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Gringos encantam e Série A volta a ter metade dos técnicos estrangeiros

Zubeldía, Milito e Artur Jorge mudam a cara e São Paulo, Atlético-MG e Botafogo, respectivamente, e profissionais de fora do País voltam a ganhar força no mercado nacional

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Foto do author Rodrigo Sampaio
Atualização:

A contratação do português Álvaro Pacheco pelo Vasco da Gama fez a Série A do Campeonato Brasileiro chegar a uma marca de dez técnicos estrangeiros, metade dos empregados na primeira divisão. Os “gringos” voltaram a ser sensação neste início de temporada, especialmente após o impacto causado por Luis Zubeldía (São Paulo), Gabriel Milito (Atlético-MG) e Artur Jorge (Botafogo). Ao todo, são seis portugueses e quatro argentinos.

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Zubeldía acumula sete partidas de invencibilidade desde a sua chegada ao São Paulo. São cinco vitórias e dois empates, com um aproveitamento de 80,9%. Com passagem vitoriosa pela LDU, do Equador, o treinador de 43 anos foi contratado com a missão de retomar o protagonismo da equipe tricolor, que vinha de eliminação precoce no Paulistão e sofrendo para vencer adversários de menor expressão com Thiago Carpini, atualmente no Vitória, à beira do gramado.

Sob o comando de Zubeldía, o time são-paulino marcou 13 gols e sofreu apenas 4 até o momento, terminando a maioria dos jogos com ampla posse de bola e amassando os rivais. O argentino teve méritos de fazer a equipe garantir a classificação antecipada às oitavas da Libertadores, além de recuperar jogadores, como o zagueiro Alan Franco, e dar espaço para atletas da base, como Rodriguinho, Patryck, João Moreira, William Gomes e Juan. As “crias” de Cotia, aliás, foram importantes na vitória por 3 a 1 fora de casa sobre o Águia de Marabá, no Pará, que praticamente garantiu o time na próxima fase da Copa do Brasil.

Luís Zubeldía tem encantado torcedor tricolor no comando do São Paulo.  Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net

Roteiro semelhante aconteceu com Gabriel Milito no Atlético-MG. Ex-zagueiro do Barcelona, o treinador, também de 43 anos, estava no Argentinos Juniors e chamou a atenção da diretoria atleticana por conseguir fazer a equipe de Buenos Aires medir forças diante de adversários teoricamente mais fortes — além de derrotar o Corinthians em Itaquera no ano passado, deu trabalho ao futuro campeão Fluminense nas oitavas da Libertadores de 2023. Milito emplacou uma série invicta de 12 jogos e conheceu a sua primeira derrota somente na última semana, com o revés por 2 a 0 para o Peñarol.

Milito tem 71,7% de aproveitamento no comando do Atlético, com 26 gols marcados e 12 sofridos. Em quase dois meses no Brasil, ele levou a equipe alvinegro ao título do Campeonato Mineiro, derrotando o rival Cruzeiro na decisão, e chega na última rodada da fase de grupos da Libertadores com chances de fazer a equipe atleticana ter a melhor campanha da competição, o que daria a vantagem de decidir o mata-mata em casa. Milito, assim como Zubeldía, tem como característica o domínio sob o adversário durante os 90 minutos, diferentemente de Felipão, que estava no cargo até março, e se notabilizou pelo trabalho na parte defensiva.

Por sua vez, Artur Jorge mudou o patamar do Botafogo com pouco tempo de trabalho. O português de 52 anos foi escolhido a dedo por John Textor e a negociação durou aproximadamente um mês para ser concluída. Depois de levar o modesto Braga, de Portugal, dois anos consecutivos para a Champions League, o profissional desembarcou no Brasil com a missão de elevar o futebol da equipe e reverter o cenário ruim na Libertadores. Apesar da estreia com derrota no torneio continental, Artur Jorge conseguiu capitanear o alvinegro carioca à classificação antecipada às oitavas e colocou o time no G-4 do Brasileirão.

Com um estilo arrojado, com quatro atacantes que variam de posição ao longo das partidas, Artur Jorge tem sete vitórias, um empate e três derrotas sob o comando do Botafogo, com um aproveitamento de 66,6%. São 20 gols marcados e 10 sofridos. Entre os resultados mais importantes estão a vitória por 2 a 0 no clássico com o Flamengo, no Maracanã, e o 1 a 0 sobre o Universitario, em Lima, que garantiu o time na próxima fase da Libertadores.

