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O que dizem jogadores e treinadores sobre o esquema de apostas no futebol brasileiro; leia as frases

Segunda fase da Operação Penalidade Máxima denunciou 16 pessoas à Justiça e tem nomes de outros atletas citados no inquérito; turma da bola não alivia

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Por Redação
Atualização:

Em meio à segunda fase da Operação Penalidade Máxima, que investiga os casos de manipulação e esquema de apostas em jogos das séries A e B do Brasileiro de 2022 e Estaduais deste ano, treinadores e jogadores foram questionados nos últimos dias sobre o processo e toda a sua repercussão. O Estadão reuniu as principais falas, em entrevistas coletivas, a respeito da investigação promovida pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO).

Vanderlei Luxemburgo (Corinthians)

“Eu estou achando ótimo isso (investigação das apostas) acontecer. Quem tiver que se ferrar que se ferre. Essa é a grande realidade. Não tem como preservar ninguém que faz coisas erradas e prejudica todo um processo do futebol onde esse dinheiro está chegando. Os problemas não estão nos donos das bets (sites de apostas), eles estão na relação onde você fica vulnerável, o atleta fica. E vai chegar a outros setores do futebol. Tem que punir todo mundo, doa a quem doer. Se tiver alguma falcatrua, tem que dizer. Mas essas coisas deixam aberturas. Estou achando ótimo. Quem fez bobagem, segure a sua onda. Essa coisa ficou muito vulnerável. Amanhã você erra um passe, vão dizer que tem esquema. Tem que separar o joio do trigo.”

Luxemburgo comentou sobre os casos de manipulação de apostas no futebol brasileiro. Foto: Sergio Moraes/Reuters

Abel Ferreira (Palmeiras)

“O futebol é maior que todas as polêmicas, já tivemos tantas e ele vai continuar a sobreviver. O que posso dizer é que é lamentável. Acredito que as entidades competentes vão fazer o seu trabalho, eles têm um trabalho de excelência e vamos deixar que tudo seja apurado. Lamento, mas o futebol sobrevive a muita coisa e vai sobreviver.”

Raphael Veiga (Palmeiras)

“Nós, jogadores, conversamos. É uma situação delicada. Nesse momento, quando acontecem essas coisas muito sérias, tem muitas pessoas para apontar o dedo, brigar, achar algo. Na minha opinião, eu, Raphael, pelos meus princípios e valores inegociáveis, eu não curto essas coisas. Mas cada um tem seu jeito de pensar, não sou eu que vou apontar o dedo, mas não estou de acordo.”

Odair Hellmann (Santos)

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“O que tem de ser feito, julgado e levado em frente cabe à Justiça. Há passos jurídicos que o clube precisa respeitar. Eu sou treinador de futebol, entro no aspecto de dizer que todos ficamos tristes. Conheço o Eduardo desde os dez anos de idade, é um companheiro, um atleta que vocês (da imprensa) também conhecem, têm a mesma percepção e análise a respeito dele. Mas, como qualquer ser humano, como eu, como você, como nós todos aqui, cometeu um erro. Se julgado, comprovado e associado (ao esquema), que pague a sua pena, que tenha a responsabilização, isso serve para nós todos.”

Eduardo Bauermann, zagueiro do Santos, é um dos investigados pelo MP-GO e foi afastado do clube após ter ser tornado réu, na terça-feira, dia 9.

Alison (Santos)

“Essa resposta foi muito importante, representa muito a vitória de hoje (3 a 0 sobre o Bahia) para o nosso grupo, para o Santos. Não estamos num momento fácil. É um momento difícil, não dá para negar. Os últimos acontecimentos chatearam muito a gente. Também sentimos, é nítido, não posso negar aqui, mas nossa vida continua. É jogo atrás de jogo.”

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Dorival Júnior (São Paulo)

“Lamentável tudo isso, triste. Só que prefiro aguardar um pouquinho para que apurem todas as situações, e depois apontemos o dedo. Muitos nomes estão sendo ventilados e, de repente, não temos comprovação de nada. Temos que ter muito respeito com essas pessoas, entendemos que é um momento muito delicado, porém sem acusar até que se comprove alguma coisa. Se alguém participou, naturalmente tem que ser punidos pela gravidade da situação.”

Renato Gaúcho (Grêmio)

“Quanto ao Nathan, tive uma conversa com ele à tarde, juntamente com o nosso presidente, nosso executivo e vice-presidente. Ele se sentiu bem tranquilo, a gente sentiu dele que não havia problema algum, tanto que pediu para vir para o jogo. E ele está relacionado. O presidente vai explicar melhor. Mas não é problema meu, é da polícia. A gente fica triste com essas notícias, até comprovarem, mas é muito triste para o futebol.”

Nathan, meia do Grêmio, foi citado em conversas entre apostadores enquanto ainda atuava pelo Fluminense. Ele não foi afastado.

Marçal (Botafogo)

“No meu caso, por exemplo, foi ano passado contra o Flamengo que eu tomo um cartão por reclamação. Depois eu recebi uma mensagem no Instagram dizendo: ‘pô, Marçal, tomando cartão por reclamação? Mais vale ganhar dinheiro com isso. O que você acha?’. Eu dei uma resposta que não pode passar na televisão. E nunca mais tive contato.”

Marçal afirmou que apostadores tentaram o aliciar no último ano. Foto: Mauro Pimentel/AFP

Éverton Ribeiro (Flamengo)

“É muito triste. A gente luta tanto para chegar nessa posição que estamos hoje, nós somos exemplos. Não julgo quem faz, mas sei que é errado. Cada um sabe onde o calo aperta, mas a gente sabe que tem que ser punido, investigado e ser rígido para que não aconteça. A gente precisa cuidar do futebol e ter responsabilidade no que a gente faz.”

Renato Paiva (Bahia)

“É uma tristeza. Acho que é a única coisa que eu posso dizer é que é uma tristeza. Queremos um jogo limpo, um futebol limpo, um jogo saudável, onde ganhem os melhores. E isso não acaba por adulterar só o trabalho dos jogadores, dos treinadores, mas também prejudica o torcedor, que acredita que vai ver um jogo controlado pelo futebol, pelo jogo em si. Essas coisas acontecem, infelizmente, o dinheiro está sempre por trás dessas coisas.”

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