Todos os representantes da Liga Forte Futebol do Brasil (LFF) se reuniram nesta terça-feira, 6, em um hotel em São Paulo com o objetivo de apresentar suas propostas, com números e projeções detalhadas, para a criação de uma liga única independente da CBF, com a participação 40 clubes das Séries A e B do futebol brasileiro.
Todos os 25 clubes que compõem a LFF foram representados no evento. A comissão, formada por Mario Bittencourt, Mario Celso Petraglia, Sergio Coelho, Marcelo Paz, Alessandro Barcelos, e Marcos Salum, presidentes de Fluminense, Athletico-PR, Atlético-MG, Fortaleza, Inter e América Mineiro ficou responsável por expor as propostas e os números.
No encontro, também foi anunciada a parceria do Futebol Forte com a XP Investimento, que passa a ser interlocutora exclusiva do grupo para buscar investidores no mercado em nome dos 25 clubes do bloco, que também é assessorada por Alvarez & Marsal e LiveMode.
As discussões entre a LFF e a Liga do Futebol Brasileiro (Libra) para consolidar a liga têm acontecido há meses em busca de um consenso. O principal ponto de divergência é a partilha dos recursos, sobretudo a divisão de receitas provenientes dos direitos de transmissão do Brasileirão.
Dessa maneira, os membros da LFF decidiram apresentar seus propostas e explicaram os critérios de distribuição, com ênfase na partilha das receitas vindas dos direitos de TV. Eles dizem que o propósito principal é maximizar o Campeonato Brasileiro. O entendimento é de que o produto é mal explorado pela CBF, pouco conhecido no exterior e que existe um notável desequilíbrio de receitas.
“Esse desequilíbrio afugenta os investidores. O futebol brasileiro não conhecido no mundo inteiro. Os países não conhecem nossas marcas. Eles conhecem a seleção brasileira. A ideia é fazer todo o bolo crescer com a melhor divisão de receitas”, argumentou o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz.
A divisão do dinheiro proposta pela LFF tem 45% divididos de forma igualitária, 30% sobre performance e 25% por apelo comercial. Eles entendem que a diferença máxima de receita entre o primeiro e último clube não deva ultrapassar 3,5 vezes. A organização se apoia no modelo de receita adotado pelas principais ligas do mundo, como a Premier League a La Liga.
“Precisamos olhar para frente e decidir se vamos ser uma das três maiores ligas do mundo, seguindo os modelos que geraram sucesso no mundo todo, ou se vamos ficar discutindo como manter o futebol brasileiro como mero exportador de talentos, tentando manter os privilégios gerados pelo modelo atual”, afirmou o presidente do Fluminense, Mario Bittencourt.
Ele é uma das liderança do movimento, cujo decano é Mario Celso Petraglia. O mandatário do Athletico-PR reforçou que o que se busca é “uma igualdade maior entre os clubes para que a gente possa vender melhor o produto”.
“A nossa intenção é crescer as receitas. Se não tivermos esse limitador decrescente, as distâncias ficarão cada vez maiores. Está provado que performance em campo é diretamente proporcional ao fluxo de caixa. Queremos igualdade, não diferenças absurdas”, pontuou Petraglia. O Athletico-PR é o único clube da Série A que não tem acordo com o Grupo Globo pelos direitos de transmissão na TV fechada.
“O Athletico-PR não vendeu os direitos para a Globo porque o Flamengo deve faturar R$ 160 milhoes no Pay-per-view e a nos caberiam R$ 2 milhões”, justificou, fazendo a comparação entre os valores.
Liga vai sair do papel?
“Quem tem mais ganha mais. Mas olhando pros dados históricos, essas diferenças nunca serão como no PPV. Isso gera estímulo positivo para que os times aumentam a atratividade, melhora audiência e melhora o produto. Ai a gente sai desse ciclo vicioso. A distribuição meritocrática vai ser melhor pra todo mundo”, defende Edgard Diniz, sócio da LiveMode, empresa que auxiliar os clubes da LFF.
Também houve nesta terça outro encontro, com representantes técnicos que auxiliam a LFF e a Liga do Futebol Brasileiro (Libra) em mais uma tentativa de avançar na discussão sobre os cálculos para resolver o principal impeditivo do acordo: chegar em um modelo que não permita que o primeiro da fila receba mais de 3,5 vezes do que ganha o último.
Conversas lentas em andamento
O Estadão apurou que as conversas para a construção da liga única têm avançado lentamente. Embora alguns clubes que pertencem à Libra concordem com o modelo apresentado pela LFF, Flamengo e Palmeiras, principalmente, não estão de acordo. Os dois, além de Corinthians e São Paulo, são os que mais ganham com direitos televisivos.
A diferença máxima de 3,5 vezes entre o primeiro e o último time proposta pelos 25 clubes da LFF não agrada principalmente o Flamengo, um dos poucos que têm direito ao mínimo garantido do contrato atual de pay-per-view.
O Forte Futebol considera que nenhum clube deve receber menos do que a receita de 2022 e sustenta que o bolo total traga uma divisão na proporção 80/20 com as equipes que disputam a Série B.
A LFF é composta por América-MG, Athletico-PR, Atlético-GO, Atlético-MG, Avaí, Brusque, Chapecoense, Coritiba, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventute, Londrina, Náutico, Operário, Sampaio Corrêa, Sport, Vila Nova e Tombense.
A Libra é formada por Botafogo, Cruzeiro, Corinthians, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Santos, São Paulo e Vasco.
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