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Justiça rejeita pedido de Scarpa para bloquear 30% do salário de Willian Bigode no Athletico-PR

Decisão da 10ª Vara Cível pede esclarecimentos acerca de apreensão de alexandritas, supostamente avaliadas em R$ 2,5 bilhões; meia tenta reaver prejuízo com criptomoedas em negócio oferecido pelo colega no Palmeiras

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Foto do author Murillo César Alves
Atualização:

A Justiça de São Paulo rejeitou nesta segunda-feira, dia 31, pedido do jogador Gustavo Scarpa para que Willian Bigode, seu ex-companheiro de Palmeiras, tivesse 30% do salário no Athletico-PR bloqueado a fim de pagar prejuízo em transação ofertada pelo amigo. A decisão, a qual o Estadão teve acesso, é do juiz Danilo Fadel de Castro, da 10ª Vara Cível de São Paulo. Além disso, o magistrado pediu informações à Justiça acreana sobre as pedras alexandritas, apreendidas pela Polícia Federal no último mês e supostamente avaliadas em mais de R$ 2,5 bilhões.

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O pedido de Scarpa se deu no início deste mês. Com o pedido, o meia que está no futebol inglês buscava ressarcir parte do prejuízo de R$ 6,3 milhões que teve ao investir em criptomoedas por meio da operadora XLand, indicada ao jogador pelo amigo Willian Bigode, quando eles atuavam no Palmeiras, e seus sócios na empresa WLJC Consultoria e Gestão Empresarial.

“Por proêmio, pugna pelo arresto, a recair sobre os bens dos sócios da empresa WLJC e o percentual de 30% do salário do requerido Willian, junto ao seu empregador e ex-empregador, que dividem o pagamento da sua verba salarial”, afirma o juiz na decisão. Em outra palavras, ele não autorizou o bloqueio do salário para pagar as dívidas. A decisão ainda cabe recurso por parte da defesa de Scarpa.

Scarpa e Bigode foram companheiros no Palmeiras. Foto: Cesar Greco/ SE Palmeiras

Quanto às alexandritas, a Justiça de São Paulo pediu esclarecimentos após o pedido de busca e apreensão de um lote de pedras da gestora de investimentos de cripto XLand, que estava sob poder da empresa Sekuro Private Box, e que poderia servir também para pagar as pendências aos jogadores. “Até que se esclareça a destinação das referidas pedras preciosas, fica indeferida a pretensão de arresto sobre os bens dos sócios da requerida WLJC”, pontuou o magistrado.

De acordo com a XLand, o malote das pedras pesa 20,8kg e é avaliado em US$ 500 milhões (R$ 2,5 bilhões). O advogado de Scarpa havia ajuizado pedido para que o malote ficasse sob a custódia da Justiça, mas o juiz Daniel Fadel de Castro, da 10ª Vara Cível, porém, determinou que o malote permaneça sob a custódia da Sekuro Private Box S/A, com quem a gestora de investimentos mantinha contrato. A apreensão se deu no dia 13 de julho.

“O teor da decisão não é uma surpresa para a defesa, sobretudo diante dos irrefutáveis fundamentos que foram invocados na apresentação do pedido, que é coerente e pertinente”, disse o advogado Bruno Santana, advogado de Willian Bigode, em nota enviada ao Estadão. “O magistrado, em reverência à própria decisão proferida em março de 2023, qual determinou o arresto das pedras de alexandrita em garantia a eficácia de possível futura sentença, atendeu ao pleito da defesa e determinou a expedição de ofício a 1ª Vara Federal Cível e Criminal da Seção Judiciária do Acre, a fim de obter informações e os esclarecimentos”.

O que são pedras de alexandrita?

As pedras de alexandrita são raras e encontradas na Rússia, Sri Lanka e no Brasil, mais precisamente em Minas Gerais, em Nova Era e também na Bahia, cujo material não costuma ser de boa qualidade. Elas mudam de cor dependendo do ambiente. Sob efeito da luz natural, ficam verdes, enquanto sob determinados tipos de luzes artificiais, assumem a cor vermelha.

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De acordo com Hugo Verner Flister, gemólogo especialista em identificação, classificação e avaliação de pedras preciosas, apontar alexandritas, rubis e esmeraldas como garantias de investimentos é algo que surgiu em 1995, especialmente em Minas. Mais recentemente, o mesmo artifício passou a ser usado em investimentos de criptomoedas e na troca de bens imóveis. Casos semelhantes ao dos jogadores são recorrentes.

“Quase na totalidade dos casos, nesses laudos, o profissional classifica o material de forma errada e precifica em função dessa classificação errada. Atesta boa qualidade, mas na verdade esses materiais não têm aproveitamento para fim gemológico. Muitas vezes não têm cor, transparência nem é alexandrita de verdade. Nos meus 40 anos de profissão, nunca vi 20 kg de alexandrita de boa qualidade. O judiciário está tomando ciência desse assunto (uso de laudos fraudulentos para atestar qualidade de pedras preciosas) de maneira tardia. Essa documentação gera diversos problemas no mercado”, afirma Verner.

Entenda o caso

Os problemas com a XLand começaram em meados de 2022, quando Gustavo Scarpa e Mayke tentaram resgatar a rentabilidade aplicada, mas não tiveram sucesso após seguidas negativas e adiamentos da XLand. Mais tarde, os então jogadores do Palmeiras tentaram romper o contrato, mas também não receberam o valor devido.

Após seguidos contatos com os sócios da XLand, Jean do Carmo Ribeiro e Gabriel de Souza Nascimento, com Willian e Camila e um coach de gestão financeira, Marçal Siqueira, que tinha parceira com a empresa acreana, Scarpa e Mayke procuraram seus advogados e registraram um boletim de ocorrência. Desde então, o processo corre na Justiça paulista, ainda sem decisões proferidas sobre culpabilidade dos réus.

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