Sampaoli abandona jogadores do Flamengo no gramado e pode ver diretoria abrir mão de seu trabalho

Argentino vê incessante turbulência culminar em novo vice-campeonato; destino deve ser selado nos próximos dias: ‘Não penso em pedir demissão. Essa avaliação cabe ao presidente do clube’

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Por Redação
Atualização:

Independentemente do vice-campeonato da Copa do Brasil, Jorge Sampaoli não tem futuro no Flamengo. O argentino, alvo de contestação da torcida, diretoria e do elenco rubro-negro não deve seguir no clube para o próximo ano. Segundo apuração da ESPN, o presidente Rodolfo Landim, o vice-presidente de futebol Marcos Braz e o diretor executivo Bruno Spindel bateram o martelo na última semana e tomaram uma decisão quanto à continuidade do técnico para apenas esta temporada.

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Mesmo com respaldo de Landim, que bancou sua contratação para substituir Vítor Pereira, os dirigentes não veem mais clima para que Sampaoli siga no comando. A situação começou a ficar insustentável quando Pablo Hernández, membro de sua comissão técnica, deu um soco em Pedro após a vitória de 2 a 1 sobre o Atlético-MG pelo Brasileirão. Ele foi demitido. A forma como o argentino lidou com a situação não foi bem vista pelos jogadores, e ele foi ficando cada vez mais isolado no vestiário.

A distância entre elenco e comissão técnica é apontada internamente como um dos principais complicadores para que o trabalho de Sampaoli obtivesse algum sucesso. Neste domingo, após o empate por 1 a 1 com o São Paulo e a perda da Copa do Brasil, o argentino não permaneceu sequer em campo, foi para o vestiário e deixou seus atletas ganhando consolos de Dorival Júnior no gramado.

Após alguns meses de trabalho, Sampaoli ficou isolado do elenco do Flamengo e perdeu apoio tanto de jogadores quanto de parte da diretoria. Foto: Jorge Saenz/AP

“O Flamengo é uma equipe irregular, que tem picos. Com respeito à minha relação com os jogadores, cada um que chegou do jogo (no vestiário), eu felicitei. Para mim, deram tudo que podiam”, afirmou Sampaoli em coletiva após a final deste domingo.

Se não fosse o apoio do presidente do Flamengo, Sampaoli, provavelmente, já teria sido demitido. Além do caso com Hernández, o treinador também enfrenta críticas por não repetir um time titular (foram 39 escalações diferentes em 39 jogos) e não ter proximidade com o elenco, com poucas conversas com o time. Nos últimos anos, o rubro-negro se deu melhor com técnicos que tinham o estilo “paizão”, de boa relação com os atletas: casos de Renato Gaúcho e Dorival Júnior, além de Jorge Jesus.

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Uma das maiores cobranças da torcida é a definição de uma equipe coerente, algo que pesou contra o argentino. Em alguns jogos, David Luiz jogou de volante, mesmo com jogadores da posição disponíveis, e Thiago Maia e Everton Cebolinha ‘revezaram’ funções de lateral-esquerdo. Pulgar, um dos poucos destaques do Flamengo nesse cenário turbulento, foi improvisado de zagueiro, com Rodrigo Caio, um dos mais influentes do elenco, disponível para atuar.

Essa não foi a primeira vez que Sampaoli perdeu o comando do vestiário. Em 2018, ele teve passagem conturbada pela seleção da Argentina, também sem repetir escalações e até tendo de se consultar com líderes da equipe para saber quem levar a campo. As imagens mais emblemáticas desse período foram as do treinador comemorando os gols da seleção sozinho. Lionel Scaloni assumiu o time em seu lugar e, desde então, a Argentina conquistou a Copa América de 2021 e a Copa do Mundo de 2022.

Sampaoli chegou ao Flamengo conquistando bons resultados pontuais, mas situação ficou insustentável a partir de agressão de seu preparador físico ao atacante Pedro. Foto: Andre Coelho/EFE

Sampaoli ganhou enorme destaque no futebol a partir da década de 2010, quando uma vistosa Universidad de Chile chegou a duas semifinais de Libertadores sob seu comando e venceu a Copa Sul-Americana de 2011. As campanhas lhe renderam o comando da seleção chilena, com a qual conquistou o título inédito da Copa América de 2015.

No Brasil

O primeiro trabalho no Brasil foi com o Santos, onde voltou a ganhar notoriedade ao levar o time alvinegro ao vice do Campeonato Brasileiro, perdendo apenas para o Flamengo de Jorge Jesus. Depois, assumiu o Atlético-MG, pelo qual conquistou seu último título: o Campeonato Mineiro de 2020. Após uma passagem elogiada no Olympique de Marselha e outra com problemas no Sevilla, chegou ao rubro-negro, onde está agora.

“Não penso em pedir demissão. É uma avaliação que cabe ao presidente. Eu cheguei em um clube em crise, que tinha perdido quatro finais e em situação complicada na Copa do Brasil porque foi derrotado pelo Maringá e também pelo Aucas na Libertadores. Tentamos, em cinco meses de luta, mudar essa realidade. Não aconteceu o que queríamos, mas me dediquei 24 horas por dia para alterar a situação. Para mim, o Flamengo perdeu essa Copa do Brasil injustamente. Fomos melhores do que todos os adversários”, disse.

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