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Além do Vasco e o trio citado acima, Corinthians, Cuiabá e Cruzeiro também foram atrás de estrangeiros para comandar suas equipes nesta temporada. O time do Parque São Jorge demitiu Mano Menezes ainda em janeiro e tirou o português António Oliveira do time mato-grossense, que acertou com também português Petit, estreante no futebol brasileiro. Já o clube mineiro fechou com o argentino Nicolás Larcamón no início do ano, mas sacou o treinador após a eliminação na primeira fase da Copa do Brasil e contratou Fernando Seabra, ex-técnico do sub-20, para sua primeira experiência em um time profissional.

“No Brasil, há clubes capazes de pagar salários muito maiores do que equipes de países vizinhos e do que europeus de um segundo ou terceiro escalão. Nosso campeonato também constitui-se como um passo intermediário para aqueles que não conseguem despertar interesse de europeus diretamente de seus países de origem”, explica Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports Brazil, empresa de entretenimento norte-americana comandada pelo cantor Jay-Z, que administra a carreira de centenas de esportistas.

Números

O recorde de técnicos estrangeiros na Série A do Campeonato Brasileiro aconteceu no ano passado, quando a elite do futebol brasileiro chegou a ter 11 “gringos” empregados na função. Ao longo dos últimos 20 anos, os clubes que mais tiveram estrangeiros no comando foram Atlético-MG e São Paulo, com seis treinadores cada. Indo na contramão da tendência, o Fluminense é a única equipe entre as grandes do País que contou somente com brasileiros durante o período, no qual conquistou dois Brasileirões (2010 e 2012).

Ao longo dos últimos 20 anos, 73 técnicos estrangeiros foram contratados por times da primeira e da segunda divisões do futebol brasileiro — contando Álvaro Pacheco, que ainda não estreou no Vasco. Atualmente, a Série B conta com dois treinadores de fora do País entre os 20 na competição: o português Paulo Gomes, do Botafogo-SP, e o argentino Mariano Sosa, no Sport.

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Desde dezembro de 2020 no Palmeiras, Abel Ferreira é o técnico estrangeiro com o maior número de títulos no futebol brasileiro, com dez conquistas. O compatriota Jorge Jesus, que treinou o Flamengo entre 2019 e 2020, e ergueu cinco taças. Vojvoda, do Fortaleza, vem logo atrás. São três Estaduais e uma Copa do Nordeste faturados com o time cearense, totalizando quatro troféus.

“Hoje, o futebol nacional já vende direitos para emissoras de outros países, em movimento no qual os treinadores e atletas de renome internacional despertam grande prestígio. Diante do interesse do mercado brasileiro em consolidar-se como provedor de conteúdo para audiências do exterior, a presença desses estrangeiros que atuam por aqui é fundamental”, diz Alexandre Vasconcellos, head de clubes da End to End, empresa que realiza ativações com torcedores.

Veja a lista dos técnicos na Série A do Campeonato Brasileiro em 2024

  • Athletico-PR: Cuca (BRA)
  • Atlético-GO: Jair Ventura (BRA)
  • Atlético-MG: Gabriel Milito (ARG)
  • Bahia: Rogério Ceni (BRA)
  • Botafogo: Artur Jorge (POR)
  • Corinthians: António Oliveira (POR)
  • Criciuma: Cláudio Tencati (BRA)
  • Cruzeiro: Fernando Seabra (BRA)
  • Cuiabá: Petit (POR)
  • Flamengo: Tite (BRA)
  • Fluminense: Fernando Diniz (BRA)
  • Fortaleza: Juan Pablo Vojvoda (ARG)
  • Internacional: Eduardo Coudet (ARG)
  • Juventude: Roger Machado (BRA)
  • Palmeiras: Abel Ferreira (POR)
  • Red Bull Bragantino: Pedro Caixinha (POR)
  • São Paulo: Luis Zubeldía (ARG)
  • Vasco: Álvaro Pacheco (POR)
  • Vitória: Thiago Carpini (BRA)

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