Se por um lado Emerson Fittipaldi não conseguiu se eleger ao Senado da Itália pelo partido da ultradireitista Giorgia Meloni, que venceu o pleito ao Parlamento, por outro Claudio Lotito, presidente da Lazio, foi a figura do meio esportivo que saiu vitoriosa na eleição deste domingo. O triunfo do mandatário aumentou a lista de polêmicas do time de Roma, frequentemente ligada ao fascismo.
Lotito tentou se eleger pela primeira vez em 2018, mas sem êxito. Desta vez, recebeu 43% dos votos na disputa na região de Molise, ao sul da Itália. A coalizão da qual o presidente da Lazio faz parte tem como um dos seus membros o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, antigo proprietário do Milan e atual dono do Monza, acusado de manter relações com a máfia.
A vitória de Lotito na eleição deste ano não chega a ser uma surpresa, visto que a Itália é um dos países na Europa que acompanha de perto a ascensão de uma ala conservadora. A Lazio é conhecida pela ligação de seus torcedores mais radicais, os ultras, com movimentos de extrema-direita. Cartazes com o nome de Benito Mussolini, ditador fascista do período da Segunda Guerra e torcedor do clube, são comuns no estádio durante as partidas da equipe. Seu bisneto atua nas divisões de base do time.
As polêmicas envolvendo a Lazio são muitas, desde cantos racistas contra jogadores negros, críticas a contratações de atletas com origem judaica e faixas com suásticas. Um dos momentos mais simbólicos da relação do clube com o fascismo aconteceu em 2005, quando o ex-atacante Paolo di Canio comemorou uma vitória da equipe fazendo uma saudação fascista, em alusão a Mussolini.
Em outubro do ano passado, o falcoeiro espanhol Juan Bernabé, responsável por voar a águia mascote do clube antes do início dos jogos, foi flagrado fazendo uma saudação fascista enquanto a torcida gritava “Duce! Duce!”, apelido de Mussolini na época em que comandou a Itália. O profissional acabou sendo suspenso pelo clube.
Apesar de Lotito, que comanda a Lazio desde 2004, ter logrado êxito na política italiana por um partido de extrema-direita, a administração do clube romano vem lutando nos últimos anos para reprimir condutas de intolerância por parte de seus torcedores. Em 2021, Noemi Di Segni, presidente da União das Comunidades Judaicas Italianas, pediu à Federação Italiana de Futebol (FIGC, sigla em italiano) que tire os fascistas do jogo para evitar que seu ódio “se espalhe do campo para cada quadrado” do país.
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