Os 25 clubes das Séries A e B do País que não aderiram à Libra (Liga do Futebol Brasileiro) se reuniram nesta terça-feira na sede da CBF, no Rio de Janeiro, onde assinaram a Ata de constiuição da Liga Forte Futebol do Brasil. Com a formalização do Estatuto, o grupo busca um consenso para a criação de uma liga.
"Acho que foi dado um passo muito importante hoje no futebol brasileiro. Esse movimento mostra uma consolidação de princípio, de valores... Clubes que há bastante tempo estão reunidos no mesmo propósito. Hoje, a maior entidade representativa de clubes em formato de liga no futebol brasileiro tem o objetivo de fazer um futebol mais justo, democrático e igualitário, para o bem do produto como um todo. Estamos de portas abertas para agregar novos clubes que tenham esses mesmos princípios", disse Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, ao Estadão.
A fundação de um novo bloco surge após os 25 clubes demonstrarem insatisfação com a proposta de divisão dos recursos, como por exemplo as cotas de TV, colocadas pelas agremiações que compõem a Libra. O grupo recém-criado é formado por: Athletico-PR, Atlético-MG, América-MG, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Coritiba, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário, Sampaio Corrêa, Sport, Vila Nova e Tombense.
Enquanto a Libra propõe uma divisão de receitas em que 40% seja feita de forma igualitária, 30% por desempenho e outros 30% por audiência e engajamento — sem critérios muito claros quanto a isso —, o grupo contrário exige valores diferentes, com uma divisão de 45%, 25% e 30%, respectivamente.
A Libra, bloco formado por Botafogo, Bragantino, Cruzeiro, Corinthians, Flamengo, Guarani, Ituano, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Santos, São Paulo e Vasco, assinou um documento de intenção com a proposta da da Codajas Sports Kapital para a organização dos campeonatos da primeira e segunda divisão.
A La Liga, que organiza o Campeonato Espanhol, vê com bons olhos a possibilidade de arrecadar R$ 25 bilhões por ano para os clubes. A outra interessada é a LiveMode/1190, uma empresa que distribui os jogos do Brasileiro no exterior.
"Hoje foi dado um passo importante para o desenvolvimento do futebol brasileiro diante do protagonismo dos clubes. Conseguimos chegar a um consenso de modelo inicial de governança para avançar na formalização da Liga e, a partir disso, buscar a adesão de outras agremiações e desenvolver os modelos de acordos comerciais. Evidentemente, temos muito trabalho a ser feito, porém o bom diálogo entre todas as partes nos deixa otimistas quanto ao alcance dos nossos objetivos", afirmou Guilherme Mallet, vice-presidente jurídico do Internacional.
Intenção antiga das principais agremiações do País, a criação de uma liga de clubes nunca teve o caminho tão aberto para sair do papel quanto agora. Isso porque no acordo que garantiu a eleição por consenso de Ednaldo Rodrigues à presidência da CBF, em março, o dirigente se comprometeu a dar liberdade aos clubes para organizarem o Brasileirão a partir de 2025 — algo que até então a entidade rechaçava.
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