A prometida reformulação no Corinthians já fez cortes em alguns veteranos do elenco. Um deles, porém, era a principal referência técnica da equipe. Prestes a completar 36 anos, Renato Augusto teve em 2023 a melhor temporada de sua segunda passagem pelo clube. Não foi o suficiente para a renovação. Sem contrato, o meia deve assinar com o Fluminense, de Fernando Diniz. O que significa para o Corinthians ficar sem Renato Augusto?
Quando se olha para todo o segundo ciclo do meia no Corinthians (de 2021 a 2023), são 34 participações em gols em 116 jogos. O último ano foi o de melhor desempenho, com seis gols e dez assistências em 45 partidas. As participações só não foram maiores que em 2014 e 2015, na primeira passagem.
O que joga contra é o desgaste físico. Em 2021, Renato Augusto chegou ao Corinthians na metade da temporada. No ano seguinte, no time desde o início, ele jogou mais, mas passou quase dois meses afastado por uma lesão na panturrilha. Neste ano, o drama foi ainda maior. O meio-campista tornou-se baixa em 6 de abril. O tempo parado até foi menor, já que retornou em maio. Porém, a lesão foi no joelho direito, o mesmo no qual ele havia recém-terminado um tratamento, três semanas antes.
A saída do meia não é terra arrasada para o Corinthians. Ainda que não tenha confirmado nenhum reforço para 2024, o time tem tempo para as contratações. E vai precisar repor jogadores como Renato Augusto. Nomes de Gabigol e Soteldo chegaram a ser sondados. Marcelino Moreno, do Coritiba, também foi citado. Nenhum deles está certo.
Augusto Melo, o presidente eleito, fala em contratar pelo menos dez atletas para a próxima temporada. Além da dispensa de peças que eram titulares, como o zagueiro Gil, a experiência do elenco também se desfaz na aposentadoria de Fábio Santos e possível saída de Cássio. Esse ponto era outra fortaleza de Renato Augusto.
A remontagem do elenco passa por otimizar funções técnicas e anímicas. Para suprir a ausência do camisa 8, será preciso encontrar no mercado um atleta que cumpra essas características.
Números de Renato Augusto pelo Corinthians
GERAL (duas passagens)
- 243 jogos
- 30 gols
- 45 assistências
PRIMEIRA PASSAGEM (2013 a 2015)
- 127 jogos
- 15 gols
- 29 assistências
SEGUNDA PASSAGEM (2021 a 2023)
- 116 jogos
- 15 gols
- 19 assistências
Renato Augusto começou a carreira no Flamengo. Aos 20 anos, foi vendido para o Bayer Leverkusen, da Alemanha. Depois, jogou pela primeira vez no Corinthians, saindo em 2015 para o Beijing Guoan, da China, clube que defendeu até 2021. No currículo, pelo clube paulista, são um título brasileiro (2015), um paulista (2013) e a Recopa Sul-Americana (2013). Ele ainda foi campeão carioca (2007 e 2008), da Copa do Brasil (2006), Jogos Olímpicos (2016) e esteve no elenco da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2018.
Como Renato Augusto pode entrar no time de Fernando Diniz?
Quando for confirmada a contratação do meia pelo Fluminense, o técnico Fernando Diniz vai acomodar o meia em seu esquema com os jogadores do time. O estilo de jogo, com trocas de passes rápidos e precisos, dribles e aproximações é algo que pode favorecer Renato Augusto. Na segunda passagem pelo Corinthians, ele teve 87% de acerto nos passes, segundo a SofaScore. Em passes longos, a precisão foi de 73%. Foram ainda 194 passes considerados decisivos e 91 dribles certos. O problema serão os mesmos do Corinthians: muitas lesões e pouco fôlego por causa da idade.
Renato Augusto já revelou ser fã de Diniz. Jogador inteligente, ele não deve levar tempo para compreender as ideias do técnico ao chegar nas Laranjeiras. “Acho bem interessante a forma como (o Diniz) pensa. Já até falei para ele que queria entender como chega a isso, entendeu? Eu sempre tive vontade de trabalhar com Guardiola para poder entender de onde ele tira os espaços até chegar o gol, para entender o processo. (O trabalho) do Diniz, eu acho interessante, realmente interessante. É um jogo diferente do Guardiola, que é muito posicional, enquanto o dele é livre, de rodar o jogador, mas é um conceito interessante que te faz ficar com a bola”, disse o meia à revista Placar, em outubro.
Tendo como base o time do Fluminense que enfrentou o Grêmio, na última rodada do Brasileirão, ao menos um dos cinco meio-campistas deveria sair. São eles: André, Martinelli, Arias, Ganso e Keno. Entretanto, a chegada de Renato Augusto pode representar a elevação do Fluminense para um time com mais de 11 titulares.
É algo que acontece no Palmeiras, por exemplo, com o revezamento entre Luan e Marcos Rocha na linha defensiva de Abel Ferreira. Ou no próprio Fluminense, com John Kennedy no ataque. Isso aumenta a competitividade das equipes, ainda mais em um calendário inchado, como o brasileiro. Como fã de Fernando Diniz, Renato Augusto já deve imaginar que sua chegada representa qualificação do elenco. Resta esperar como será a vida do Corinthians pós-Renato Augusto.
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