Jornal de Valência diz que insulto racista foi ‘caso isolado’ e critica Vini Jr.: ‘Não provoque’

Publicação comemora permanência de time local na primeira divisão em manchete, após vitória sobre o Real Madrid, e minimiza ofensas ao atacante brasileiro

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O jornal Super Deporte, de Valência, na Espanha, afirmou que os insultos racistas direcionados a Vinícius Júnior no domingo, na derrota por 1 a 0 do Real Madrid para o time local, foram um caso isolado. O diário esportivo ainda criticou o atacante brasileiro e o técnico Carlo Ancelotti por ‘tumultuarem’ a partida com esse assunto.

A manchete do Super Deporte comemora a permanência do Valencia na primeira divisão, após a tradicional equipe brigar durante quase todo o Campeonato Espanhol para não cair. Em sua capa, o jornal deu um menor destaque ao episódio envolvendo Vini Jr., afirmando que o Real Madrid “montou um show” por um incidente isolado de racismo. “Ancelotti, não minta. Vinicius, não provoque”, escreveu.

Jornal Super Deporte criticou Vini Jr e minimizou insultos racistas sofridos pelo brasileiro. Foto: Reprodução/Super Deporte

PUBLICIDADE

Aos 27 minutos do segundo tempo, torcedores do Valencia começaram a chamar Vinícius Junior de “mono” (“macaco”, em espanhol). O brasileiro reclamou com o árbitro Ricardo de Burgos Bengoechea e a partida ficou paralisada por nove minutos. O confronto seguiu com o brasileiro revoltado e desestabilizado pelos rivais em campo. A torcida não parava.

Na reta final da partida, Vinícius se desentendeu com o goleiro Giorgi Mamardashvili e acabou expulso, mesmo tendo levado um mata-leão do atacante Hugo Duro, que não foi focado pelo VAR. Ao deixar o gramado, o atacante fez um “dois” com os dedos, em referência à luta do time contra a queda para a Série B.

O Super Deporte noticiou, ainda, que Vini Jr. ofendeu um repórter do jornal horas após a partida. O brasileiro distribuía autógrafos na zona mista quando foi questionado se pediria “perdão” aos torcedores do Valencia pela provocação em referência à segunda divisão. Surpreso com a pergunta, o jogador rebateu: “Você é tonto?”

Publicidade

Olé também critica Vinicius Jr.

O diário esportivo Olé, da Argentina, também criticou Vinícius Júnior ao comentar sobre a partida na Espanha, dando foco à provocação do brasileiro e minimizando os insultos raciais proferidos pelos torcedores do Valencia contra ele. “Muito mal Vinicius: foi expulso a mando do VAR por atacar um rival e, ao sair de campo, provocou a torcida do Valencia. Fez o ‘2′ com os dedos, fazendo referência por estarem lutando para não descer à Segunda Divisão em Espanha...”, publicou o jornal.

Jornal argentino 'Olé' criticou Vini Jr. por provocações à torcida do Valencia após insultos racistas. Foto: Reprodução/@DiarioOle

Entenda o caso

O brasileiro Vinícius Júnior foi mais uma vez vítima de racismo na Espanha. A nona vez. Parte da torcida do Valencia, que enfrentou e venceu o Real Madrid no domingo por 1 a 0, gritou insultos racistas direcionados ao jogador brasileiro no segundo tempo da partida, que foi paralisada e depois retomada pelo árbitro por causa das ofensas.

Nos acréscimos, o brasileiro, revoltado e desestabilizado pelos rivais, foi expulso depois de se desentender com o atacante Hugo Duro, em quem acertou o braço. Ele levou cartão amarelo, mas após revisão do lance pelo VAR, foi expulso pela arbitragem.

O episódio gerou revolta no Real Madrid, cujo técnico Carlo Ancelotti dedicou sua entrevista coletiva inteira para falar sobre o caso de racismo, contrariando as perguntas de uma repórter que só queria falar de futebol. A polêmica aumentou em seguida quando o presidente da La Liga, Javier Tebas, criticou Vinícius por ter reclamado da postura da entidade diante dos casos de racismo.

São muitos os episódios de preconceito racial contra Vini Jr. Recentemente, o brasileiro depôs na Justiça espanhola no âmbito do caso em que foi xingado de “macaco” por um torcedor do Mallorca em fevereiro deste ano. “Não foi a primeira vez nem a segunda nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas”, afirmou o atleta em seu perfil no Twitter.

Publicidade

O brasileiro ainda alertou para a imagem que a Espanha passa para o exterior ao permitir que tais ataques aconteçam na maior competição esportiva da nação. “Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.