, a estreia de Bruno foi satisfatória. "No pênalti ele não teve culpa, pois não tinha outra opção", falou.
Sobre a contratação, o dirigente negou a existência de alguma cláusula no contrato que proteja o clube caso a Justiça mande Bruno voltar para a prisão. "Não tem nada disso, não. A gente conta com o atleta".
HISTÓRICO O goleiro voltou a atuar como jogador profissional após ser condenado pela morte de Eliza Samúdio. Ele ficou quase sete anos preso pelo crime e sua contratação rendeu ao time de Varginha a perda de patrocinadores.
A expectativa agora gira em torno do primeiro jogo do Boa Esporte fora de casa, quando o goleiro pode voltar a ser alvo de protesto, como ocorreu no mês passado em Varginha. O Boa vai a Patrocínio de Minas na próxima quarta-feira, 12, enfrentar a equipe local.
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