Grupos protestam pelo Brasil contra a realização da Copa do Mundo

Manifestantes e Polícia Militar entram em confronto em São Paulo. Rio também tem confusão

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Foto do author José Maria Tomazela
Por Angela Lacerda, Artur Rodrigues, Herton Escobar, José Maria Tomazela, Paulo Saldaña, Ronald Lincoln Jr, Lauriberto Braga, Marcelo Portela, Rodolpho Paixão, Sergio Torres e Walmaro Paz

Atualizado às 23h59

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SÃO PAULO - Os protestos contra a realização da

Copa do Mundo

, que tiveram início de forma pacífica, acabaram em confusão no sábado. Em São Paulo, os manifestantes e a Polícia Militar entraram em confronto no centro da cidade. De acordo com o Twitter oficial do órgão, 108 pessoas foram presas pela Tropa de Choque e 20 pelo policiamento de área, totalizando 128 detidos até às 00h02 deste domingo.  

Os manifestantes começaram a depredar estabelecimentos comerciais na Rua Barão de Itapetininga, na região do Theatro Municipal, por volta das 20h. A primeiro loja a ser atacada foi um McDonald's. Os policiais fizeram uma barreira para tentar proteger o restaurante e os manifestantes começaram a correr e destruir agências bancárias pelo caminho. Somente na Rua 7 de Abril, a reportagem presenciou o ataque a três agências. Os manifestantes colocaram fogo em terminais de atendimento dentro das agências, como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Bradesco. Houve início de incêndio e participação dos black blocs, que correram em direção aos PMs e lançaram até coquetel molotov.

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A PM fez um cordão de isolamento para tentar impedir que os manifestantes fossem para a Praça da República, onde acontecia o principal show da comemoração dos 460 anos da cidade de São Paulo. O clima era tenso na região. Manifestantes jogaram latas e garrafas contra o público e ao menos duas pessoas ficaram feridas. O tumulto ocorreu no intervalo entre os shows de Paulinho da Viola e Opalas. Dezenas de pessoas que tentavam fugir da confusão foram espremidas contra as grades que separavam o público da área adjacente ao palco, reservada aos artistas e à imprensa.

Garrafas e outros objetos foram novamente arremessados contra o palco. Pelo menos duas pessoas se cortaram nos pés e tiveram de ser socorridas pelos Bombeiros. No meio da confusão, um jovem - mais tarde identificado pela polícia como um black bloc - foi encurralado contra a grade e agredido violentamente com socos e pontapés por um grupo de homens. A cena toda foi presenciada pela reportagem do

Estado

. Um dos agressores chegou a bater no jovem várias vezes com uma muleta, com tanta força, que ela se quebrou sobre ele.

Esse e um outro jovem só conseguiram escapar da multidão graças ao trabalho dos seguranças do evento, que os puxaram para dentro da área restrita e usaram jatos de água de um extintor para afastar os agressores. "Tiramos esses dois de lá, senão eles iam morrer", disse um dos seguranças.

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Ambos foram levados para um canto atrás do palco e mantidos lá até a chegada da polícia, que apareceu 15 minutos depois. "Só corri como todo mundo correu no meio da confusão. Os caras me encurralaram e comecei a apanhar", disse ao Estado um dos jovens detidos. Na sua mochila, os policiais encontraram um estilingue e quatro saco de bolinhas de gude, além de um par de luvas, um capacete preto e máscaras. "Eles confirmaram que fazem parte dos black blocs", disse o capitão Luis Humberto Caparroz, da Polícia Militar, que participava do policiamento na região. Segundo ele, a PM evitou que um terceiro integrante do grupo fosse linchado no meio da multidão. Todos foram levados para o pronto-socorro da Santa Casa para depois serem encaminhados a uma delegacia.Algumas pessoas reclamaram da falta de policiamento no momento do tumulto. "Os PMs vieram aqui, pegaram os lanches e foram embora", disse uma pessoa ligada à organização do evento.

"Só porque as pessoas não veem a polícia não quer dizer que ela não esteja presente. A gente fica no entorno, não no meio do evento", disse o capitão Caparroz. Segundo ele, havia 600 policiais só na região da Praça da República. "Tanto que os black blocs não entraram na praça", disse. Naquele momento, centenas de vândalos circulavam pelo centro da cidade, praticando depredações. "Os poucos que entraram foram atacados pela multidão. Se a PM não estivesse presente, isso aqui tinha virado uma praça de guerra. Evitamos uma carnificina", afirmou o capitão.Uma parte do público foi embora após o tumulto, mas a maior parte permaneceu na praça para assistir ao show do grupo Os Opalas, que começou depois das 21 horas. Antes dele, Paulinho da Viola fez um show de uma hora e quinze minutos para cerca de 12 mil pessoas, segundo estimativa dos organizadores do evento. Sem qualquer tumulto.

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