A Liga do Futebol Brasileiro (Libra) realizou nesta terça-feira, na sede da Federação Paulista de Futebol (FPF), uma Assembleia Geral Extraordinária para a votação do novo modelo de divisão de receitas entre os clubes. Com os ajustes, o grupo diminuiu para 3.4 vezes a diferença do valor a ser recebido pelo time que receberá mais dinheiro e o que receberá menos. Agora, a entidade vai buscar um consenso com o outro bloco, a Liga Forte Futebol do Brasil (LFF), para o desenvolvimento de uma liga única para a organização das Séries A e B do Campeonato Brasileiro.
Outro ponto importante decidido na Assembleia foi o critério de engajamento. Apenas a audiência televisiva será levada em consideração. O fator era bastante criticado pelos membros da LFF, que discordavam dos critérios anteriores — ocupação nos estádios e venda de pay-per-views. Leila Pereira, presidente do Palmeiras, e Julio Casares, do São Paulo, foram alguns dos que participaram do evento em São Paulo.
“Ficou decidido que o engajamento será só a audiência. Fica mais simples e mais justo e fácil para o convencimento de outros clubes aderirem nossa liga”, disse Leila. “Houve uma evolução muito grande. Eu acho que são mais argumentos para os outros clubes aderirem a nossa liga. Eu fiquei bem animada (com a reunião)”.
A diferença de 3.4 vezes entre os times das duas pontas é próximo dos 3.5 que a Liga Futebol Forte desejava, no máximo, para negociar. Seguindo critérios próprios, a LFF idealiza em seu modelo uma diferença de 2.8 vezes no valor a ser distribuído entre o que irá ganhar mais dinheiro e o que vai levar menos. Anteriormente, a diferença nos contratos assinados pela Libra com o Grupo Mubadala estava em 5.89 vezes. Posteriormente, o bloco alterou o seu estatuto para a diferença cair para 4.88. Tudo, por ora, gira em quanto cada clube vai embolsar com os direitos de transmissão.
O novo formato de divisão entre as equipes da Série A prevê um modelo onde 45% do total das receitas anuais serão distribuídos de forma igualitária entre os clubes, 30% medidos pela performance e os outros 25% pela audiência de cada time na TV. O período de transição para a divisão de receitas chegou a ser especulado em cinco anos, mas o presidente do São Paulo, Julio Casares, acredita que o período pode ser menor.
“Quem irá sinalizar o período de transição será o mercado. Pode ser bem antes disso (dos cinco anos) por causa do potencial de mercado. A grande notícia é que a diferença na divisão de valores está contemplada dentro de uma escala de faturamento”, afirmou. “Acredito que foi um avanço. Agora é conversar com o Forte Futebol (LFF) para que todos estejam juntos, todos os 40 clubes. Não há uma liga de uns e uma liga de outros. Muito pelo contrário, é dar unidade ao futebol brasileiro”, disse.
A oferta do Grupo Mubadala que está na mesa da Libra é a compra de 20% dos direitos comerciais da futura Liga do Futebol Brasileiro por R$ 4,75bilhões. Trata-se de uma empresa global de gestão de ativos. As regras de governança, compliance e possíveis prazos de pagamentos para os membros da Libra já foi apresentado.
DIVISÃO DOS CLUBES
Atualmente, a Libra é formada por 18 clubes (11 da Série A e sete da segunda divisão): Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo, Vasco e Vitória.
A LFF é formada por 26 clubes (nove times da Série A, 13 da Série B e quatro da Série C): ABC, Athletico-PR, Atlético-MG, América-MG, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Coritiba, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Figueirense, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário, Sport, Tombense e Vila Nova.
Com os ajustes aprovados, membros da Libra também criaram um Comitê para apresentar o novo modelo às equipes que ainda não fazem parte do grupo. Seis representantes foram eleitos para esta responsabilidade: Alberto Guerra (Grêmio), Duílio Monteiro (Corinthians), Gabriel Lima (Cruzeiro), Guilherme Bellintani (Bahia), Rodolpho Landim (Flamengo) e Thairo Arruda (Botafogo).
Outro ponto que será debatido pela Assembleia no próximo encontro, ainda sem data definida, é a necessidade da unanimidade para a aprovação de qualquer mudança no estatuto. “Ter a unanimidade para decidir qualquer ponto é extremamente importante porque (sem isso) inviabiliza qualquer negócio. Voltaremos nesse ponto em uma nova reunião”, disse Leila. “Os dirigentes precisam ter maturidade para colocar o nome na história porque é uma oportunidade que talvez não surja outra igual”, afirmou Casares.
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