A troca de farpas entre a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, e o dono da SAF do Botafogo, John Textor, ganhou outro tom nesta quinta-feira, um dia após a confirmação do título alviverde no Brasileirão. Depois da conquista, a mandatária disse que o americano estava “desequilibrado”. Em nota, ele usou frases fortes e apontou favorecimento da arbitragem ao clube bicampeão nacional.
O Palmeiras reagiu em suas redes sociais e publicou uma mensagem ironizando a manifestação de Textor, que tem um relatório que apontaria supostos prejuízos ao Botafogo causados pela arbitragem ao longo do Brasileirão.
No início da manifestação, Textor afirma que Leila sempre foi generosa com ele e que continuará apoiando os clubes na busca pela criação de uma liga única que preze pelo fair play. Em seguida, o líder botafoguense diz que nunca sugeriu que a presidente do Palmeiras seria responsável “pelas curiosas ações e forças externas que apoiam o sucesso da equipe dela”.
Textor aponta que o Palmeiras esteve em superioridade numérica em relação a seus adversários em 11 ocasiões, enquanto o Botafogo não viveu tal circunstância ao longo do Brasileirão. O americano ainda sugere que o clube alviverde foi protegido pela arbitragem em lances de expulsão. “A estatística, claro, não faz menção aos três cartões vermelhos óbvios que o Palmeiras deveria ter levado, no mínimo, assim como há documentações independentes na mão do STJD. É sabido que outros clubes se sentem da mesma forma, e o Palmeiras se aproveita de proteção da arbitragem”.
Leia a nota completa produzida por John Textor
“Eu entendo que a Srª Pereira (Leila) ficaria chateada com nosso processo com o judiciário. Ataques pessoais, porém, não ajudam ninguém, então eu não vou repetir essa ação. Ela sempre foi generosa comigo e eu sinto que essas sérias circunstâncias de erros de arbitragem e provavelmente manipulações de partidas coloquem o Botafogo numa posição avessa aos interesses dela. Eu continuo com interesse de trabalhar com o Palmeiras e todos os clubes do Brasil para uma nova liga que terá o suporte de fair play para a competição nacional.
Eu nunca sugeri que ela, pessoalmente, é responsável pelas curiosas ações e forças externas que apoiam o sucesso da equipe dela. Ironicamente, assim como ela sugere que eu sou um cara “desequilibrado” por causa do estudo, eu queria lembrá-la que estamos buscando algo equilibrado para o benefício de todos os clubes, e benefício de todo o Brasil.
No tópico de equilíbrio, é preciso observar que o time dela vive em um mundo em que jogar 11 contra 10 representa equilíbrio. O Palmeiras se beneficiou da vantagem de 11 contra 10 por 11 vezes durante a temporada 2023, um ano que as equipes tiveram a média deste benefício em três. Botafogo, que nesse ano teve agressiva concorrência (suportando diversas ações violentas bem documentadas) não se beneficiou disso em nenhum momento. A estatística, claro, não faz menção aos três cartões vermelhos óbvios que o Palmeiras deveria ter levado, no mínimo, assim como há documentações independentes na mão do STJD. É sabido que outros clubes se sentem da mesma forma, e o Palmeiras se aproveita de proteção da arbitragem.
De novo, os erros de viés e erros de manipulação são antigos no futebol. No Brasileirão de 2023, temos evidências comprovadas que mostram que isso teve uma mudança efetiva na tabela do campeonato. A única diferença é que dessa vez a SAF Botafogo foi a primeira a enviar, para o poder judiciário, estatísticas avançadas e confirmação independente de problemas que acreditamos que podem ser consertados para o futuro... para o benefício de todos nós.
Srª Pereira, parabéns pelo seu Brasileirão 2023″
STJD arquiva pedido do Botafogo
O pedido de abertura de inquérito do Botafogo para apurar irregularidades no Campeonato Brasileiro foi arquivado, nesta quinta-feira, pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), José Perdiz de Jesus.
“Não vejo mínimas possibilidades jurídicas para abertura de Inquérito, vez que as razões apresentadas são subjetivas e sem consistência, porque são interpretações unilaterais que não guardam pertinência com a realidade desportiva”, afirmou Perdiz no despacho.
“Diante do exposto, determino o arquivamento sumário do presente pedido nos termos do artigo 83 do CBJD, por ausência de elementos indispensáveis ao procedimento. Indefiro o pedido postulado na inicial de fls. 02/04, sendo a presente decisão submetida aos Auditores do Pleno na data de hoje e, por maioria, vencido o Auditor Dr. Paulo Sérgio Feuz, referendada”, concluiu.
O Botafogo enviou, na quarta-feira, ao STJD um ofício cobrando providências do órgão acerca de relatórios produzidos a pedido do clube por uma empresa que analisa comportamentos da arbitragem e que apontariam supostos prejuízos em resultados de partidas desta edição do torneio nacional.
O dono da SAF do Botafogo, John Textor, contratou a empresa “Good Game!” para avaliar a postura dos árbitros nos jogos do Brasileirão e detectar possíveis manipulações de resultado. Foi produzido, então, um relatório que apontaria o Botafogo como líder do campeonato, caso a arbitragem tivesse tomado decisões a favor do clube em determinados jogos.
Na nota emitida, o Botafogo ainda explorou cinco sugestões para serem adotadas para melhorar a qualidade da arbitragem no Campeonato Brasileiro:
- Regulamentação da profissão de árbitro de futebol profissional;
- Independência institucional entre a entidade que regula a arbitragem de futebol profissional e a entidade organizadora da respectiva competição;
- Acompanhamento técnico-científico dos lances e indicadores das partidas de futebol profissional masculino, com a contratação de empresas de auditoria independente, especializadas na análise de dados desportivos;
- Criação de ranking de árbitros baseados nos erros cometidos ao longo do campeonato e, com base neste ranking, a adoção de critérios de promoção e rebaixamento para árbitros;
- Transparência na escalação de árbitros para partidas de futebol profissional, além de outras medidas que venham a ser indicadas.
Antes de saber o parecer do STJD. o Botafogo ameaçou continuar a batalha na Justiça Comum para “apurar os fatos narrados e contribuir para a evolução do futebol brasileiro”.
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