Itamaraty pede explicações à embaixadora da Espanha após racismo contra Vinícius Junior

Reunião significa um gesto duro e se soma a outras demonstrações de repúdio do governo Federal diante dos recorrentes episódios de discriminação no Campeonato Espanhol

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Foto do author Felipe Frazão
Foto do author Gonçalo Junior
Atualização:

O Ministério das Relações Exteriores pediu explicações à embaixadora da Espanha no Brasil, Mar Fernández-Palacios, sobre caso de racismo sofrido pelo atacante Vinícius Júnior, do Real Madrid, neste domingo, 22. A intenção inicial do Itamaraty era realizar uma reunião presencial, mas, em virtude uma viagem da diplomata, o contato foi feito por ligação telefônica nesta segunda-feira, 22.

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Convocar um embaixador estrangeiro é uma espécie de advertência nas relações diplomáticas. A embaixadora Mar Fernández-Palacios tratou do caso com a Secretária de Europa e América do Norte, embaixadora Maria Luisa Escorel.

Paralelamente ao chamado no Brasil, o embaixador brasileiro em Madri está tomando providências com a La Liga, entidade que comanda o Campeonato Espanhol, e também com autoridades do governo da Eapanha. O gesto envolveu a cúpula do Itamaraty para que ficasse clara a prioridade política que o governo dá ao caso “diante dos ataques reiterados e da falta de punições até agora”, conforme disseram diplomatas.

O atacante Vini Jr. aponta autores dos ataques racistas na torcida Valencia e é contido pelo zagueiro Antonio Rudiger  Foto: AP / AP

A secretária-geral do Itamaraty, Maria Laura da Rocha, reiterou nesta segunda-feira, dia 22, o descontentamento do governo brasileiro, ao abrir um seminário sobre relações do Brasil com a África. “Mais do que a ignorância e a maldade dos torcedores que praticaram – e vêm, há tempo, praticando – atos abjetos de racismo, espanta a persistência dos crimes que são cometidos contra o atleta brasileiro, contra todos os afrodescendentes e, sim, contra toda a humanidade, a cada cântico e a cada gesto racista lançado contra o jogador”, afirmou a secretária-geral.

“Ontem (domingo), na partida, Vinícius Júnior levou um cartão vermelho por não ter aguentado tudo aquilo. Lamento muitíssimo. O cartão vermelho deve ser dado ao racismo”.

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Governo espanhol e embaixada condenam ataques racistas

A embaixada da Espanha no Brasil divulgou nota oficial condenando os ataques racistas contra Vini Jr. “A Embaixada condena com veemência as manifestações e atitudes racistas e expressa total solidariedade ao jogador @vinijr pelos ataques intoleráveis e cobardes sofridos hoje (domingo) que de nenhuma maneira refletem as posições antirracistas da absoluta maioria da população espanhola.”

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, usou as redes sociais para condenar o racismo. “Tolerância zero con o racismo no futebol. O esporte se fundamenta nos valores da tolerância e respeito. O ódio e a xenofobia não devem ter lugar em nosso futebol e nossa sociedade.

Ministérios se manifestam em nota conjunta

A iniciativa do Itamaraty se soma a outras manifestações do governo Federal. Uma nota conjunta assinada pelos ministérios do Itamaraty, Direitos Humanos, Igualdade Racial, Justiça e Esporte condena os ataques racistas sofridos pelo atleta brasileiro Vinícius Júnior vem sofrendo reiteradamente na Espanha. “O governo brasileiro repudia, nos mais fortes termos, os ataques racistas que o atleta brasileiro Vinícius Júnior vem sofrendo reiteradamente na Espanha”, diz trecho do documento.

“Tendo em conta a gravidade dos fatos e a ocorrência de mais um inadmissível episódio, em jogo realizado ontem (domingo), naquele país, o governo brasileiro lamenta profundamente que, até o momento, não tenham sido tomadas providências efetivas para prevenir e evitar a repetição desses atos de racismo. Insta as autoridades governamentais e esportivas da Espanha a tomarem as providências necessárias, a fim de punir os perpetradores e evitar a recorrência desses atos. Apela, igualmente, à Fifa, à Federação Espanhola e à Liga a aplicar as medidas cabíveis”, continua a nota oficial.

Entenda o caso

Vinícius Júnior foi mais uma vez vítima de racismo na Espanha. Parte da torcida do Valencia, que enfrentou e venceu o Real Madrid no domingo por 1 a 0, gritou insultos racistas ao jogador brasileiro no segundo tempo da partida, que foi paralisada por oito minutos.

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Nos acréscimos, o brasileiro, revoltado e desestabilizado pelos rivais, foi expulso depois de se desentender com o atacante Hugo Duro, em quem acertou o braço. Ele levou cartão amarelo, mas, após revisão do lance pelo VAR, foi expulso pela arbitragem.

Nesta segunda, o Real Madrid apresentou uma queixa à Procuradoria-Geral da Espanha por delitos de ódio e discriminação contra o jogador brasileiro. O técnico do Real Madrid, Carlos Ancelotti, já havia saído em defesa do brasileiro. Em entrevista coletiva depois do jogo, Ancelotti se recusou a falar sobre a partida e atacou a La Liga, a liga espanhola dos clubes de futebol da Espanha. O presidente da La Liga, Javier Tebas, por sua vez, rebateu críticas feitas pelo brasileiro à competição, e afirmou que “nem a Espanha nem a La Liga são racistas”.

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