Luís Roberto revela a Galvão origem do ‘sabe de quem?’ e história por trás dos ‘negros maravilhosos’

Narrador da Globo foi o convidado desta semana do podcast ‘Fala, Galvão!’ e contou detalhes sobre frases marcantes e bordão famoso da carreira

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Foto do author Rodrigo Sampaio
Atualização:

O narrador Luís Roberto foi o convidado desta semana do podcast comandado por Galvão Bueno em seu canal no Youtube. Considerado por muitos como o sucessor do próprio Galvão na emissora, o narrador da TV Globo falou sobre momentos marcantes da carreira e revelou a origem do “sabe de quem?”, bordão que caiu nas graças do público ao narrar um gol. Segundo ele, a frase surgiu por um acaso e a ideia de usá-la nas transmissão não foi sua.

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“O João Pedro Paes Leme (então diretor da Globo) é um dos responsáveis pelo ‘sabe de quem?’”, contou. “Eu comecei a fazer uns bordões no vôlei. Na Olimpíada do Rio, no jogo contra a França, nos pontos do Wallace eu brincava com o Tande... ‘Sabe de quem, Tande? Wallace de novo’. E o João Pedro falou ‘temos um outro bordão aí'. Logo depois da Olimpíada, toca no meu telefone o Eric Faria, repórter da Globo. O filho dele, o Bernardo, pediu para eu usar o ‘sabe de quem?’ quando saísse gol no futebol. No primeiro jogo, Fluminense e Bahia, não usei, aí no jogo seguinte teve um gol do Paolo Guerrero, do Flamengo, e comecei a usar.”

Originalmente, o bordão “sabe de quem?” era usado pelo narrador Edson Callegares, famoso na Baixada Santista. Em 2018, o tema veio à tona quando o locutor reivindicou a invenção do bordão. “Nunca fomos amigos de sair juntos ou mesmo manter contatos. Mas sempre houve respeito. Mas fico triste com essa situação. Seria o mesmo que eu, sendo narrador da Globo, utilizar um jargão do Osmar Santos que ainda estivesse em Marília dizendo ‘Ripa na Chulipa e pimba na gorduchinha’. E fizesse sucesso com isso. Seria honesto? Seria justo? Não me importo em usar o que e meu. Mas seja honesto em pelo menos dar o crédito de quem copiou”, escreveu o narrador de Santos à época em suas redes sociais.

Mais tarde, Callegares afirmou que Luís Roberto, com quem concorreu pela audiência em Santos há mais de 30 anos, entrou em contato com ele depois da repercussão e propôs até parar de usar o bordão, mas o radialista disse que estava feliz com o sucesso do bordão e liberou o global para usá-lo. Callegares morreu em 2021, vítima de covid-19, aos 62 anos.

Luís Roberto falou sobre a carreira no podcast de Galvão Bueno. Foto: Reprodução/Canal GB

Em seguida, Galvão Bueno relembrou o episódio em que Luís Roberto usou a frase “esses negros maravilhosos” para se referir aos jogadores da seleção francesa durante uma partida contra a Suíça pela Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Luís contou que se surpreendeu com a repercussão nas redes sociais à época, mas ele afirma que não ficou mexido com o assunto e disse que ouviu a expressão pela primeira vez com o pai.

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“Meu pai ia ao Pacaembu ver o Santos jogar e falava ‘esse negros maravilhosos de branco’... é lindo. E realmente, né? Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé...”, disse. Ele conta, ainda, que não se importou com as insinuações sobre a sua orientação sexual e que concordou em reeditar a brincadeira no Mundial de 2018. “Criamos uma expectativa para o jogo da França com o Peru, mas a partida foi ruim que dói. Aí eu não usei (durante o jogo), mas no final, falei e aí quebrou a internet”, disse.

Galvão Bueno parabenizou Luís Roberto por ter assumido a vaga deixada por ele como narrador oficial da seleção brasileira na Globo e sugeriu ao companheiro não se preocupar em criar bordões originais e “deixar o coração falar”. O icônico narrador de 73 anos contou, por exemplo, que o saudação “bem amigos da Rede Globo” surgiu por uma questão relacionada ao fuso horário em uma transmissão na Austrália. O amigo concordou e agradeceu a “bênção” na passagem de bastão narrando jogos do Brasil.

“Nós, que trabalhamos com esporte, temos uma paixão tão grande que o coração dimensiona o que está acontecendo”, disse Luís Roberto. “Vou deixar o coração falar porque tudo o que vem do fundo da alma e mais genuíno, autêntico e real.”

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