JOVENS TALENTOS Tirando Neuer, alguns dos pesos-pesados da Copa não cumpriram com as expectativas, como Iker Casillas, da Espanha, e Igor Akinfeev, da Rússia. Ao invés disso, foram nomes menos conhecidos que roubaram o show --como o goleiro mexicano Guillermo Ochoa, atualmente sem clube, que frustrou o anfitrião Brasil no empate sem gols que ajudou sua seleção a chegar à fase eliminatória. Na sequência, Ochoa conteve os holandeses repetidas vezes até sofrer dois gols nos minutos finais, mas ainda assim brilhou o suficiente para ser eleito o melhor jogador em campo nos dois confrontos. Keylor Navas, da Costa Rica, lidou ainda melhor com a pressão da Grécia nas oitavas, fazendo tudo certo durante quase uma hora quando seu time estava reduzido a dez homens. Ele mostrou o valor novamente na prorrogação, quando os gregos partiram para o ataque como se sentissem que, se fossem para os pênaltis, Navas faria sua parte mais uma vez. Foi exatamente o que ele fez, salvando uma cobrança e levando os centro-americanos para as oitavas, e até recebendo elogios dos gregos. Navas, que joga no espanhol Levante mas agora está sendo cortejado por grandes clubes, tem vários truques na manga. Um deles é defender bolas de tênis atiradas contra seu gol a 160 quilômetros por hora pelo tenista Pablo Andujar, da equipe espanhola na Copa Davis, de uma distância de 20 metros para melhorar os reflexos. O goleiro dos Estados Unidos, Tim Howard, também foi coberto de elogios por deter 16 ataques da Bélgica antes de sua seleção ceder à pressão dos europeus. Ele foi a única razão de seu time ir para a prorrogação antes de perder de 2 x 1, e os belgas o cumprimentaram com abraços e tapas nas costas no final do embate. Foi o maior número de grandes defesas em uma Copa do Mundo desde 1966, de acordo com a Fifa.
SEM OSCILAÇÕES Dois dos motivos para o desempenho exemplar dos goleiros sem dúvida são a baixa altitude em comparação à África do Sul e a pouca oscilação da bola, especialmente em chutes de longa distância. No torneio de 2010, os goleiros já se queixavam antes do início da competição de que a bola oficial, aliada à alta altitude, tornava quase impossível prever a trajetória da bola. Outra razão óbvia é que as defesas neste Mundial são muito mais abertas e o vaivém é maior durante o jogo. As zagas de Itália e Alemanha são uma pálida sombra de suas linhas defensivas quase impenetráveis do passado. O esquema tiki-taka da Espanha, que envolve muita posse de bola e reduz drasticamente o ritmo de jogo, também está saindo de moda, fazendo com que o jogo mais aberto visto no Brasil pareça uma corrida de Fórmula Um quando comparado ao da Copa de quatro anos atrás. Mesmo o brasileiro Júlio Cesar, ovelha negra de 2010, virou herói. O goleiro, crucificado depois dos erros que levaram à eliminação da seleção diante da Holanda, fez defesas contra o Chile na cobrança de pênaltis das oitavas de final que definiram o resultado e a passagem para a fase seguinte.
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