Em uma década, o Allianz Parque se tornou ponto turístico ao abrigar restaurantes, o tour pelo estádio, sala de troféus, 663 eventos corporativos, 218 festas de aniversários, 435 jogos de futebol, entre competições da base, profissionais e femininas, e 230 shows. Cerca de 14,5 milhões de pessoas passaram pelas dependências da arena palmeirense desde que ela foi inaugurada em 19 de novembro de 2014.
Foram 1.726 eventos, entre pequenos e grandes. O primeiro grande espetáculo musical foi protagonizado pelo britânico Paul McCartney, que se apresentou nos dias 25 e 26 de novembro de 2014 e ganhou até uma área personalizada na arena. Foi ele o artista que mais vezes se apresentou na arena palmeirense: 10 vezes.
Nos anos seguintes, subiram ao palco do estádio nomes como Aerosmith, Andrea Bocelli, Bon Jovi, Coldplay, David Gilmour, Ed Sheeran, Elton John, Eros Ramazzotti, Foo Fighters, Guns N’ Roses, Iron Maiden, John Mayer, Justin Bieber, Katy Perry, Maroon 5, Metallica, Muse, Ozzy Osbourne, Phil Collins, Rod Stewart, Roger Waters, Shakira e Taylor Swift, entre outros.
Erguida no lugar do velho Palestra, com significativas mudanças, a arena foi palco de 325 partidas do Palmeiras, com momentos históricos como a conquista do Brasileirão de 2016 e 2018, além dos títulos da Copa do Brasil em 2015 e 2020.
Desde 2022, a WTorre acelerou o “Arena Viva”, projeto criado para mudar a maneira como os visitantes se relacionam com o estádio a partir de diferentes experiências, para além dos jogos do Palmeiras, dos eventos no campo e dos shows musicais. O plano é fazer com que a arena seja um lugar multiuso na cidade, dado seu potencial de atrair público e gerar receitas para a construtora e também para o Palmeiras, já que o clube tem direito a uma quantia que varia de 10% a 25% da arrecadação com entretenimento.
O espaço se mantém ativo durante todos os dias da semana, com três restaurantes, coworking, barbearia, Parque Mirante, sala de troféus, tour guiado e lojas do Palmeiras. Isso, diz os responsáveis, garante um fluxo constante de visitantes, mesmo em dias sem jogos ou shows, maximizando a exposição das marcas patrocinadoras.
“O Allianz Parque é um marco na cidade no que se refere ao conceito de arena multiuso. Tivemos a oportunidade de fazer incontáveis ações de relacionamento que geraram muitos negócios”, diz Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo, que possui um camarote para relacionamento com marcas e clientes no estádio.
Hoje, existem no Allianz escritórios de trabalho compartilhado com 500 lugares - no inglês, coworkings -, o parque mirante, um espaço de eventos para até 2500 pessoas, além de três restaurantes no terceiro andar: o japonês Nagairô, que já existe desde 2017, o Braza, restaurante de carnes comandado pelo chef Giovanni Renê, vencedor da terceira temporada do reality show gastronômico Top Chef Brasil, e o La Coppa, de comida italiana.
Todos esses espaços gastronômicos são operados pela GSH, empresa concessionária da parte alimentícia do Allianz Parque. Eles ficam em camarotes, têm vista para o gramado e também abrem em dias de shows e partidas, mas com pacotes fechados, incluindo comida e bebida.
“A parceria com o Allianz Parque tem sido um sucesso, pois temos como prioridade oferecer serviços de excelência para o público. No Fanzone, disponibilizamos estúdios de tatuagem, shows ao vivo, open food e open bar para todos os fãs. É uma honra contribuir para o sucesso desse ambiente” afirma Léo Rizzo, CEO da Soccer Hospitality, empresa que administra o camarote Fanzone do Allianz Parque.
A visita guiada pelos bastidores do estádio atraiu mais de 500 mil visitantes em 1.840 dias abertos, desde sua inauguração em junho de 2017, com um pico de 20 mil visitantes em julho de 2023, tornando-se uma fonte de engajamento para os fãs e turistas, milhares deles não palmeirenses.
Longe de casa
O estádio aberto para receber milhões de turistas e ser palco de tantos shows importantes é benéfico à WTorre, mas tem um preço para o Palmeiras: não poder mandar muitas partidas em sua casa, algumas delas decisivas.
Antes de terminar, a atual temporada foi a com mais saídas do Palmeiras de sua casa. O clube teve de jogar nove partidas fora do Allianz Parque. Foram sete jogos na Arena Barueri, administrada por uma das empresas da presidente Leila Pereira, e dois no Brinco de Ouro da Princesa, estádio do Guarani, em Campinas.
Mas apenas quatro dessas partidas o time não disputou no Allianz Parque por causa de shows agendados. O motivo da ausência nos outros duelos foi a demorada reforma do gramado sintético, efetuada no começo do ano, entre janeiro e março.
No ano passado, os shows e eventos agendados na arena tiraram a equipe de sua casa por quatro partidas na reta final do Brasileirão e impediram o Palmeiras de conseguir bilheteria recorde com o estádio em uma única temporada.
Neste ano, porém, a relação bélica entre Palmeiras e WTorre se tornou pacífica e a Real Arenas, braço da construtora responsável por administrar o estádio, passou a colaborar com operações mais rápidas de montagem e desmontagem de palco de shows, o que permitiu ao Palmeiras jogar em seu estádio lotado em ocasiões importantes, como a final do Paulistão, em abril - a banda de pagode Só Pra Contrariar se apresentou na sexta e no sábado e o Palmeiras decidiu no domingo o Estadual contra o Santos.
Operação parecida irá ocorrer na próxima semana. Na terça-feira, dia 26, o Palmeiras, vice-líder, faz contra o líder Botafogo o que pode ser seu jogo mais decisivo no ano. No dia seguinte, o cantor Roberto Carlos sobe ao palco para cantar seus conhecidos sucessos. Os dois eventos só foram mantidos em dias seguidos porque uma força-tarefa com operação veloz de montagem de estrutura e a boa relação entre as partes permitiram.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.