O atacante Luis Díaz, do Liverpool e da seleção colombiana, vive um drama pessoal desde que o seu pai foi sequestrado pelo grupo guerrilheiro Exército de Libertação Nacional (ELN) em seu país. O jogador fez um apelo pela libertação. O jogador desfalcou o Liverpool por dois jogos em razão do sequestro, mas voltou a campo no domingo, saindo do banco, marcou o gol do empate por 1 a 1 com o Luton Town e, ao celebrar, exibiu a frase “Liberdade para papai” estampada em uma camiseta que vestia por baixo do uniforme. Depois da partida, publicou o comunicado em que fala diretamente ao ELN e pede o apoio de autoridades internacionais.
“Hoje quem fala não é o jogador de futebol, quem fala é Lucho Díaz, filho de Luis Manuel Diaz. Mane, meu papai, é um trabalhador incansável, pilar da nossa família, e está sequestrado. Peço ao ELN a pronta liberação de meu pai, e aos órgãos internacionais solicito que intercedam por sua liberdade. A cada segundo, cresce a nossa angústia. Eu, minha mãe e meus irmãos estamos desesperados, angustiados e sem palavras para descrever o que estamos sentindo. Este sofrimento só terminará quando ele voltar para casa. Suplico que liberem de imediato, respeitando sua integridade e terminando o quanto antes com essa dolorosa espera. Em nome do amor e da compaixão, pedimos que reconsideram suas ações”, escreveu o atacante colombiano.
Mane Díaz foi sequestrado no fim de semana passado, junto com sua mulher, Cilenis Marulanda Molina, mãe do jogador do Liverpool, na cidade colombiana de Barrancas. Horas depois, Cilenis foi resgatada pela polícia após ser deixada em uma zona rural, mas Mane não foi libertado. Na quinta-feira, o governo da Colômbia informou que uma unidade do ELN foi a responsável pelo sequestro. No mesmo dia, formou-se um gabinete de crise e divulgou-se um comunicado exigindo a libertação imediata de Mane. O ELN respondeu com uma nota classificando o sequestro como “um erro” e prometendo libertar o sequestrado. Mas isso não aconteceu. A família acredita que Mane esteja vivo.
A Colômbia vive uma tentativa de acordos de paz articulada pelo presidente Gustavo Petro. Empossado em agosto de 2022, o político do partido de esquerda “Colômbia Humana” se comprometeu a transformar o país, conhecido por sua violência, em uma “potência mundial da vida”. Há 11 meses, trava negociações com o ELN, em meio a um cessar-fogo, mas o episódio com o pai de Luis Díaz colocou dúvidas sobre as reais intenções do grupo guerrilheiro de manter a paz.
O sequestros de familiares de jogadores de futebol já ocorreu no Brasil, no fim dos anos 1990 e começo de 2000. Veja alguns casos:
Robinho
O caso de Luís Díaz não é o primeiro entre jogadores de futebol. O crime foi recorrente entre os boleiros na virada do século. O primeiro a ganhar repercussão no Brasil aconteceu em 2004, quando a mãe de Robinho foi sequestrada, no dia 7 de novembro, durante um churrasco com amigos na Praia Grande, no litoral paulista. Ela ficou 40 dias sob o poder dos bandidos em cativeiro e foi libertada após o pagamento de R$ 200 mil. O atleta vivia grande fase naquela época e não entrou em campo durante o período. Atualmente, Robinho tenta evitar uma prisão no Brasil após ser condenado na Itália pelo estupro de uma jovem de 23 anos.
Grafite e Luís Fabiano
Comentarista do SporTV e da Globo, o ex-jogador Grafite viveu momentos de tensão após ter a mãe sequestrada, em 2005, quando ainda jogava no São Paulo. Ela acabou sendo libertada pelos bandidos 26 horas depois, sem o pagamento de resgate, depois que a polícia encontrou o local do cativeiro.
Naquele mesmo ano, Luís Fabiano, ex-São Paulo e então no Porto (POR), também teve a mãe raptada por bandidos. Ele é natural de Campinas. Ela ficou 64 dias como refém em Mairinque, no interior paulista, e foi resgatada por forças policiais.
Ricardo Oliveira
O caso mais chocante entre jogadores no Brasil aconteceu em 2007, com a mãe do atacante Ricardo Oliveira, ex-Santos e que atuava pelo Milan na época do crime. Maria de Lourdes foi raptada dentro da própria casa e ficou cerca de cinco meses sob o poder dos sequestradores, em diferentes locais de cativeiro. A Polícia Civil chegou a levantar a hipótese de que a mãe do jogador estivesse morta pela falta de informações, mas uma denúncia anônima ajudou na localização da vítima e ela foi salva sem a necessidade do pagamento de resgate.
Carlitos Tévez
Fora do País, um dos episódios de maior repercussão aconteceu em 2014, quando o pai do argentino Carlos Tévez foi vítima de um sequestro relâmpago, na região metropolitana de Buenos Aires. Os três homens responsáveis pelo crime pediram um alto valor para o resgate ao descobrir de quem se tratava o homem, mas cerca de nove horas depois acabaram liberando o pai do atleta, que na época jogava na Juventus. Carlitos atuou pelo Corinthians.
Riquelme
Quando começou a despontar com a camisa do Boca Juniors, o meia argentino Juan Riquelme sofreu um baque ao ter o seu irmão Cristian sequestrado, em 2002, ano de Copa do Mundo, e levado para um cativeiro a mais de 15 quilômetros de Buenos Aires. Ele foi libertado após 48 horas depois de a família realizar o pagamento do resgate, estimado em US$ 150 mil pela imprensa local.
Wilson Palacios
O caso triste da lista fica por conta do jogador hondurenho Wilson Palacios. O atleta havia acabado de se transferir para o Birmingham, da Inglaterra, em 2007, quando o seu irmão Edwin foi sequestrado. O resgate chegou a ser pago, mas a vítima nunca foi libertada pelos sequestradores. Dois anos depois, os restos mortais do Edwin foram encontrados pela polícia. /com informação do Estadão Conteúdo.
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